Escuridão

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Na volta para casa, Kakashi e Shinju nem tiveram coragem de se encarar. O mascarado sabia que sua amada já estava com o coração voltado a outra pessoa. Ele entende, ele respeita.

Mas ainda dói.

Ele se sentia tão fraco - tanto de espírito, quanto de chakra -, que não conseguiu fazer o portal para voltarem, e, agora, eles caminhavam lado a lado.
Não era ruim passar um tempo assim com Shin. Mas era doloroso, porque ela não o amava mais. - Kakashi se odiou profundamente por ter fugido do clã Uchiha por tanto tempo, por ter se escondido de Shinju toda vez que ia lá. Mas, por que motivo, razão, ou circunstância ele se escondeu?

Nem ele mesmo sabe.

Talvez fosse o medo da rejeição?
Medo de nunca mais tê-la em seus braços?
Ou...
O medo de encarar a sua ex noiva e assumir que errou?
Ou então...
Receio de ela não lhe deixar viver com os filhos..

Talvez seja um pouco de tudo.

Mas no fim, tudo se resumiu ao medo. E a maioria das coisas já estavam acontecendo. - O Hatake acordou de seu transe quando ouviu um relincho de cavalo. Ele ergueu o olhar antes do solo, para frente, onde ele viu Shinju montada em sua invocação. O animal era tão brilhante que Kakashi ansiou que aquele brilho o cegasse, ou melhor, o puxasse para fora daquele abismo de pensamentos.

Ah, sim.. Ele estava muito mal de espírito. Se sentia perdido, confuso. Não tinha forças para fazer nada, nem mesmo para comer. Mas também tinha muitas obrigações. Então ele se forçava a fazer tudo.. Como sempre.

"Kakashi?" Ele ouviu a voz doce, que carregava um timbre familiar. Pensou que era sua mãe, mas na verdade era Shinju, usando sua habilidade para acalmar as pessoas. "Ei, Kakashi, venha aqui, suba." E o mesmo negou. A morena achou estranho, mas não contestou.

"Pode ir na frente, as crianças devem estar preocupadas." Foi o que ele falou. Parecia distante, quase...

Morto.

"Não vou te deixar para trás." Shin anunciou convicta, mas o platinado apenas riu brevemente. Amava aquele jeitinho dela, sem dúvidas.

"Para de ser teimosa, Hin-chan" Brincou, como costumava fazer antigamente. A morena não pôde negar que se arrepiou. Mas também não foi pela lembrança..

E sim pela voz vazia de Kakashi.

Sem mais teimosia, ela fez o que foi pedido. E na velocidade de sua luz, ela desapareceu em meio escuridão e silêncio da noite. - O Hatake não sabia exatamente onde estava, só se lembrava que haviam saído do clã Uzumaki a muito tempo, e, agora, essa floresta por onde ele passava, o levaria até Konoha. Todavia, ele se sentou no chão e encostou em um tronco. O céu era somente iluminado pela lua cheia, que estava muito bonita. Mas ainda sim, aquela floresta era perturbadora. E o platinado nem se importou, ficou ali, se deixando ser engolido pela escuridão do ambiente e pelas trevas que estava seu coração e mente.

(...)

Horas antes...

Sorria; era dia do casamento que tanto queria.

O casamento acontecia em um sítio. As cores da decoração eram verde e amarelo claro, rústico e delicado. Havia alguns girassóis próximos aos bancos que guiavam o altar. O tapete onde a noiva entraria era da cor dos cabelos da mesma, e, a roupa que Shikamaru estava usando era da cor dos olhos dela. Havia também sinos do vento, que cantarolavam uma leve melodia. Todos os seus amigos estavam ali, sorrindo.

Ele estava no altar, e sua amada vinha até sí, com o véu em seu rosto. Shikamaru tentava a todo custo segurar as lágrimas, quase não conseguia. Temari estava linda, vestia um vestido branco que marcava seus seios, e, as alças douradas eram finas, fazendo vários desenhos de flores pelo seu corpo. A partir da cintura para baixo, o vestido ia ficando mais rodado, até que se encostava no chão, em um belo desenho. Em suas mãos haviam girassóis e flores amarelas, as preferidas dela. Ao seu lado estava seu pai, sorrindo. O homem beijou o topo da cabeça da filha, apertou a mão de Shikamaru e a entregou a ele. O Nara sorriu, se ajoelhou e beijou a mão destra de sua amada, o sinal de respeito que havia por todo clã. Seus amigos gritaram eufóricos, ouviram-se assobios e o homem corou. Ele se levantou e se virou para Asuma, que era o 'homem que daria a benção' do casal.

Após terminar as entradas e dizer os votos, Asuma finalmente lhes disse:

"Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva" Sorriu. Shikamaru se voltou a Temari e respirou fundo. Ansioso. Segurou delicadamente o véu branco e o ergueu lentamente e olhou o rosto de sua espo-

"CHOUJI!"

Gritou assustado e se levantou abruptamente. O rosto de seu amigo estava...estava...?

"Cara.. Tudo bem?" O rapaz gordinho o encarou, mas o Nara se afastou rapidamente, como se ele tivesse um vírus. "Se tava sonh-" Uma risada escandalosa o interrompeu.

Era Yaguke Tura.

Temari mandou para ele um olhar feio, mas ele a olhou de uma forma estranha. Parecia.. raiva?

"Não ria do Shikamaru...aí!" A loira choramingou, seu namorado havia apertado seu braço discretamente, mas o Nara, ahh.. Ele percebeu e sentiu sua Bijuu tremer em ódio.

"Cala a boca, não te perguntei nada." Ele sussurrou. O moreno viu a Sabaku morder o lábio inferior, contendo as lágrimas.

Aquilo foi o cúmulo.

"SEU DESGRAÇADO" De súbito, o rapaz de cabelos negros estava na parede, sendo sufocado pelos longos dedos de Shikamaru. Os seus olhos Heterocromáticos carregavam medo. A presença esmagadora do Nara estava o perturbando. "Como você ousa machucar Temari?!"

Ele estava fodidamente fodido.

(...)

Um dia depois..

"Minato-sama!!?"

Os gêmeos encararam o homem surpreso, assim como também os outros presentes.

"Tsunade-sama.. Guy-sama..Jiraya-sama!?"

Estavam muito surpresos. Todas essas pessoas importantes estavam ali, na enfermaria, olhando para eles com um enorme sorriso. E então, Tsu se lembrou do treinamento.

"Vocês estão bem?" Tsunade avaliou-os. "Pelo visto sim, o único 'problema' é que vocês falam e fazem tudo junto. Até mesmo sentem juntos." Falou, e então um clarão veio no Namikaze.

"Naruto e Menma tinham o mesmo. O único jeito de isso parar é com a convivência das Bijuus. Daqui uma semana, provavelmente, já vai ter passado." Sorriu gentil, e os pré adolescentes sorriram aliviados. "Mas então, vamos treinar?"

"Mas já?"

"Claro~ que sim" Cantarolou a primeira palavra, sorrindo desafiador. "O que foi, não conseguem encarar?" aquilo foi a gota d'agua.

Ah, a juventude, tão fácil de provocar e tão cheia de energia.

"Nendusayo!"
"Nendusanne!"

Eles se encararam ao mesmo tempo, sorrindo e convictos. Eles com certeza conseguiriam encarar qualquer coisa!

Segunda LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora