senti vossa presença antes mesmo de sentir a minha, a quanto tempo estamos juntos, querido companheiro?
Ele, é como todos se referem à vossa senhoria, me refiro a você como vazio, aquele que me penitenciou à eternidade no escuro.essa palavra, sempre odiei ela, a coisa o qual eu mais sinto medo em minha existência é o escuro.
as coisas carnais não fazem volume, nem diferença perante ao escuro. tudo é perdido, e só sobram as vozes, e como eu as odeio.
sempre dizendo o que devo ou não fazer, me impedindo de ir para a realidade, mas não quero entrar no mérito por enquanto.voltando à realidade, faz dias que nada acontece de relevante, a realidade está ficando monótona novamente.
já é noite, preciso descansar senão ficarei mal amanhã.
tudo isso está me cansando, as minhas pálpebras vão descendo e, no último suspiro , eu escuto aquilo.
aquele som, o mesmo que escutei à vários anos atrás e um pouco mais recentemente, aquele lindo choro, da onde tu vem?
em um piscar de olhos, escuto esse som se intensificando e se multiplicando, até que aparece uma luz seguida de um apagão e eu acordo novamente, já é manhã.
indo para a escola, me deparo com uma movimentação estranha, boatos.
-ei, você ficou sabendo? O professor .... morreu!
-sério? aquele professor?
essa conversa ficou presa na minha mente, ja testemunhei a morte de várias pessoas em minha existência, mas essa por algum motivo está me incomodando, porque sinto culpa por isso?o dia passa e estou com dor de cabeça, já em casa, deito-me e olho pro teto.
as cores novamente estão se tornando cinzas, cinzas de uma brasa interminável, isso me causa uma certa nostalgia. fechando os olhos lembro-me que , sentado no colo do meu vô, costumava ouvir as mais diversas mitologias e folclores.
sinto falta dessa vida, mas isso já passou e como diria minha amada, passado é passado.abro os olhos e a sensação pesada em mim tinha passado, mas junto com ela o tempo.
passaram-se 3 semanas e eu acabei perdendo alguns detalhes, mas não acho que algum tenha sido muito relevante.
bom, pelo jeito é tarde, vou conversar com minha amada.
é estranho a sensação de falta de empatia, mas isso é compensado quando falo com ela, é como se eu funcionasse a partir dela, somente por ela. porém como ela mesma diz, "não dependes de mim para viver", e isso não deixa de ser verdade, minha existência já estava em funcionamento antes dela, mas mesmo assim sinto que comecei a viver depois dela ter aparecido. deveria agradecer, mas com palavras é inevitável soar de forma vazia, então eu agradeço lhe amando.um tempo se passou e já é hora de dormir, o tempo acabou sendo relativo novamente.
uma coisa que acaba sendo uma incógnita para mim ainda são aquelas chamadas perdidas, uma familiaridade estranha junto de uma sensação de ansiedade tomaram conta de mim naquele momento, mas pensando bem, se fosse realmente importante eles teriam ligado novamente. não tentei procurar a fonte daqueles números por falta de interesse, poucas coisas ocupam meu interesse sem ser minha amada.deito-me novamente e fecho os olhos, e cá estou eu, preso em minhas memórias.
memórias grosseiras de um passado esquecido, alguns gritos ali e aqui, isso data de cerca de 400 anos, mas é como se fosse ontem, aquela sensação daquele dia do sangue escorrendo pela minha cabeça fica presa no mais profundo espaço do meu ser.
depois do sangue, um elemento que não fazia parte do ambiente local: meu telefone atual.
nele, mensagens dizendo algo, mas não consigo ler, é como se eu estivesse impossibilitado de ler aquilo ou como se fosse em uma língua diferente das que eu aprendi.
junto das mensagens, recebo uma ligação, e nesse momento estou no vazio novamente.
atendendo, ouço a voz de minha amada dizendo "Isso foi um erro, Exenfove." após essas palavras, sinto meu corpo astral tremer e acordo.
o que diabos é exenfove?
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Exenfove
Romancetalvez o leitor consiga ler meu diário. mas é isso mesmo que deseja?