Mais uma terça-feira estava começando, assim como o ritual matinal para Nicolas acordar. Desceu as escadas preguiçosamente e, antes que abrisse a geladeira para fazer seu café da manhã, avistou um pequeno bilhete preso na porta da mesma. Serrou os olhos para ler o tal bilhete, sentindo dificuldade no ato. Havia esquecido seu óculos no quarto.
Bilhete:
“Bom dia, filho! Se estiver lendo esse bilhete é porque eu fui ao ginecologista fazer alguns exames. Seu café da manhã está no micro-ondas e não esqueça de acordar a pedra que é o seu pai. Tem Todynho na geladeira. Beijos!”
Eu não pude deixar de rir daquele recado. Minha podia ser muito engraçada quando queria. Foi até o micro-ondas, abrindo-o e analisando o conteúdo do mesmo e, em seguida, retirou o pires preto com dois mistos, deixando-os em cima da bancada de mármore com detalhes em madeira. Ainda estavam quentinhos. Abriu a geladeira, sorrindo infantil ao ver o Todynho. Ao terminar a refeição, deixou a louça na pia, subindo as escadas e indo até o quarto dos seus pais.
— Pai, acordar... – Disse o loiro, cutucando, com o dedo indicador, as costelas do pai. — Ei! Levanta.
— Para! Eu já estou acordado! – Disse o Senhor Vicente. — Se tu me cutucar de novo, vai levar umas palmadas! – Levou as mãos ao rosto, que tinha algumas marcas de lençou.
— Bom dia também! – Disse Nicolas com uma cara de reprovação. Chegou perto de seu pai, cutucando mais uma vez bem na sua costela, saindo correndo em seguida.
— Ahh, seu moleque! – Gritou o Vicente de dentro quarto. Estava muito sonolento para correr atrás de certo loiro.
Enfim havia dado a hora de ir pra escola e Nicolas já estava devidamente arrumado. Hoje o loiro estava estranhamente ansioso para ver Thiago, e nada lhe tiraria essa sensação. Lembrou-se de que tinha que pegar sua bicicleta na borracharia do Senhor Cláudio, o que o motivou ainda mais a ir um pouco mais cedo para o colégio. Antes de sair, olhou para a casa ao lado pela janela da sala. Ele ainda não havia saído, a moto estava do mesmo jeito que o moreno havia deixado ontem em sua garagem.
— Estou indo, pai. Tchau! – Falou e saiu pela porta da frente, sem dar qualquer chance de resposta a Vicente.
As ruas ainda estavam silenciosas e a brisa gélida da manhã acariciava a pele pálida de Nicolas, arrancando alguns arrepiados em certos momentos. Seus pequenos lábios avermelhados cantaloravam uma música suave, da qual logo se esqueceria. Chegando a borracharia, falou por alguns minutos com Cláudio e logo montou em sua bicicleta e retomou seu trajeto para a escola. Já estava com saudades da magrela. Ao chegar no colégio foi direto para o campo de Lacrosse como de costume, dando algumas voltas de bicicleta no mesmo, que era enorme. Dentro de alguns minutos já era possível ver alguns alunos chegando. Uns entravam e iam direto para a sala, outros que, como Nicolas, iam para o campo de Lacrosse sentar nas arquibancadas até dar a hora da primeira aula.
O loiro sorriu ao ver Thiago chegar, como sempre, junto aos seus amigos populares. Porém logo se entristeceu ao ver o moreno segurando a cintura de uma menina e a beijando sem seguida. Sentiu como se tivessem enfiado uma adaga em seu peito ao ver a cena. Tanto que acabou se desequilibrando da bicicleta e caindo de quatro no chão. Como queria que isso passasse despercebido, mas a vida é dura.
— Que isso em, Nicolas! – Disse Daniel, o vice-capitão do time de Lacrosse — Assim tu já me deixa acordadinho. – Pegou em seu próprio pênis, balançando o membro mole, gargalhando junto ao seu grupinho de babacas.