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O tempo está extremamente úmido em Munique

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O tempo está extremamente úmido em Munique. — nada diferente do que quando a deixei para ir a Rússia. — O céu repleto por nuvens escuras e carregadas fazendo com que gotículas gélidas escorram contra os nossos rostos ao descermos do avião.

De um modo meu, senti um pouco de falta desse lugar; Dessa sensação climática e da opacidade que enlaçava nossos corpos a qualquer lugar que fôssemos na cidade. Entretanto, eu mentiria para mim mesmo se ficasse eufórico por estar de volta.
Me sinto neblinado.

O Bayern de Munique era um clube incrível, com uma grandeza absurda, e sua torcida era calorosamente receptiva quando se sentiam felizes, mas a quem eu queria enganar? Eu nunca consegui me adaptar.

E a sensação que eu sentia entre estar aqui, onde eu era só mais um nome conhecido no meio de tantas estrelas, e a de estar nos braços de minha seleção, que sempre me tivera como um herói, era completamente distinta.

— James — Daniela enlaça seus dedos nos meus e eu fecho os olhos desestabilizado.  — Está tudo bem? Você me parece tão pensativo.

Forço-me a dar um sorriso para ela.   — Eu estou bem. Não se preocupe!

Eu não estava bem. Dificilmente me sentiria bem depois de tudo o quê aconteceu naquela última partida da Colômbia pela Copa do Mundo.

Não fora apenas pela eliminação para a Inglaterra de forma inofensiva, mas por todo um momento de merda.



Passei metade do jogo no banco, sozinho, fitando o meu telefone repetidas vezes em busca de uma mensagem com uma resposta da garota de cabelos louros sentada do outro lado da tribuna familiar.

O primeiro tempo foi morno, de mediano para taticamente ruím. Tanto a Inglaterra quanto a Colômbia não mostraram muita ofensividade. Quintero tentava muito com Falcão e Cuadrado, mas parecia que algo estava cooperando para dar errado.

Aí acabou o primeiro tempo, e eu finalmente tomei atitude para ir até onde a família Garcia estava. Dona Carmenza —mãe deles— pareceu a única empolgada por me ver. Lorelei cúmplicemente não me deu muita confiança e Mary inventou uma desculpa esfarrapada de ir no banheiro. Eu obviamente fui atrás.

— Eu não quero falar com você, James  —Ela vocifera, certificando-se de que não há ninguém por ali.   — Você poderia ser como seus colegas de equipe, e respeitar a minha vontade?

— Você já ficou com alguém da seleção além de mim?

Ela revira os olhos.  — E se eu já tiver ficado? Eu não te devo satisfações.

De repente, estou enciumado.

— Quem foi? Você... Fodeu com ele?

Ela para por um segundo e fecha os olhos, atordoada. — Eu não quero falar sobre esse assunto com você, James. Pelo amor de Deus!

Eu acho que estou mesmo sem noção do que faço pois a empurro contra a parede e a beijo sem o seu consentimento. Ela cede, por alguns segundos, depois me empurra.

— Mas que porra! Você não pode fazer isso, James. Você... Nós não podemos acontecer. Isso nunca vai dar certo.

— Ela me pediu o divórcio, Mary.

— Por quanto tempo? Alguns dias?

— É a nossa chance.

— Eu não acredito!

— Por quê você não confia em mim?

— Porque eu já fiz isso uma vez —sua voz está por um fio — E tive de gravar ela contando a você que está grávida.

Ela grita e corre para dentro do banheiro, trancando a porta atrás de si. Eu engulo as suas palavras a seco.

Ela tinha razão por estar chateada, mas... Eu gostava dela, queria fazer aquele sentimento permanecer.

Encosto na porta — Mary, eu ainda posso ser um bom pai para eles, mesmo estando com você.  — conforto-a com a verdade — Eu sei que você está chateada comigo por tudo aquilo e te dou razão para isso, mas, eu realmente gosto de você. Não minto quando digo isso.

Ela fica em silêncio.

— Me dê apenas uma chance —eu suplico diante da porta amadeirada.

Mais silêncio.

— Mary...

Ela não responde.

Fico na frente daquela porta por quase quinze minutos esperando por uma resposta até perceber o que ela está fazendo. Ela está dizendo não para o quê nós passamos.

Você tem certeza disso? —eu sussurro, escorado na porta.

Ela não me responde.

Queria ser egoísta e ficar mais tempo insistindo, mas como um homem de ego ferido, deixo aquele corredor e volto para o gramado.

O jogo termina em 1x1, e a Inglaterra se classifica na disputa por pênaltis.

Choro sozinho no banco de reservas. Poderia dizer que pela eliminação, mas eu sei que não foi por isso.




Naquela mesma noite, Dani vai me visitar no hotel onde a equipe está hospedada para me dizer que está arrependida de tudo que disse. Eu suspiro e aceito as suas desculpas.

Talvez esse seja meu destino, no fim.

Alemanha, Daniela, e a nossa família.

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