Após os brindes, tiramos fotos, fizemos declarações, homenageamos uns aos outros e agora estavamos em grupos, conversando em tom de despedida.
- Poxa gente. Acabou. Minha ficha ainda não caiu- Thais teve sérias dificuldades para terminar a frase antes de se render e deixar as lágrimas caírem.
- Ah! Fala assim não cotton, ainda é festa- Disse Kimberly em consolo mas tentando convencer-se também.
- Para de chorar Thais, eu não consigo ver gente chorar, vou querer chorar também.- Jennyfer, como sempre, colocou as mãos no rosto para intensificar o que disse.
Saí discretamente da conversa com meus pais e a professora sobre meus possíveis futuros empregos para entrar na roda.
- E aí gente!!Do que estávamos falando?- disse sorrindo.
- Do lindo vestido amarelo da Josi! - Nilce disse em tom de sarcasmo.Todos riram.
- Olha aqui Nilce, você cala a boca!- Josi sempre falava isso e ríamos ainda mais.
Ítalo tirava fotos com o Zé e Jonathan conversava provavelmente sobre algo muito chato pela expressão séria do professor de história. Estavamos todos ali, aproveitando o nosso ultimo momento juntos. Eu aprendi a gostar de todos, juntos, formavamos uma família, bagunçada, louca, com problemas e personalidades diferentes mas, nossas diferenças nos completavam, éramos tudo, menos normais.
Enquanto estava revendo algumas loucuras em sala, meu pensamento foi levado por um som vindo do outro lado do salão, em segundo houveram gritos e pessoas correndo. Alguém gritava e gesticulava para que todos se abaixassem. Não me movi. Senti o puxão na barra do meu vestido que me levou para baixo, caindo de joelhos.
Estávamos embaixo da mesa, nossos corpos se pressionando. Thais, Jenny e Italo, que a abraçava estavam comigo, a toalha da mesa era grande o bastante para nos esconder, assim, levantei a borda para ver o que estava acontecendo.
Vi que Josi também teve a mesma idéia. Seus olhos assustados encontraram os meus.
- Vocês estão bem?- sussurrei
- Sim.- Ela respondeu com a mandíbula cerrada, era evidente sua tensão.
- Quem ta com você?- Arrisquei novamente, dessa vez mais baixo.
- Kimberly e Nilce.
- Mas e o Jonathan?- nos olhamos.
Fui para a outra borda da mesa e levantei uma parte tomando cuidado para que não me vissem.
Havia homens armados. Dez, talvez quinze, parei de contar quando vi Jonathan tentando se desvencilhar de uma chave de braço em que um doa homens o prendia. Seria inútil já que o homem era o dobro do seu tamanho. Como os demais, sua roupa era preta e seu rosto coberto. Enquanto alguns ficavam em posição em caso de imprevistos , outros reuniam as pessoas em um canto, amarrando-os nos pulsos e nos pés, alguns retiravam as toalhas das mesas para verificar se havia alguém embaixo delas. Nós estávamos na ponta sul do salão perto das portas de saída. Parte de mim queria sair correndo, mas a outra parte temia pela vida dos meus amigos. E se eles não corressem o bastante? E se nos vissem e atirassem em nós?
Estavamos encurralados e sem opções.
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Normais
Science FictionA vida é como uma estrada pavimentada sobre decisões difíceis. E, em toda estrada há curvas e um destino final, mas o percurso, pode ser mudado a qualquer hora.