Era a manhã de uma quarta-feira e Nicolas estava deitado em sua cama, febril. Um desconforto enorme pairava por todo o seu corpo, fazendo com que o loiro se limitasse a ficar em casa. Ele apenas não sabia discernir o que doía mais: se era a dor em seu ventre e quadril, ou no íntimo de sua alma. Ele, com certeza, não iria conseguir olhar para Daniel depois daquilo.
A porta do quarto se abriu, expondo uma figura materna, que, de supetão, assumiu uma feição de nítida preocupação ao ver o estado do loiro.
— Mãe... — Gemeu o rapaz, tentando se sentar.
— Ei! O que houve com você? — Perguntou ela, levando uma das mãos até a testa de Nicolas.
— Me ajude a levantar. Eu tenho que ir para a escola. — Falou ele, com um olhar cansado.
— Eu tô bem doida de deixar você ir desse jeito pra escola, né? — Disse ela, acariciando os fios loiros de Nicolas. — Por hora, é melhor você descansar, e como eu sei que você odeia hospitais, vou ligar para a sua médica pedindo algumas instruções. — Saiu do cômodo.
O mesmo apenas resmungou algumas coisas inaudíveis, se encolhendo dentro do edredom. Ele odiava ficar doente. Dentro de meia hora, mais ou menos, sua mãe voltou com uma bandeja nas mãos, deixando-a em cima do criado mudo. Pegou um pequeno pano úmido e repousou na testa levemente suada de Nicolas. Ele estava pálido. Em seguida, segurou uma tigela de sopa que havia acabado de fazer. O cheiro estava ótimo, porém, o menor só conseguiu tomar umas cinco colheres daquilo e voltou a dormir.
— Fiquei bem, meu amor. — Falou literalmente sozinho, pois seu filho já havia se entregado à inconsciência.
Nicolas dormiu a manhã toda e parte da tarde, acordando por volta de umas 15:00. Levantou dificultosamente, sentido seus ossos e músculos protestarem. O que acabou arrancando o baixo gemido manhoso de dor. Olhou através das finas cortinas azuis e percebeu que o sol ainda impunha sua presença lá fora. Saiu de seu quarto e desceu as escadas, indo na direção da cozinha. Estava morrendo de sede. A tontura em sua cabeça era tamanha, que nem percebeu sua mãe sentada no sofá da sala.
— Por que não me chamou, querido? Eu poderia ter levado água pra você lá em cima. — Ignorou o que passava na televisão ao ver o filho na cozinha.
— Tudo bem, mãe. Acho que a febre já baixou, só essa tontura que ainda insiste em mim. — Levou a mão esquerda à cabeça e com a direita segurava a garrafa d'água, bebericando, em longos goles, o conteúdo.
Subiu para o seu quarto usando as paredes como auxílio, parando em certos pontos. Já dentro do cômodo, procurou seu celular pelo quarto, achando-o em cima da mesa do PC. Era um iMac que havia ganhado de presente de aniversário à dois anos atrás, quando completou 15 anos de idade. Sorriu ao vizualizar uma mensagem de Thiago, que dizia:
“Não o vi na escola hoje, Nick.”
O loiro apenas explicou seu estado ao moreno e se perguntou como o mesmo havia conseguido seu número de telefone, logo, caindo em si e lembrando que a algum tempo atrás havia feito um trabalho em trio com ele e mais uma garota da qual não lembrava o nome. E mais uma mensagem chegou:
“Posso passar aí depois da aula?”
Nicolas mordeu o lábio inferior, sentido certo nervosismo. Não sabia o que responder. Não queria que o seu lindo vizinho e causador de suas mais sórdidas fantasias, o visse daquela maneira. Porém, estava doido para vê-lo. Acabou que, dentro de alguns minutos, decidiu permite a vinda do maior até a sua residência. Mandou um simples: okay. Jogou o celular na direção dos travesseiros, sorrindo para o teto. Até havia esquecido da tontura, da causa da tontura, do causador da tontura. Seus pensamentos tinham um único foco: Thiago vinha lhe visitar.Tomou coragem e começou a se despir lentamente, ainda em cima da cama e, em um pulo preguiçoso, foi em direção ao banheiro. Nicolas adorava tomar banhos demorados, mas hoje ele fez seu tempo recorde, pois o corpo, que ainda mostrava resquícios de febre, protestava duramente a cada gotícula gélida que entrava em contato com a superfície pálida de sua pele sensível.
Ao voltar para seu quarto, foi até o guarda roupa e pegou um blusão de lã rosa e uma calça moletom. Dispensou uma cueca, estava em sua casa, afinal. Agora só lhe restava esperar seu lindo vizinho, dono de um penetrante par de esmeraldas.
O loiro já estava visivelmente impaciente, o relógio parece que insistia em lhe provocar. Ora deitado em sua cama, assistindo um vídeo aleatória no YouTube, ora debruçado no parapeito da janela a observa a movimentação alheia. Queria gritar.
E, finalmente, ouviu o ranger do motor da moto de Thiago. Foi até a janela e meu Deus! Ele estava simplesmente gostoso. Ruborizou ao pensar isso do moreno, sentindo o nervosismo aumentar gradativamente. Nicolas foi até a porta do seu próprio quarto, pondo o ouvido direito na mesma na intenção de ouvir o que sua mãe iria falar com ele. Eles simplesmente se cumprimentaram e a mãe do loiro indicou o quarto onde o enfermo jazia. O mesmo ouviu o barulho das tábuas da escada, indo rapidamente para a frente do espelho. Não estava tão mal. Mordeu o lábio inferior e, em seguida, jogou-se em cima da cama.
Seu coração estava inquieto.
E a porta se abriu, exibindo aquela figura mitológica. Seus olhares se colidiram e ambos sorriram. Nicolas o observou sentar ao seu lado.
— E aí? — Ele pôs a mochila no colo. — Como se senti?
— Bem! — Saiu em um tom entusiasmado, fazendo o loiro se conter e o moreno arquear, levemente, uma sombrancelha. — Pela manhã eu estava pior. Foi apenas um mal estar. Eu poderia até ter ido para escola, mas a mamãe não deixou. — Fez um biquinho fofo.
— Entendo. — Thiago o ficou encarando por alguns instantes, caindo em si, em seguida. — Ah, eu trouxe as anotações de hoje, quer dizer, pelo menos das matérias que nós compartilhamos. — Ele sorriu gentil. — Me empresta seu celular pra eu tirar foto.
— Ah, claro! — O tom entusiasmado saiu novamente — Só deixa eu achar... — Tateou a cama. — Aqui.
O moreno pegou o smartphone e tirou algumas fotos, na verdade, parecia um book. O loiro teria trabalho a fazer depois. Thiago devolveu o celular, guardando seus cadernos na mochila, voltando, dentro de alguns instantes, a observar o “anjo” à sua frente.
— Então... sua mãe disse que, pela manhã, você estava febril. — Levou a mão direita até a testa alheia, tocando com a costa da mesma. — Ainda está quentinho...
Naquele momento, Nicolas sentiu como se uma corrente elétrica passasse por todo seu corpo, suas mãos suaram e seu coração acelerou. Suas bochechas não perdiam a oportunidade de lhe entregar. Ficou ainda mais nervoso, se é que era possível, quando sentiu a mão repousar sobre sua bochecha, desviando o olhar para algum canto qualquer. Thiago adorava provocar aquelas sensações nas pessoas que estava afim. Sim, ele estava afim. E as do loiro eram tão verdadeiras.
— Bem, eu já estou indo. Preciso fazer algumas coisas ainda.
— Eu também. — Balançou o celular no ar, arrancando risos do moreno.
— Até amanhã? — Parou na frente da porta, já com a mão na maçaneta.
— Até amanhã. — Sorriu, mordendo o lábio inferior.
Thiago apenas assentiu e saiu do cômodo. Quanto a Nicolas, ele simplesmente abafou um grito no travesseiro.
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Novamente peço desculpas pelo capítulo pequeno e, dessa vez, pela demora. <3