Pequenas pedras de gelo caem do céu a toda a velocidade, o guarda-chuva ameaça estragar-se a qualquer momento. O temporal está claramente a piorar à medida que o tempo passa. As minhas mãos estão gélidas, assim como o meu rosto. A corrente fria, faz os meus dentes baterem de frio. Suspiro em alívio quando avisto a mansão ao fundo da rua, alargo os passos para chegar lá o mais rápido possível. Quando dou por mim, o meu dedo já está na campainha.
Sinto um aperto no peito e uma estranha ansiedade começa a crescer no fundo do meu estômago. A noite de ontem passa pela minha mente. Os seus olhos verdes nos meus, um verde tão profundo. Senti-os inúmeras vezes a corroer-me durante a restante noite, era impossível desviar o meu olhar do dele, os seus olhos pareciam prender-me e eu, honestamente, não estava com medo de ser sua refém.
A maneira lenta como mastigava o seu hambúrguer, a forma como os seus olhos estreitam quando ri estavam a dar cabo de mim, ontem à noite. No entanto, o seu olhar era reprovador e intenso.
A porta abre-se e eu desperto da minha cadeia de pensamentos. Bianca aparece nas suas roupas cuidadas, como sempre. O seu sorriso rapidamente me contagia.
"Anda, o tempo está a piorar..." Ela afasta-se da porta para que eu possa entrar.
Sinto-me a descongelar quando entro, a casa está quente e o cheiro a bolachas de canela acabadas de fazer faz-se sentir. Quase me faz sentir em casa.
"Peço desculpa, Bianca. Está um temporal horrível e eu atrasei-me um pouco para chegar cá..." desculpo o meu atraso, sendo ela uma britânica certamente odeia atrasos.
Ela sorri-me carinhosamente. O seu sorriso relembra-me a minha mãe e as saudades que tenho de casa e faz-me sorrir automaticamente.
"Não há problema, senta-te, o Harry deve estar a descer."
Sento-me na grande mesa da sala, junto a Bianca. Encaro os papéis em cima da mesa e sinto um orgulho enorme no projeto à minha frente.
Bianca marcou esta reunião para que discutíssemos em conjunto (eu, ela e o seu filho) os detalhes da apresentação do primeiro projeto à Hanns. Tal como eu, Bianca não quer que nada falhe e portanto, aqui estamos nós, nesta mesa, para discutir os últimos detalhes. Não posso deixar de sentir um orgulho enorme ao olhar a maqueta, eu consegui tirar Harry de casa e fazê-lo trabalhar minimamente. O seu talento é incrível e só ele não vê isso.
Vejo-o descer a enorme escadaria, umas calças escuras coladas às suas pernas e uma t-shirt colada ao seu corpo. Engulo a seco e a minha respiração fica presa na garganta, contenho os meus pensamentos à medida que o vejo dirigir-se à cozinha.
Ele volta pouco tempo depois com uma caneca de chá na mão e senta-se no lugar à minha frente, como sempre. O seu olhar mal cai no meu, ao contrário de ontem à noite. Ele não profere uma única palavra enquanto beberica lentamente o seu chá.
*
Conseguia ouvir Bianca falar, mas ela parecia a única interessada no assunto. Concordo com tudo, assim como o seu filho. Nenhum de nós parece estar realmente a prestar atenção ao que ela diz.
Quando a reunião acaba Bianca exige que fique até a tempestade passar, vejo-me obrigada a ceder. Posto isto, a loira levanta-se e encaminha-se até à cozinha, onde diz ir preparar o lanche.
Sentado desleixadamente na sua cadeira, Harry brinca com a saqueta de chá na sua caneca. Cruzo os braços e continuo a olhá-lo até que este decida explicar o que se está a passar. Bianca já me tinha dito que o seu filho muda de ideias facilmente, mas nunca pensei que fosse de uma hora para a outra.
Harry bebe o ultimo golo da sua caneca e olha-me rapidamente, os seus olhos nos meus por meros segundos, pega na sua caneca e prepara-se para se levantar.
Suspiro e ganho coragem para falar.
"Harry?" quase sussurro.
Ele para os seus movimentos e olha-me profundamente, hesita por momentos, mas impede-se de continuar a sair dali, como se algo o impedisse.
"Está tudo bem?" pergunto a medo.
"Porque não haveria?" diz frio, o seu olhar distante.
"Por isto..." aponto para ele. "Pareces diferente."
Ele ri ironicamente.
"Pareço?" o seu olhar é frio, faz-me arrepiar. "O que isso importa, na verdade?" estala.
Demoro algum tempo a processar as suas palavras. Sem entender de onde vem esta mudança repentina, levanto-me e aproximo-me dele para poder apreciar mais detalhadamente as suas reações.
"Eu não sei o que se passa, mas posso tentar ajudar-te!"
"Tu não sabes nada, Indie." O seu tom é frustrado, a sua postura firme e tensa.
"Tu és um idiota, Harry." exalto-me. "Um perfeito idiota!"
"É suposto isso ofender-me sequer?"
"Eu estava a tentar ajudar-te, seu ingrato!" A minha voz sai tremida, atraiçoando-me.
"Bem, está claro que eu não preciso da tua ajuda então."
Sinto o meu sangue a borbulhar e o coração a bater nas orelhas. Cerro os meus punhos e controlo a minha raiva. Sem perceber como este rapaz me tira do sério tão facilmente, decido acabar com a discussão.
"Ok, tudo bem." Limito-me a dizer.
Ele parece surpreendido por eu ter desistido de forma tão fácil. Preparo-me para sair dali, deixando-o com a sua má disposição.
Ouço-o respirar fundo enquanto dou pequenos passos até ao sofá. O ambiente ficou pesado e o ar parece irrespirável. Sento-me na borda do sofá e olho-o de relance, os seus olhos em mim. Colo o meu cabelo atrás das orelhas e respiro fundo, acalmando-me. Prendo os meus olhos nos seus e ele aproxima-se lentamente de mim.
"Andas com o Dylan?"
A sua pergunta emerge do nada, fazendo-me guinchar de surpresa. Os seus olhos nunca abandonam os meus enquanto ele espera expectante uma resposta.
"Não!" Apresso-me a dizer.
"Não?" ele pergunta um pouco mais sério.
Os meus pensamentos levam-me à noite de ontem. Dylan fez questão de me levar a casa, o caminho foi animado e eu estava feliz por finalmente estar a conhecer alguém. No entanto, ele parece ter lido mal os meus sinais, não querendo magoá-lo não pude retribuir o beijo que ele esperava. Dylan ficou destroçado e eu mais destroçada fiquei quando vi o seu olhar triste, ainda tentei pedir desculpa, mas ele mudou rapidamente o tema. Harry interrompe os meus pensamentos:
"Não?" Ele repete um pouco mais frio, mesmo quando pensei que não fosse possível.
"E o que isso importa, Harry?"
Ele ri-se, um riso amarelo, irónico. O meu sangue fervilha e a minha vontade é bater-lhe. Este rapaz é um idiota.
"Não importa nada, na verdade."
"Ótimo." digo simplesmente.
"Estava apenas a poupar-te de ser mais uma nas mãos dele!"
"Eu sei tomar conta de mim..."
"Ótimo." É tudo o que diz antes de abandonar a divisão e a sua mãe chegar com o lanche.
Amores meus, eu adoro-vos, mas adorava ainda mais que votassem e comentassem! Não custa nada!!! O que acham desta conversa deles?
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Hipnose | harry styles
FanfictionEla é a pura alegria, ele o poço de tristeza. Conseguirá Indie Gerard mostrar a Harry Styles que o amor cura tudo?