I - Bem-vindo

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– Acorda Alexandre, você vai se atrasar.

– Já? – o garoto resmungou ainda grogue de sono.
Sônia Brunner entrou no quarto acendendo todas as luzes e abrindo as cortinas.

Ela era uma mulher simples de meia idade que começava a ter marcas de expressões em seu rosto com traços simples, que outrora, recebia diversos elogios em sua juventude, junto com seus lábios grossos e seus olhos esverdeados. Sônia estava enrolada em um roupão bege por cima de sua camisola.

– É seu primeiro dia de aula – ela disse irritada, enquanto fazia um coque em seus cabelos pretos – E você NÃO pode se atrasar.

O garoto sentou-se na cama com um pouco de dificuldade e abriu os olhos devagar.

– Eu não queria mudar de escola – reclamou.

– E o que vai fazer a respeito? Vai chorar? – ela rebateu.

– Nunca vi uma escola que não tem uniformes – ele se levantou e foi direto para o banheiro – Não que eu não goste da ideia, mas é meio estranho. Por que me colocou nessa escola?

– Eu não escolhi, você não escolheu e nem sequer podemos escolher – Sônia respondeu – E você sabe muito bem o porquê. Agora trate de se apressar.

***

Após longos minutos se arrumando, Alexandre desceu em direção à cozinha. Os olhos verdes do garoto estavam dilatados e vermelhos dando a impressão de que ele estava chapado. Ele passou as mãos em seus cabelos castanhos que chagavam a altura dos ombros para dar uma arrumada.
Ele usava uma jaqueta de couro azul escuro que tinha o número 23 estampado grande nas costas e um pouco menor no altura do peito, camisa simples branca, calça jeans e uma bota estilo militar preta em seus pés.

Pegou sua mochila que estava apoiada em uma das cadeiras, deu um beijo em sua mãe e já ia saindo.

– Volte aqui – ela disse preocupada – Espero que você tenha cuidado.

– Cuidado é meu segundo nome.

– Não arranje brigas com ninguém.

– Não irei.

– E não conte para nenhum dos seus amigos antigos o nome ou qualquer outra informação sobre a nova escola.

– Por quê? – perguntou sem entender.

– Eles irão te explicar tudo – ela disse bastante nervosa – À noite você me conta como foi, ok?
Alexandre concordou com a cabeça e se dirigiu à porta.

– Tenha cuidado – ela repetiu.

Alexandre olhou o endereço em um pedaço de papel e começou a caminhar em direção ao seu destino. Pelo caminho ele viu outros adolescentes indo para o primeiro dia de aula, no entanto, o dele ia ser um pouco diferente. Alexandre fazia parte de uma pequena parcela da população que são especiais. A escola em que estava se encaminhando eram para pessoas como ele. Uma escola para aprender a usar e controlar dons.

Alexandre era um bruxo, o primeiro de sua família e o único das últimas gerações. Ele se sentia bem especial, pois não deveriam existir bruxos do sexo masculino. Até metade do século XX, por volta dos anos de 1940, os genes só se desenvolviam no sexo feminino, mas algo aconteceu e meninos começaram a aparecer com esses dons, fato que nunca havia tido notícias sobre, pelo menos, era a história que sempre lhe contavam.

Após o genocídio da comunidade bruxa ocorrido em Salém, onde hoje é Massachusetts nos Estados Unidos, a quantidade dessas mulheres especiais se reduziu e, as que escaparam, escolheram o anonimato e buscaram refúgio ao redor do globo. E o Brasil foi um desses lugares. Com o passar dos anos, houve um crescimento expressivo dessas pessoas no país, tanto meninas quanto em meninos e, esse segredo não ficou muito tempo escondido das autoridades.

The Sects Battle (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora