Seventh Chapter

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Os primeiros raios de sol já se faziam presentes, indicando que uma nova manhã havia começado. Era uma sexta-feira. O dia da semana mais amado pela maioria das pessoas e comigo isso não divergia.

"Sextou!"

Penso eu, saio de cima da cama e vou até a janela para sentir a brisa suava da manhã acariciar a superfície da minha pele leitosa. Está sensação é viciosamente gostosa de se sentir. Sorrio, fecho os olhos e deixo os raios solares esquentarem as maçãs rosadas do meu rosto. Nem tudo no meu corpo é pálido, e as bochechas, com certeza, são uma delas. Sempre tem uma coloração levemente rosada, ficando extremamente vermelhas quando eu sou posto em uma situação constrangedora.

Volto minha atenção para a casa ao lado, seguindo, por alguns instantes, com o olhar, a rota sonolenta que Thiago faz da sala para a cozinha. Talvez ele tenha chegado tarde ontem à noite e dormiu no primeiro local confortável que encontrou. O sorriso que se forma sempre que o vejo é involuntário. Ele está apenas de cueca. Uma notificação chegou em meu celular.

Thiago: “Bom dia, Nick!”

Foi inevitável a feição de espantado que tomou conta do meu rosto, havia sido pego pela segunda vez. Arrisco olhar, novamente, para a direção da casa alheia, podendo ver um Thiago retribuindo o olhar. Droga!

Nicolas: “Bom dia, Thiago!”

Não poço vacilar assim, definitivamente não poço. E mais uma mensagem chegou:

Thiago: “Vai ir para a escola?”
Nicolas: “Sim, sim.”

Ainda não estou doido de acordar cedo simplesmente para ficar em casa.

Thiago: “Quer uma carona?”
Nicolas: “Eu adoraria.”
Thiago: “Então trata de se arrumar, nós já estamos quase atrasados.”
Nicolas: “Nem mais dez minutinhos?”
Thiago: “Cuida!”
Nicolas: "Ain... •~•"

Aquilo foi o bastante para me despertar, e fazer com que eu fosse, às pressas, tomar meu longo banho matinal. Passou-se uma hora e eu já estava devidamente limpo e arrumado. O cheiro marcante, porém leve de minha fragrância preferida se fazia presente em minhas vestes e em algumas partes do meu corpo. Sou, naturalmente, um rapaz muito bonito e fofo. Minha feição meio que angelical, segundo minha mãe, contribuía para tal.

Desço as escadas e vou para a cozinha. Minha mãe sempre acorda primeiro e compra o café da manhã na padaria da esquina. Sob a mesa havia: pão francês, algumas fatias de bolo de milho e pão de queijo quentinhos. A boca salivou neste momento. Abro a geladeira e pego uma taça mediada de iogurte caseiro, como junto com o pão de queijo. Não lembrava o que era tomar um café da manhã decente, ultimamente só como cereais e coisas industrializadas. Ao término da refeição , lavo a taça e limpo a mesa, ponho um guardanapo em cima do pão de queijo. Subo as escadas rapidamente e entro para o banheiro, que ficava no interior de meu quarto, lá escovo os dentes e dou uma última olhada em meu visual. Nunca fui o tipo de pessoa que se importa com a aparência, do jeito que está é aceitável. Pego a mochila e o celular, saio do cômodo apressadamente.

Thiago já estava me esperando, nos cumprimentamos e seguimos para a escola. Se na bicicleta a sensação de liberdade ao sentir o vento na cara é boa, na moto de Thiago a sensação é arrebatadora e, ao mesmo tempo, assustadora. Em certos pontos, jurava que ia cair e mle ralar todo no asfalto cinzento. Thiago, por sua vez, acelerava propositalmente só para sentir as minhas pequenas mãos apertarem a região do seu abdômen. Era um momento só nosso. Porém, como tudo não são rosas, ao chegarmos no estacionamento da escola, Sarah, a menina que Thiago estava aos beijos ontem ou anteontem, foi ao seu encontro já pulando em cima dele e o beijando sem qualquer pudor. Não queria presenciar aquilo, mas o que eu poderia fazer afinal? Isso! Absolutamente nada. Agradeço ao meu vizinho pela carona e já ia sair de cena, quando Thiago me chama:

Já vai? — Perguntou ele com o braço direito em volta da fina cintura da garota. Isso estava me incomodando. Eu iria dar uma desculpa qualquer do porquê de eu não ficar vendo eles se beijarem, mas ela se pronunciou primeiro que eu:

Quem é ele? — É claro que ela não me conhecia. Minha única amiga nessa escola é a bibliotecária.

É o meu vizinho Nicolas. Eu dei uma carona pra ele hoje. — Disse Thiago, sorrindo para ela. — Vai indo na frente, eu vou ficar mais um pouco aqui.

Mas nós já estamos atrasados para a primeira aula. — Falei sem pensar. Ele, por sua vez, fez um gesto de cabeça na direção de Sarah e me olhou com um olhar que dizia: “Não corta o meu barato!”, eu apenas assenti e virei de costas para o casal, rumando o interior do colégio.

Tchau, Nicolas! — Disse Sarah com a sua voz escandalosa. Ela era bonita, popular e fazia parte das líderes de torcida. Era a garota da semana de Thiago. Eu não sei onde eu estava com a cabeça quando me deixei apaixonar por ele. Ele é hétero!

Entro na sala bem na hora que a professora de Sociologia chamou meu nome.

Presente e desculpa pelo atraso. — Me sentei na mesma cadeira de sempre, já tirando meus materiais de dentro da mochila.

Ele entrou logo em seguida, atraindo todos os olhares da sala, menos o meu. Eu estava chateado. Com razão? Convenhamos que não. Assim como eu, ele entrou bem na hora que seu lindo nome havia sido chamado, respondeu e se sentou logo atrás de mim. Durante o desenrolar da aula ele me chamou algumas vezes, a maioria delas era sobre o assunto da aula em questão. Depois da atual aula, tivemos Geografia, Física, Química e Matemática. Eu já disse que odeio exatas? Pois é. O intervalo veio como um alívio para a minha mente. Almocei sozinho, como de costume. Ainda procurei Thiago pelas redondezas do refeitório, mas seria mais provável que ele estivesse se agarrando com a Sarah dentro do vestiário ou na sala do zelador. Por que eu estou tão chateado com essas suposições? Eu não quero me sentir assim.

E foi com esses pensamentos me perturbando e me tirando a concentração que eu passei o intervalo e o resto das aulas do dia. Tudo piorou quando ele resolveu não aparecer nas aulas após o intervalo. De certo resolveu gazetar os últimos tempos de aula para foder com a patricinha.

Como havia vindo de carona com ele, terei que voltar a pé, o que não era nem uma tortura. E cá estou eu, andando sob o pôr do sol. Chego em casa cansado, tiro meus sapatos e os deixo em cima do tapete, jogo minha mochila em cima sofá e subo as escadas, indo ao encontro da minha cama e durmo. Com certeza eu levaria uma bronca mais tarde pela bagunça lá em baixo.

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