O amanhecer chegava lentamente no Vale do Café, mas já era possível ver alguns trabalhadores caminharem aos seus destinos de trabalho, assim como o movimento das pessoas aumentava gradualmente. Barbearias, hotéis, restaurantes, clínicas médicas, e o hospital central eram exemplos de clientelas e pacientes que respectivamente iam e vinham de forma quase constante, e não menos distante, no quartel e a delegacia da cidade.
O aroma de café permeava o ar dentro da delegacia, vindo diretamente do copo que repousava na mesa de Brandão, que agora, voltava a analisar alguns casos ainda em aberto e mais recentes, enquanto alguns homens faziam a ronda costumeira pela cidade, inclusive Randolfo e Otávio. Havia conversado rapidamente com Mastronelli sobre a saída abrupta do policial no dia anterior, pelo o que contara Randolfo, e dentro do que havia entendido, a confusão toda teria acontecido por causa de uma manchete de jornal.
Brandão não entendera o porquê de tanto alvoroço, mas preocupara-se sinceramente com Otávio. Apesar de ter pensado por muito tempo, o colega um pouco egoísta, gostava de seu colega de trabalho, tinha seus defeitos, mas valorizava suas qualidades, assim como Randolfo. Sabia que diferente de Vasconcellos, Mastronelli não teve uma vida fácil até ingressar na carreira militar e até então, percebera que desde o momento que começaram a trabalhar juntos, há anos atrás, Otávio mudara bastante e para melhor. Analisou com gosto, que a interação e parceria do policial com Randolfo, sua evolução começou a progredir cada vez mais.
Ao tomar um gole de café, percebeu um leve movimento na entrada e ao ver quem entrava, sorriu abertamente.
-Mas vocês são muito pontuais! Caíram da cama? Mariana não o deixou descansar além da conta, Luccino?
O jovem Pricelli ainda com os olhos ainda bem sonolentos, sorriu quando viu a moça Benedito andar até o policial e beijá-lo nos lábios como cumprimento.
-Mariana é pior que galo no galinheiro, antes de sair qualquer rastro de sol, ela começa a andar pela casa fazendo barulho.
A moça Benedito abriu a boca indignada e pronta para retrucar, mas começou a rir, apoiando-se no abraço de Brandão.
-Desculpe meu amigo, com o trabalho no jornal, e trabalhando pelo menos 10 horas por dia, eu acabei adquirindo o costume insuportável de acordar cedo. E ter um namorado que acorda mais cedo que eu, acabou me influenciando no hábito. – Mariana sorriu ao ver a sobrancelha de Brandão arquear levemente e gesticular com a indagação da mulher em seus braços.
-Não coloque a culpa nas minhas costas, senhorita Benedito. – Ele beliscou brevemente os quadris da moça que alargara o sorriso, divertindo-se com Luccino que deslizou sua atenção brevemente ao cheiro inebriante do café, o que não passou despercebido por Brandão.
-Bem, acredito que os dois nem mesmo comeram direito antes de vir para cá, meus homens ainda estão fazendo vistoria pelas redondezas da cidade, então o que acham de irmos até uma padaria aqui próxima? Aproveitamos e conversamos sobre o serviço que eu tenho pra você, Luccino.
-Com muito gosto, estou ansioso para saber mais sobre o que posso fazer para ajudá-lo.
Ao saírem da delegacia, Brandão olhou confuso para a moto estacionada próxima a entrada da delegacia.
-Alguém estacionou essa moto aqui em frente?
-Ah, é minha! Eu ia leva-la conosco até a oficina para fazer uma revisão, trocar algumas peças que ficaram deterioradas pela queda que eu tive anteontem na estrada. – Luccino comentou, lembrando-se daquele final de tarde, e inevitavelmente esboçou um sorriso de canto no rosto.
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Por toda vida
FanfictionInfelizes despedidas, Inesperados reencontros. Avisos: Cena implícita ao suicídio, portanto se isto o mobiliza, não leia!