Você descobrirá
Que o mundo mudou para sempre
As árvores agora estão mudando de verde para dourado
E o sol está esmorecendo agora
Queria poder te segurar bem perto...
Arwen's Song
Sehun não sabia se seria castigado por estar feliz, ele acreditava que sim, que seria penalizado por sentir coisas que não deveria sendo quem era, mas que não tinha forças para resistir.
Ele nunca poderia resistir a ela, negá-la ou a tudo o que sentia, ele só queria ficar lá, com ela, na presença pacífica de sua Anne até que o mundo mudasse e ele conseguisse dormir para sempre. Esse era seu desejo, pois sabia que quando o tempo dela chegasse, o seu também chegaria e seria o fim de seus longos anos amaldiçoados.
Ele não queria mais viver em um mundo onde ela não existisse, ele só queria poder ficar com ela pelo tempo que conseguisse.
Pousou na varanda sabendo que ela estaria ali a sua espera e realmente a viu entre a luz tênue da porta entre aberta. Foi até ela lhe estendendo uma rosa branca que ela acolheu sorridente. Desde o dia em que entrou pela primeira vez, nunca mais ficou do lado de fora, contudo nem por isso deixou de trazer as flores e a beleza da floresta para ela, pois ela e as flores eram intrinsecamente ligadas e parecidas em seu coração.
Anne era seu girassol mais sagrado e belo, colocado em um alto pedestal dentro do salão de sua mente e no mais profundo e quente lugar de sua alma antiga.
Sua única e mais preciosa flor.
— Sehun... – Ela estendeu a mão e ele foi para ela levando sua pequena mão até seu rosto e fechando os olhos feliz, ele respirava melhor quando estava com ela, se sentia vivo e imortal – Sehun, eu quero que faça algo por mim, você fará?
— Eu farei qualquer coisa Girassol, tudo o que me pedir. Eu sou seu.
— Me leve até a capela, agora.
Ele abriu os olhos e fitou os dela suaves. Ela queria rezar agora? Assentiu e a pegou no colo deixando suas asas se abrirem brancas e reluzentes na escuridão da noite sem lua. A envolveu em seu corpo para que o vento não a atingisse e alçou voo até o topo da montanha a colocando suave diante da capela antiga e fechada.
Ela o puxou para que sentasse em uma mureta que naqueles dias era apenas mais um pedaço de construção em ruínas, sabia que em breve fechariam aquela capela também. Ele ficaria triste, mas sabia que o tempo passava e coisas antigas eram esquecidas.
Anne se sentou em seu colo e ele viu que a pantera saía na floresta para junto deles.
Ficou um pouco confuso.
— Aconteceu alguma coisa girassol?
— Eu quero pertencer a você completamente Sehun, aqui, onde viveu por todos esses séculos, mas antes quero lhe dizer algo, um segredo em seu ouvido.
Ele se retesou em choque, sabia exatamente do que ela falava e seu corpo reagia aquilo em um deleite que não deveria, ele não deveria tocá-la com desejo mesmo que a desejasse a cada segundo em que estava com ela, e mesmo depois quando não era nada além de uma estátua gelada e imóvel.
Ele era uma gárgula, mas também era um descendente de um antigo anjo, não foi criado por Rubiel, era filho dele. Tomar uma mortal para si significava um laço que jamais seria desfeito. Ela sabia daquilo por que ele havia lhe contado em uma de suas longas conversas com ela.
— Girassol – Sussurrou solene – Sabe que se terminamos esse laço, não haverá volta e mesmo que eu a ame e jamais verei nada além de si a minha frente, você ainda pode...
— Não Sehun, não há ninguém e nem haverá ninguém para mim além de você e Namjoon. Eu quero isso, eu fiz minha escolha. Eu te amo Sehun, assim como o amo – E ela se curvou até seu ouvido e falou seu nome verdadeiro que sua mente ouviu ainda mais em choque - Helianthus annus.
A quebra da maldição era instantânea.
Sehun sentiu seu corpo arder e a mágica da gárgula sair de sua pele como uma entidade. Sua pele voltou a ganhar seu brilho angelical, suas asas perderam o peso de pedra, seu corpo voltou a temperatura fria de um anjo e a gárgula que o mantinha encarcerado, aquela entidade cinza se solidificou uma última vez as suas costas antes de se desvanecer no ar em poeira de pedra e depois nada.
A gravidade não mais o encarcerava, ele estava livre. E antes que dissesse algo, sua boca era tomada pela dela em seu primeiro beijo de vida. E depois suas roupas foram arrancadas por mãos frenéticas antes dele deitar na neve sob o olhar fixo da fera negra ao lado. Ela o cobriu com sua pele quente e então Namjoon tomava sua forma humana e cobria o corpo dela lhe dando calor na noite gelada.
Eles se entregaram um ao outro por quase toda a noite e quando o dia nasceu, ele assistiu um pouco em choque o sol tocar sua pele e não a alterar. Ele se voltou sorridente para ela enrodilhada pelo corpo imenso de Namjoon agora pantera. Sehun sabia que ele era um cobertor para o corpo delicado e nu de sua consorte.
— E agora Sehun, ficaremos aqui ou vamos procurar o último anjo? Agora seus pés podem deixar essas montanhas, agora você pode ajudar quem precisa de você.
— Antes preciso encontrar meu irmão Girassol, eu sei que ele despertou e ele é o único que tem sangue lycan, ele pode encontrar Dângelo como nenhum de nós pode. Mas só farei isso se realmente você quiser, nada é mais importante que você.
— Eu sou sua Sehun e irei aonde você for, Namjoon também, não é gatinho?
— Somos um trio crianças, faremos tudo junto agora.
E ele lhe piscou divertido. Sehun sorriu e se voltou para o nascer do sol e seu brilho agora amigável e acolhedor.
Ele tinha uma promessa a cumprir e o dia de ira se aproximava, se Anne iria com ele, então ele faria aquilo, ele cumpria a promessa ao seu pai agora adormecido para sempre.
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Sussurre meu nome
FantasíaEle queria ser seu anjo, mesmo que fosse só uma sombra em sua varanda e nada além de uma antiga gárgula cujo sol, aquela estrela inclemente, limitava em ações e tempo. Sehun, só desejava vê-la sorrir novamente.