o tempo se passou desde aquilo, ou não, não sei ao certo, sinto uma mistura de medo com ansiedade, com medo que aquilo volte e ansioso pra quando voltar.
não consigo dormir direito, sei que parece extremamente clichê, mas meu corpo consegue dormir, eu não.
passo a noite toda tentando processar logicamente aquela sequência de fatos, primeiro a melodia, depois o apagão seguido com aquela "voz" e , por dizer voz não sei ao certo se aquilo ao menos foi reproduzido por algo.
curioso, acabo procurando respostas sobre algo semelhante, qualquer relato basta, mas nada é compatível com aquilo, não encontro nada em nenhum lugar, mas algo no fundo de mim sabe o que aconteceu.melhor esquecer sobre isso por enquanto, já é hora de estudar.
a manhã passa devagar, mas meus pensamentos voam, não consigo me concentrar em nada sem ser em meu medo.
sinto agonia do relógio, cada badalar é uma eternidade , até que depois de muito tempo consigo ser liberado, não me encontro com minha amada na saída e vou para casa sem deixar vestígios de passagem.
assim que chego no portão de casa, percebo que há um elemento novo, ao outro lado da calçada um veículo grande, aparentemente empresarial, só que meio detonado.
ignoro isso e subo as escadas, abro a porta, deito-me na cama e fico olhando para cima, refletindo sobre infinitas coisas.
preciso me distrair, mas onde está meu telefone? a propósito, cadê o carregador que tava aqui ontem à noite?
depois de procurar por uns 10, 15 minutos acabo achando, mas... no quartinho?
porque meu pai guardaria aqui? tá, tanto faz.
bom, ligo o celular e 15 ligações perdidas? estranho alguém me ligar nessas horas, a última data de 4 horas da manhã e é um número oculto, também tem 4 mensagens de voz no correio de voz, seja lá quem for estava desesperado por algo.
melhor eu fechar os olhos um pouco e respirar, isso sempre ajuda.na hora que fecho os olhos, me sinto flutuando, minha cabeça pesa, meus pés não tocam o chão, meus braços sumiram, tudo sumiu, a dor sumiu, mas minha amada continua comigo.
sinto-me pendurado por um fio, mas não um fio, é mais para uma corrente, o teto é o chão, isso me prende dentro de mim e não me deixa ir.
sempre achei o mundo pequeno demais, mesmo com tantas pessoas, culturas, espécies de seres, uma enorme diversidade sequenciais e previsíveis.
o que me tirou desse ar monótono foi sua meta existência, ainda me pergunto, porque chegou tão tarde? o que te impediu no meio de sua trajetória?
isso me trouxe a tona um tipo de lembrança, aqui é apertado e sufocante, preciso gritar mas não consigo, o som ecoa dentro desse espaço oco e volta para os meus pulmões, mesmo me debatendo com toda força eu não consigo sentir as paredes tremerem, até que finalmente uma luz, uma mão me tira daqui e consigo respirar novamente.abro os olhos e já é noite, o tempo voltou a ser manipulável e meu corpo está pesado, acho que já é hora de deitar.
vou me cobrindo, mas não com o cobertor, e sim com minha insegurança de partir novamente.
a propósito, não vi minha amada hoje, nem ontem, será que está tudo bem? eu... queria ouvir sua voz novamente visite meus sonhos.sonhos? desejos de uma realidade ideal em que você é feliz? o que custa sua felicidade, E..
Acho melhor tua partida.
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Exenfove
Romancetalvez o leitor consiga ler meu diário. mas é isso mesmo que deseja?