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Fiquei por mais alguns minutos dentro da sala da diretora, assinando alguns papéis para poder ir até o Brasil. Meu pai e eu não tínhamos uma convivência boa, mas perde-lo não estava em planos. No fundo, eu ainda tinha esperança de que ele podesse mudar, e que finalmente formar uma família.

Saber que ele partiu possivelmente magoado comigo, me deixou ainda mais para baixo, sem ter uma única oportunidade de tentar cessar as lágrimas. Antes de ir até o pátio, onde Harry me esperava, caminhei até o banheiro feminino. Fiquei alí por minutos incontáveis decidindo o que dê certo eu deveria fazer. Antes de sair, lavei o rosto na água fria, tentando ao máximo me deixar com uma aparência boa. Assim que termino, caminho a passos lentos até meu namorado.

-O que houve?- Harry questiona assim que me aproximo. Segurar as lágrimas seria uma tarefa difícil, mas eu iria me esforçar para conseguir. -Amor, você estava chorando?

-Hazza...- Suspiro tentando controlar a voz chorosa. -Me leve para casa, por favor.

-Lucy, o que aconteceu?

-Eu...- Paro por um momento, pensando em uma desculpa rápida. -Sr. Jones me afastou da universidade por alguns trabalhos atrasados.

-Você está assim por conta disso?- Havia uma certa desconfiança em sua voz.

-Eu estou muito focada nisso, eu vou passar um tempo indeterminado fora da... Da faculdade.

-Amor, você pode recuperar tudo depois.- Harry me puxa para seus braços, me proporcionando um abraço que me fez deixar algumas lágrimas caírem. -E eu vou está sempre aqui para te apoiar.

Droga Harry.

-Eu sei.- Me afasto. -Mas eu preciso ficar um tempinho sozinha, pode ser?

-Tudo bem.- Harry suspira bagunçando os próprios cabelos. -Eu vou lhe levar em casa.

[...]

Após Harry ter me deixado em casa, me tranquei no local, podendo derramar todas as lágrimas que queria sair desde que recebi a notícia. Finalmente sozinha, pude criar meu próprio "mundo"  onde apenas aquela dor me alimentava.

Fiquei sentada no chão do quarto, com as costas apoiadas na parede por um bom tempo, e só saí daquela posição quando vi pela janela do quarto que já estava escurecendo.

Sr. Jones havia me ajudado com tudo sobre o que seria necessário para viagem, e me mandado tudo por e-mail. Eu teria de viajar pela madrugada. Escolhi não contar a Harry, para não colocar mais um peso em suas costas. Meu namorado já estava com problemas para resolver, e tomar conta dos meus não seria de grande ajuda.

O único problema é que eu não sabia quando iria voltar e nem sabia se realmente voltaria algum dia. Por medo de nunca mais poder vê-lo, juntei forças de onde não tinha para caminhar até a cama. Peguei uma caneta e um caderno em cima do criado mudo e me deixei levar por a sensação. Escrevendo uma "Carta de despedida".

Talvez estivesse sendo egoísta da minha parte não avisar nada a ele, mas como já pensado, não quero lhe dar dores de cabeça. Assim que terminei, pude perceber as gotículas de lágrimas sobre o papel, deixando-o com algumas partes manchadas. Deixei-o sobre o colchão e me levantei para arrumar tudo que havia meu alí.

Quando deu 23h30 observei pela janela do quarto o táxi estacionar em frente ao prédio. Deixei um suspiro profundo sair e caminhei até a cama. Observei o papel sobre o colchão, controlando as lágrimas e saí de uma vez para não acabar desistindo.

Assim que cheguei até o térreo, caminhei até o balcão, vendo o porteiro me olhar com curiosidade.

Acerto o tempo de moradia alí, lhe entregando no final a chave do apartamento. Após um pedido para que deixasse Harry subir até lá se aparecesse, dei as costas e saí.

Comigo havia apenas uma bolsa, que foi junto comigo no táxi. Era pouco mais de uma da manhã, quando o carro foi estacionado em frente ao aeroporto. Após pagar o senhor que dirigia o veículo, peguei a bolsa e segui até o balcão de atendimento. Esperei alguns minutos para fazer o check-in, e assim que estava feito fui até a esteira dispensar minha bolsa.

Sento nas cadeiras de reserva para esperar até o momento do vôo.

[...]

Quando foi anunciado que o avião iria pousar, eu desejei qualquer coisa, menos estar vivendo aquele momento. Quando me mudei para Londres, imaginei que retornaria para o Brasil para férias, ou algo bom relacionado. Em minha mente nunca se passou que eu estaria aqui, para enterrar meu pai.

Peguei o celular em minhas mãos, vendo as diversas chamadas perdidas de Harry. Provavelmente ele já havia ido até meu antigo apartamento e visto a carta. Sei que foi injusto da minha parte não ter avisado a ele nem nada do tipo, mas meus planos ainda era voltar para Londres. Mesmo que eu não o tivesse mais ao meu lado...

-Senhorita, precisa descer!- Escuto uma voz afeminada ao meu lado. Assim que viro o rosto, vejo a aeromoça me observar com um sorriso gentil nos lábios e o avião completamente vazio.

-Oh, me desculpe!- Tento sorrir, mas minha tentativa falha. Me levanto de imediato, ajustando a alsa da bolsa em meu ombro.

Assim que me vi fora da aeronave, caminhei para calçada do aeroporto, esperando por um táxi. Assim que o mesmo chegou, dei o endereço de minha casa. Encostei a cabeça no vidro, vendo as ruas ensolaradas de Curitiba me lembrava momentos bons de minha infância. Sem ao menos me esforçar, deixei algumas lágrimas rolarem, sem fazer barulho algum.

O celular em minha mão tocou três vezes seguidas, em todas era Harry. Ignora-lo estava me deixando pior, e de qualquer forma ele provavelmente já sabia de tudo, mas ainda assim não quero que me escute mal, esperar alguns dias seria melhor no momento.

Assim que o taxista para, limpo minhas lágrimas, lhe entregando o dinheiro da viagem. Quando já estou do lado de fora, caminho pelo jardim de início, até chegar a porta de minha casa.

Do lado de dentro, tudo estava revirado, assim como imaginei. Optei por a ideia de começar a por tudo no lugar novamente, para ajudar a me distrair, mas a cada objeto que eu tocava, uma lembrança vinha em mente.

O toque da campainha me faz despertar e caminhar até a porta.

-Lucy!- Os braços da garota, arrodiaram meu corpo contra si em um abraço aconchegante. -Pensei que ainda não houvesse chegado.

-Cheguei a alguns minutos.- Me afasto de seu abraço, lhe dando passagem para entrar. -Entre, Anna!

Anna, é minha melhor amiga aqui do Brasil, quando decidi sair do país, foi meio difícil por deixá-la aqui, e por ironia, estávamos nos vendo naquele momento.

A garota mais nova que eu, apertou levemente os olhos, olhando ao redor, da mesma forma que eu, quando cheguei.

Anna, me trouxe Informações de onde estava o corpo de meu pai no momento, e dizer o dia e horário do funeral.

Fazia poucas horas longe de Harry, mas minha mente martelava a todo momento para vê-lo.

Minha amiga arrumou formas de me fazer esquecer o momento por um instante. Fui praticamente arrastada dalí por a mesma, que me levou até o shopping da cidade, e mesmo com a animação zero, tentei ser forte por ainda estar aqui. De fato, a vida acabou para meu pai, assim como foi para minha mãe, mas eu precisava ser forte e seguir. Ainda tenho muito o que viver pela frente, e dar orgulho para eles, é a principal meta.

                 ***

ALGUÉM me ajuda a matar a Gaby?

Ah, meu casal já se foi...

Comentem e votem, amores. Sinto muitaaaaa falta disso. E lêem minhas outras historias.

All The Love. Xx

A Menina De Holmes ChapelOnde histórias criam vida. Descubra agora