– Estão prontos? – Teddy perguntou antes de dar a partida.
– Ele usa esse tipo de roupa mesmo? – Rafaela perguntou ao reparar o homem.
– Sim – Jean respondeu – De tempos em tempos ele dá um upgrade no visual.
O professor estava usando um tipo de roupa indiana, com uns tecidos coloridos enrolados pelo corpo e uma pedrinha brilhante colada no meio de sua testa.
Samuel e Amanda, que tinham sido escolhidos por Teddy, estavam concentrados e confirmaram apenas com a cabeça.
– Vocês têm cinco minutos para dar vida a esses bonecos de pano. – ele sorriu meio psicopata e gritou – AGORA.
Os dois se apressaram a pegar os ingredientes que o professor havia separado.
Samuel era mais ágil e preparava sua poção com rapidez e maestria, enquanto Amanda estava um pouco enrolada.
Ela não conseguia relembrar quais elementos usar e ainda nem tinha chegado à parte das palavras que iriam fazer tudo acontecer.
– Dois minutos já se passaram – Teddy disse empolgado – O tempo de vocês está acabando.
– Você sabe o que usar? – Paulo, que estava ao lado de Patrick, perguntou.
– Sei sim – ele respondeu – Na verdade é bem simples de se fazer, Teddy já me fez passar por isso com um tempo bem menor que esse.
Paulo sorriu e voltou a olhar a competição.
Nesses últimos dias, ele e Patrick haviam ficado bem próximos e estavam se tornando amigos de verdade.
Paulo não sabia explicar a conexão que sentia com o garoto. Era mais que óbvio que Patrick e Taiane eram as missões dos alunos da VDO, mas eles ainda não compreendiam o que tinham que fazer.
Amanda misturava os ingredientes, mas Samuel já se preparava para recitar as palavras. Ela olhou em volta e encontrou com Yuri a encarando. O garoto moveu os lábios dizendo algo.
Ela respirou fundo, voltou sua atenção para tarefa e continuou os processos mais rapidamente.
Após ver Amanda se recuperando, Samuel tentou acelerar, filtrou a poção e derramou sobre o boneco.
– Moveri potest et. Vitae – os dois disseram em uníssono.
Houve um momento de silêncio.
A atenção de todos do recinto estava em cima daqueles bonecos, que ainda não se moviam. A expectativa era alta e a falta do resultado estava deixando os garotos aflitos.
– Bem... – Teddy gargalhou – Ás vezes não dá... – o professor interrompeu sua fala, sorriu e resmungou – Nem deu tempo de criticar vocês.
Os bonecos tremeram e começaram a se levantar e andar sem direção pela bancada.
– Caralho – Samuel falou – Eu ganhei.
– Empatou – Teddy decretou.
– O quê? – ele disse revoltado. – Eu terminei primeiro.
– Nós terminamos juntos – Amanda virou nervosa para o amigo.
– Você estava toda perdida.
– E daí? Eu não terminei?
– TEDDY – eles disseram em uníssono.
– Amanda tem razão – o professor disse sem se importar com a discussão – E como já falei... Empate. Voltem para seus lugares.
Samuel bufou frustrado e se dirigiu para o lado de Jean.
Os bonecos ainda estavam rodeando pela bancada, Amanda tentava pegá-los para levar consigo, mas no momento em que ela conseguiu...
– Cancel Leporem – Teddy estalou os dedos e os bonecos endureceram novamente. Amanda suspirou e sentou-se – Então chuchus do Jardim do Éden, para o restante dessa aula, vamos discutir um assunto que venho adiando por um tempo.
Ele sorriu e olhou para duas pessoas em particular. Paulo e Rafaela.
– Vocês podem vir à frente? – o professor estendeu a mão para a dupla – Se negarem vai ficar feio para mim – ele sussurrou.
A dupla riu e aceitou o convite.
– A última vez que comecei a comentar sobre isso, uns alunos foram chamados na direção pela nossa digníssima supervisora – Patrick, Taiane e Yuri deram risadas e ignoraram a insinuação do professor – Mas o que importa é que agora temos exemplos para essa aula. Alguém imagina do que vamos falar?
– Os poderes bônus obviamente – Natália respondeu.
– Exato – ele confirmou – Mas venho fazer uma errata. Esse termo que usei é meio batido. Sei que é errado? Sim. Continuo fazendo ás vezes? Sim. Mas... – Teddy encarou o chão por um momento e assim ficou por longos segundos.
– EI – Yuri gritou tirando o professor do transe. – Tá doidão, é?
– Eu esqueci o que ia falar... – ele coçou a cabeça – AH SIM, o termo errado.
Os alunos começaram a rir, se divertindo com a loucura semanal da aula de Técnicas.
– O termo correto é "vertentes" – Teddy continuou – Como sabemos, nós somos descendentes das bruxas de Salém e herdamos seus feitiços, poções e os sete poderes. No entanto, o planeta é muito grande, várias culturas existem e, consequentemente, vários tipos de bruxas surgiram.
– E também podem nascer frutos de uma miscigenação, posso dizer assim. – o professor contou – Como nosso amigo Paulo, não é?
Paulo sorriu tímido e confirmou com a cabeça.
Quando o Interlocutor avisou sobre um "novo" poder, eles não compreendiam como isso seria possível e ignoraram o fato. No entanto, durante a busca pelo Colar na universidade, onde Paulo tinha sido sugado pela escuridão, ele só escapou com vida, devido a essa novidade. Desde então, a cabeça do garoto era um turbilhão de dúvidas, mas, com a chegada à capital, os professores do IEMG esclareceram o motivo do garoto ter demonstrado um poder das bruxas brancas.
– E não podemos esquecer as bruxas negras – ele continuou e em seguida fez um gesto dramático mostrando Paulo e Rafaela. – Por favor, demonstrem comigo. Usem seus poderes em mim.
– Tá falando sério? – Paulo perguntou.
– Sim. Não tenham... – ele caiu ao chão gritando de dor. Bem na sua frente, Rafaela estava com um lápis pressionando sua própria barriga – Isso é... Isso é – Teddy arfava tentando se recompor.
– Quer que eu pare? – Rafaela perguntou com um sorriso no rosto, ela claramente estava adorando toda aquela situação.
– Continue, isso é formidável.
O restante dos alunos estavam maravilhados com toda aquela cena.
– Teddy pede para ela parar e continua a falar – Jean disse impaciente – Já entendemos o que queria dizer.
Ele pediu para os visitantes retornarem aos seus lugares e se ajeitou para voltar à lição.
– Não se sabe quantos tipos de bruxas há no mundo. O vudu, é uma delas. Porém, aqui em Minas, teoricamente, existe mais uma vertente e vocês sabem qual escola é.
Os garotos se entreolharam, claramente repassando toda a relação das escolas de bruxas do estado.
– TRNS – Amanda disse e todos a olharam surpresos.
– Exato.
– Por que "teoricamente"? – Yuri perguntou.
– Porque nunca vimos nada relacionado a essa vertente sem ser boatos. – Teddy respondeu – E não sabemos onde fica a escola. Do Villa ao Estadual, do CEREST ao Sama, todos tratam essa escola como um mito.
– Então vocês dão as aulas baseados em boatos e mitos? – Samuel questionou.
– Como sabem que essa escola realmente existe? – Patrick perguntou.
– As duas perguntas tem a mesma resposta – o professor começou a responder – Formamos o plano dessas aulas baseado na relação obrigatória que o Conselho fornece. TRNS é tida como uma escola particular, como o Salez e o Tiradentes, mas nunca se viu ou ouviu falar sobre.
– Quais os motivos disso? – Taiane batia suas pernas inquieta.
– Talvez segurança, medo ou coisa parecida – o tom brincalhão de Teddy se transformou em algo sério, aquele assunto realmente mexia com ele.
– Isso não faz sentido algum – Patrick começou o debate – A VDO se escondeu por segurança e medo, por isso nem na relação do governo eles entraram.
– Eles podem querer só não entrar em contato com as outras escolas – um aluno no fundo da sala propôs.
– Ou podem ser uma instituição falsa, usada como fachada para lavar dinheiro – Teddy disse e encarou a turma – Que autoridades vão ter o peito de investigar uma possível escola de bruxas? – os alunos se calaram para absorver as palavras – Tô zoando – ele gargalhou voltando ao seu estado normal – Mas, todo o mistério em volta do que seria verdade ou não, fica apagado quando se procura saber o que seria essa vertente.
– E qual seria? – Jean perguntou.
– Pelo que dizem, TRNS é abreviação de "transporte" ou "transferência".
– E isso dá a eles o poder de? – Rafaela ficou interessada pelo assunto.
– Basicamente, transferir os sentimentos para outras pessoas – Teddy disse com um brilho nos olhos – E supondo que se tivessem o Colar em mãos, talvez até transferir sua consciência para outro corpo.
– Tá me zoando? – Samuel riu de nervoso – Isso não é muito X-men?
– Sim, mas de onde você acha que eles tiraram inspiração? – os alunos começaram a murmurar absorvendo as informações – Provavelmente de outro lugar – o professor quebrou as expectativas soltando uma risada – Não tem como afirmar nada, mas se sabemos da existência de bonecos de vudu humanos, transferência de corpo é algo impossível? – Após fazer a pergunta o sinal tocou e aquela tinha sido a última aula do dia – Sempre termina nos melhores momentos. Saiam de minha sala e até amanhã.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Sects Battle (EM REVISÃO)
FantasyHá mais de 300 anos, a última seita das bruxas de Salém foi derrotada. As bruxas passaram por um processo de extinção. Em 2010 Cordelia Foxx assumiu a Supremacia e começou uma renovação na sociedade e as bruxas foram aceitas. No Brasil, grandes e...