O loiro estava sentando na bancada da cozinha em mais uma manhã de quinta-feira, acompanhado de sua mãe que estava distraida batendo alguma espécie de suco verde no liquidificador. Não sabia ao certo se iria ou não para a escola, porém, sua mãe ordenou que ele fosse e o mesmo apenas acatou, subindo, a contragosto, as escadas na direção de seus aposentos
Despiu-se, entrou no banheiro e, em seguida, no box. Era evidente que Nicolas adorava aquela minutos do seu dia. Ligou o chuveiro, observando a água cair e logo entrou debaixo. Ficou naquela situação por uns trinta minutos enquanto cantarolava uma música aleatória. Era intrigante o poder relaxante e energizante que um banho tinha sobre o loiro. Já fora do banheiro, abriu o mediano guarda roupa, fitando as peças ali distribuídas. Nicolas não era tão vaidoso em relação às vestimentas, apenas calçou um tênis azul bebê, uma bermuda justa na altura do joelho, branca e uma blusa listrada. Um genuíno adolescente.
Passou algumas borrifadas de sua fragrância favorita por todo o seu tronco, levando uma mão até o topete. Pegou sua mochila e saiu do quarto, descendo os dois curtos lances de escadas.
— Estou saindo, mãe. – Beijo o topo da cabeça alheia.
— Vai com Deus. – Ela diz de uma forma simples e carinhosa, voltando a atenção para a televisão.
Antes que tomasse o rumo da escola, não podia deixar de olhar para a casa ao lado, como era de costume. Se tivesse sorte, poderia ver Thiago da janela da cozinha. Ele sempre acordava sem camisa e, às vezes, apenas de box. Como um ser humano poderia ser tão lindo sem, ao menos, se esforçar para tal? Sorriu bobo, virando às costas para a casa de Thiago e seguindo seu caminho pelas calçadas alinhadas de seu bairro, estava com uma estranha vontade ir a pé até a escola.
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O trajeto até a escola havia sido tranquilo e agradável, sem muitos acontecimentos relevantes. Se tiveram, o loiro não os percebeu, pois estava concentrado na música que emanava dos fones e em certo rapaz. Pensou em como Thiago havia virado uma espécie de combustível para o seu bem estar e em como, nessas últimas semanas, ele havia se aproximado de uma forma repentina, mas nada incoveniente. Pensava também no jeito moleque de ser do moreno, apesar de já ter um corpo inteiramente gostoso de um homem. Aquilo atrai Nicolas de uma forma inexplicável. Olhá-lo e não poder tocá-lo era uma cruel injustiça, o loiro queria de um modo exasperado sentir Thiago. O acúmulo de todos esses pensamentos sórdidos resultou em uma bela ereção, que obrigou Nicolas a tirar o seu fiel motetom vermelho de dentro da mochila, pondo-o na frente de sua região pélvica.
Diferente dos outros dias, hoje o loiro havia chegado pontualmente, não podendo ir para o campo de Lacrosse, passando para a sua primeira aula do dia: Matemática. Mesmo o professor que lecionava essa matéria sendo ótimo em dar aulas, ele não se identificava de maneira nem uma com tal e essa aversão já se estendia por anos.
O loiro não prestava muita atenção no que estava sendo dito na aula, era um tipo de revisão do segundo ano sobre matrizes.
Tirou o fone discretamente do bolso da frente da mochila, pondo no aleatório.
Hypnotised — Coldplay.
Deixou um breve riso escapar daqueles pequenos lábios macios e rosados, apoiando os cotovelos na mesa e as bochechas nas palmas das mãos, assumindo uma feição fofa. Não demorou muito para que os pensamentos sobre Thiago povoassem a sua cabeça, tornando o que antes era um breve riso, em um largo sorriso. Podia ficar um longo tempo fantasiando com o moreno.
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O alarme soou, indicando que havia chegado a hora do intervalo.
— Hora do intervalo, meninos! — Disse a professora de Biologia em um tom doce. Ela é a melhor, no conceito do loiro. — E não esqueçam de voltar após o intervalo, hoje teremos dois tempos.
— Sim, professora! — Nicolas disse em um tom entusiasmado, direcionando um sorriso recíproco para a mulher.
O cardápio do dia era frango grelhado com arroz, feijão e salada, tudo supervisionado pela nutricionista particular da escola.
A fila ainda estava se formando e Nicolas apressou o passo para conseguir pegar os primeiros lugares, porém, seus planos foram frustrados quando avistou Daniel e seu bando vindo na contra mão. Seu sorriso se desfez na hora. Virou de costas, fingindo estar mexendo em algum dos armários fixados na parede. Tudo o que ele queria era simplesmente passar despercebido.
— Não vai ir almoçar?
O loiro não pôde conter o susto, dando um pulinho para trás. Era Thiago ao seu lado, o fitando com aquele sorriso angelical.
— Aii, Thiago! — Levou a mão direita ao peito, sentindo os batimentos acelerados. — Que susto...
— Me desculpe. — Ele gargalhou alto, levando as mãos ao abdômen.
Aquela foi a gargalhada mais gostosa que o loiro já havia ouvido, era como música para os seus ouvidos, e de uma estranha forma o contagiou.
— Então... vai ou não almoçar? — Disse o moreno, recompondo-se.
— Eu estava indo agora mesmo quando vi o... — Lembrou de Daniel e sentiu uma pontada bem dentro de seu ser.
— Viu quem?
— Ah, ninguém... ninguém. — Ajeitou o óculos que estava levemente torto, fitando seus próprios pés.
O moreno lançou-lhe um olhar desconfiado, mordendo a parte interna de sua bochecha. Por que ele havia ficado tão cabisbaixo repentinamente? Queria perguntar, mas tinha quase certeza de que Nicolas se recusaria a respondê-lo.
— Vamos antes que acabe. — Quebrou o silêncio, direcionando-se para o refeitório, sendo seguido pelo loiro, que se pois ao seu lado.
— Hoje a comida está com uma cara boa. — Afirmou Nicolas.
— O cheiro também está bom. Dá para sentir daqui. — Aparou o cheiro com as narinas, continuando a andar vagarosamente e ousou passar o braço direito por cima dos ombros pequenos do loiro.
— S-sim. — Ruborizou imediatamente com a ação de Thiago, podendo sentir a pele quente e macia do bíceps do moreno em sua nuca e o atrito de seu braço nas costelas alheias.
— Queria que tivesse purê. — Assumiu uma feição de falsa tristeza, descendo suas mãos até a cintura do menor, distribuindo um carinho discreto.
— Ah... — Mordeu o lábio inferior, não conseguindo formular uma mísera frase.
Thiago sorriu com aquilo, massageando por mais alguns instantes aquele local.
O intervalo correu bem, assim como as últimas duas aulas do dia. Nicolas estava sentado na arquibancada do campo, observando o restante do alunos irem para as suas respectivas casas. O céu de fim de tarde estava lindo, pintado em uma espécie de degradê. Não demorou muito para que o loiro tomasse o rumo de sua residência, voltando como veio, à pé.