Um breve segundo se passou, até que a hesitação que Otávio sentira começou a se esvair junto com as peças de roupas que retirava, ficando próximas das roupas de Pricelli, que agora o observava, quieto. Um sorriu cresceu em seu rosto ao ver que desta vez, era a mão de Otávio estendida para ele, e não o deixou esperando, apertou sua mão na dele, e mergulharam nas águas geladas.
-Está muito frio! – Otávio gritou ao mergulhar todo o corpo, rindo junto a Luccino.
Ambos nadaram, mergulharam, jogaram água um no outro, como se fossem duas crianças perdidas no tempo. Obviamente houve um momento em que novamente, Luccino foi o responsável por fazer o coração de Otávio quase sair pela boca, só que dessa vez ao vê-lo pular de uma pedra mais alta e sumindo nas águas e sem emergir imediatamente.
Mastronelli esperou por alguns segundos até que a preocupação e o medo o vencera.
-Luccino...? Luccino?! – Otávio nadou até onde o italiano desaparecera, perto das cascatas. – Se isso for uma brincadeira, é de péssimo gosto.
Mal percebera o vulto atrás das cascatas, e por isso quase perdeu o equilíbrio ao sentir-se ser abraçado por um corpo tão frio e molhado quanto o seu.
-Por Deus! – Otávio gritou, e imediatamente ao ouvir os risos em sua orelha, jogou o máximo de água que poderia no rosto sorridente de Luccino. – Você é como uma criança.
-Você fica tão engraçado assustado, que eu acabo não resistindo. – Luccino afirmou com o jeito arteiro. Por um breve momento Otávio se perguntou o quanto a mãe do italiano deve ter se preocupado com as malícias infantis do filho. – Espera aí.
A expressão de Otávio se tornara confusa, não entendendo o que Luccino estava observando. Até que o seu olhar mirou a ponta dos seus dedos tocarem suavemente uma mancha acobreada logo abaixo de sua clavícula, perto de onde seu coração batia fora de ritmo. Não apenas por estar tão próximo de Luccino, mas por lembrar da existência da mancha em seu peito.
-Você se machucou? – Os olhos antes curiosos, tornaram-se preocupados, fazendo com que Otávio sorrisse pela súbita preocupação de Luccino. – Dói?
-Não, é uma marca de nascença. – Os dedos de Otávio se juntaram aos de Luccino sob a pequena marca. - Eu tenho ela desde que eu me entenda por gente. No começo eu não gostava dela e perdia muito tempo tentando entender como ela foi parar aí, mas acabei deixando pra lá. Às vezes até esqueço que ela existe, mas ao mesmo tempo, eu sinto umas palpitações fortes exatamente onde ela está.
Luccino alternava o seu olhar entre o seus olhos e a mancha, como se estivesse a estudando-a e pensando nas palavras de Otávio.
-As palpitações são muito fortes?
-Em todos esses anos trabalhando como policial, eu nunca levei um tiro. – Otávio se deixou levar pelos braços de Luccino, que agora o puxavam para um abraço apertado, porém confortável. – Mas as vezes eu posso jurar que a dor é tanta, que eu penso que a sensação é igual.
Inconscientemente as mãos de Luccino se apertaram em sua cintura.
-Só de pensar na possibilidade... Eu prefiro acreditar que você é bom no que faz, e que isso vai ser apenas uma sensação. – O italiano retrucou, ignorando uma pontada no próprio peito, angustiado em imaginar algo acontecendo com Otávio. No entanto, a emoção se dissipou quando sentiu os lábios do outro homem beijarem seu rosto, roubando a sua atenção para o gesto.
-Eu espero que as suas palavras se tornem verdades por muito tempo.
Pricelli apenas o puxou para mais perto, encaixando seu rosto no pescoço do homem em seus braços, em uma intenção ingênua de confortar a si mesmo e a Otávio, protegendo-os dos riscos ao redor deles.
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Por toda vida
FanfictionInfelizes despedidas, Inesperados reencontros. Avisos: Cena implícita ao suicídio, portanto se isto o mobiliza, não leia!