Capítulo 2

31 0 0
                                    


Quando saí do pub procurei um lugar mais isolado, já que, havia várias pessoas junto à porta.

Com a mão no peito e o coração quase a sair do peito escondi-me na lateral do edifício. Que raio se estava a passar? Que sentimento doloroso é este? É como se me estivesse a esmagar. Respirei fundo tentando acalmar os meus batimentos cardíacos, balancei a cabeça tentando clarear os meus pensamentos. Sempre fui alguém muito racional o que sempre me ajudou a lidar com qualquer situação de forma fria. Deve ter sido a música, claro, a letra é realmente bonita e o vocalista conseguia transmitir sensações enquanto cantava e certamente estou mais sensível o que causou esta reacção. Ri com desgosto, que teoria patética, no entanto, é a ela que me vou agarrar é melhor ter uma explicação fraca que nada. Bati com a mão na testa, isto não está a correr nada bem. Respirei fundo mais uma vez e notei que apesar de ainda bater a um ritmo rápido o meu coração já não estava no ponto de ter um ataque cardíaco. Lentamente desencostei-me da parede e ainda mais lentamente dirigi-me à porta do pub. Limpei as mãos suadas, coloquei um sorriso falso e abri a porta.

A Luna continuava na mesa, com as mãos em concha a segurar a cabeça, ri, quem a visse assim pensava que era um ser delicado e adorável mas bastava ela abrir a boca que iam ver que é tão delicada como um coice de cavalo.

- Voltei.- Disse enquanto me sentava de novo na cadeira, o espectáculo ao vivo continuava a rolar mas desde que entrei fiz um esforço histórico para não olhar para o palco.

- Aleluia- olhou para mim- Estava a ficar preocupada, que se passou? Se não fosse tão céptica ia considerar que tinhas visto um fantasma, estava branca como um.

-Não sei, senti-me a sufocar, estou melhor.-Sorri. Ouvi a música para e a banda agradecer.- Já acabou?

- Já, o Ricky e os amigos fazem apenas espectáculos para se divertir e relembrar os tempos de faculdade.

Agradeci mentalmente o facto de já ter terminado e por reflexo olhei para o palco. Ele estava lá, a olhar fixamente para mim e mais uma vez não consegui desviar o olhar, a sensação voltou mais forte desta vez mas não me permiti ceder novamente, fechei as mãos em punhos e abri ligeiramente os lábios para buscar ar. Qual era o problema dele?

Era dono de uns olhos castanhos intensos, um corpo gostoso com músculos no sítio certo, cabelo mais curto nos lados e uma barba de dar água na boca, é um moreno de parar o trânsito, o que não era fácil de ignorar. Senti uma dor no braço direito e olhei de cara feia para a Luna que estava com um riso tão grande que quase lhe saia da cara.

- Que raio... Isso doeu!- A minha melhor amiga tinha acabado de me mordiscar. Esfreguei o braço para aliviar a dor.

- Estavas a babar no Sebastian- Acusou- Estava toda a gente a começar a olhar para vocês, devias-me agradecer, esse flirt já estava a durar a mais de dez minutos.

- Primeiro, quem é o Sebastian? Segundo eu estava perdida em pensamentos, não estava a olhar para ninguém e terceiro só desviei o olhar durante uns segundos sua exagerada. - Falei num falso tom chateado.

- Estás a dizer isso para me enganares a mim ou a ti?- Falou enquanto chamava o atendente do bar e pedia mais duas doses- Vou pedir uma para ti, estás a precisar amiga.

- Às duas, não sei o que se está a passar comigo. - Desabafei enquanto passava a mão na testa. Estou completamente descontrolada e começo a achar que estou a trabalhar demasiado como a minha amiga me tem acusado. Mas é assim tão errado querer crescer e tornar-me alguém com uma vida confortável, sempre achei que se devia deixar as saídas à noite e invés de aproveitar os fins-de-semana e sair para espairecer ficava em casa e voltava a estudar tudo o que considerava esquecido, parece que agora estou a pagar a conta, neste momento sinto-me completamente esgotada. Suspiro

- É fácil, chama-se atracão. - Pegou um papel não sei bem onde e tirou a caneta ao empregado prometendo devolver quando ele voltasse com as nossas bebidas- Sabes, é quando um rapaz e uma rapariga olham um para o outro e se sentem mexidos com isso. Por exemplo um sinal ou um olhar.- Não sei o que era mais ridículo, a explicação, eu ouvir a explicação ou os desenhos de primária feitos no papel.

- És ridícula.- Soltei com uma gargalhar que foi acompanhada pela dela. Já estava a limpar a água criada nos olhos quando fomos interrompidas.

- Bem, se não é a lua mais bonita que já vi até hoje. Ouvi uma voz rouca dizer.

Levantei o olhar e paralisei, não, não era possível. A minha frente estava a banda completa que a momentos alegrava o pub, corri os olhos por todo, à frente estava o guitarrista e julgo o baterista para ser sincera não prestei muita atenção neles, o baterista estava logo atrás. Inevitavelmente procurei o rosto do vocalista e vi o momento em que ele desceu o palco e se dirigia para nós. Não é possível.

- Ah, Sebastian hoje é a tua vez de pagar as bebidas.- Disse novamente a voz do guitarrista que já estava sentado na nossa mesa enquanto os restantes iam buscar cadeiras para se sentar. Olhei acusadoramente para a Luna que já estava no modo namoradeiro com o homem que nos tinha interrompido. Revoltada mandei-lhe um pontapé debaixo da mesa e a mesma olhou com os olhos arregalados para mim no momento seguinte, estivemos num debate silencioso durante vários segundos. No fim, acabei por perder e a descarada teve a lata de me entregar o papel onde tinha aqueles desenhos vergonhosos. Corei, guardei o bilhete e rezei para que a noite não acabasse de forma catastrófica.

By my sideWhere stories live. Discover now