O sol iluminava a aldeia na
linda e perfumada manhã
primaveril quando Marise, corada
pelo esforço, subiu a encosta à
procura de inspiração para o
quadro que resolvera iniciar.
Com os bastos cabelos
protegidos pelo vasto chapéu
gracioso, ela harmonizava-se
perfeitamente com a suavidade
fresca da manhã.
Até ali, pensava, estivera
descansando, divertindo-se,
adaptando-se à nova vida, mas,
agora, sentia a necessidade de
ocupar-se com algo útil e
agradável. Ia em busca de um
motivo para fixar em sua tela.
Pensara nos ciganos.Frei Antônio lhe falara neles
assim que regressam. Ele sentia
pena da vida sem Deus que viviam.
Tentara dirigir-se a alguns deles
na rua, com intenção de convertê-
los, mas fora recebido com ironia e
chacota.
Diante da impossibilidade de
modificá-los, passou então a
desejar que eles partissem o
quanto antes, notando a influência
nociva que exerciam nos
habitantes da aldeia, vendendo-
lhes objetos sacrílegos para
mascotes, abusando em proveito
próprio das crendices e
superstições do povo.
Ainda há poucos dias, haviam-
lhe contado que um cigano havia
curado um doente libertando-o de
uma paralisia do braço direito, que
o incomodava havia vários anos.
Frei Antônio abanara a cabeça,
descrente, exortando na Igreja aos
seus paroquianos que não
procurassem os ciganos, pois que
eles certamente pactuavam com o
demônio. Como poderiam curar se
nem sequer respeitavam a Deus?
Frei Antônio estava indignado e
mesmo disposto a ir procurar o
Duque, solicitando-lhe a expulsão
dos ciganos, porque sabia que
muitos aldeões não haviam
seguido seus prudentes conselhos, correndo o boato mesmo de que
havia um cigano santo no
acampamento.
Frei Antônio estremecia de horror
diante de tal sacrilégio! Marise,
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O Morro das Ilusões
SpiritualLivro de 1969 A alma cigana e o mistério de sua amiga! Quem de nós não se fascina? No fundo do coração, aquele especial sentimento: Será que já não estivemos entre eles? Por isso, os personagens deste livro, são como velhos conhecidos nossos, acorda...