VIII - Você Pagará

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Mirella não conseguiu correr, estava paralisada no chão daquela rua. Ela escutava os homens que estavam atrás de ti tentando a todo custo abrir o portão que Alexandre havia fechado.

Os minutos que se sucederam destruíram o resto de sanidade que Mirella possuía. Ouviu gritos de homens dentro do terreno, em seguida gritos de Alexandre. Ela notou algum tipo de movimentação diferente e em seguida uma voz estridente explodiu em sua mente.

"Deus... Deuses, qualquer coisa que me escutar. Me salve"

Era Alexandre sem sombras de dúvidas e isso lhe tirou do transe. Ela levantou e se colocou na direção do portão, sua mente estava um turbilhão de pensamentos e emoções, mas um deles prevalecia. Como ela estava escutando os pensamentos de Alexandre e como ela conseguiu projetar os próprios. Telepatia não era um dos Sete Poderes da supremacia.

Mirella então escutou mais gritos do bruxo e acelerou o passo até o grande portão, olhou por entre a fresta e segurou um grito de pavor.

As lágrimas brotaram ao ver Alexandre ser encharcado com mais gasolina e Mestre Marcelo colocando fogo no bruxo, por fim. Ficou paralisada vendo o amigo queimar, os gritos de Alexandre cortavam seu coração. Ela nunca imaginaria que iria presenciar uma cena daquelas principalmente depois de tantos anos. Mirella conseguia ver a satisfação nos olhos de Mestre Marcelo e o sadismo que Lucas transmitia.

Ela tinha que sair daquele local, Alexandre agora estava morto por tentar resgatá-la e aquilo não poderia ser em vão. Mirella andava o mais rápido que conseguia, estava extrapolando até mesmo os limites de dor que suportava, porém ela precisava ficar segura para avisar os amigos, todos estavam correndo perigo, naquele momento, ela em especial. Mirella sabia os rostos e nomes de todos daquela congregação e acreditava que os Mestres não iriam descansar até que ela estivesse naquele tronco queimando também, não depois de passarem dias a torturando.

A bruxa se escondeu atrás de uma pilha de lixo após escutar o som do grande portão sendo aberto e palavras de ordem que não conseguia identificar pela distância, mas que presumia que era o início de sua caçada.

Mirella esperou o barulho de motos e carros desaparecerem e voltou a caminhar. Todo o seu corpo estava machucado, doía, sangrava e continuando seu caminho choramingava sentindo a culpa apertar sua garganta.

Após algumas centenas de metros, Mirella encontrou-se em um muro e curvou para respirar por um momento, quando uma mão cobre a sua boca e a arrasta para um terreno baldio em que a vegetação era alta e densa, a bruxa não tinha forças paras lutar, então se deixou levar.

Sentiu seu corpo cair em direção ao chão de terra e a pessoa que a segurava sussurrava um "shh" em sua orelha, segundos depois uma moto parou no acostamento e dois homens jogaram feixes de luz na vegetação em que estavam. Na medida que eles estava tensa com a possibilidade de ser pega, a menina encarou o céu azul, com nuvens brancas espaçadas, normalmente ela acharia aquilo lindo, entretanto, a fumaça densa e negra que vinha da congregação rasgava o céu como uma cicatriz. Em seguida aos homens saírem a mão se afrouxou e Mirella olhou para pessoa.

– Eu disse que ia te tirar de lá – era Daniel, um dos capangas de Mestre Marcelo.

– Não foi você – ela disse fraca.

– Mas serei eu que te salvarei.

Mirella iria retrucar, mas sua visão escureceu e ela apagou.




– Bom dia, mores – Samuel disse sentando-se na rodinha que seus amigos estavam.

Ninguém levantou os olhos em sua direção, todos estavam preocupados com seus celulares.

The Sects Battle (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora