Baek chegou na sala e viu Ghan e Gmin arrumando uma câmera sobre a mesinha de centro e sorriu contido. Aquela mania dos dois tentarem ajudar o mundo era tão fofa quanto meio maluca, mas quem era ele para dizer algo? Os dois eram ótimos em motivação no fim das contas, as melhores pessoas para aquele tipo de coisa.
Pessoas precisavam do outro lado, pessoas que iam passar o natal sozinhas, muitas sem acreditarem em si mesmas, muitas tristes pelas situações injustas da vida e eles tinham muito amor para dar de toda forma.
Se escorou melhor na parede escondido e viu quando ambos se sentaram lado a lado na poltrona dupla e sorriam para a câmera animadinhos. Uma cabecinha surgiu entre suas pernas, mas ele fez sinal de silêncio. Chin assentiu sorrindo.
— Olá! — Eles disseram juntos acenando para a câmera — Eu sou Ghan e esse Gmin, e estamos hoje aqui para fazer seu natal mais feliz, seja ele onde for e seja onde esteja, não importa onde, com quem ou se está sozinho hoje, queremos dividir um pouco do seu tempo, da sua vida e mostrar que ainda existem coisas belas mesmo na neve branca e vazia.
— Nossa Ghan, você leu mesmo aquele livro de natal!
Jeongmin disse de olhos arregalados se voltando para o loirinho e Ghan rolou os olhos:
— Claro que sim, sou estudioso sabe? E temos de ter referências... — Ghan disse fazendo bico e Baek engoliu a gargalhada. Mas aqueles dois... Aigo! — Enfim — Os dois se voltaram para câmera de novo — Estamos aqui para fazer companhia a todos vocês. Você pode mandar sua mensagem para gente, dizer o que sente, o que quiser! Não somos papai Noel, mas temos algumas ideais legais, não é Minmin?
Min sorriu e fez joinha, Baek rolou os olhos, que ótimo...
— Vou começar por mim — Min disse ficando mais sério — Nasci em uma cidade bem pequenininha sabem, e tinha um tio doente mental e por isso as crianças implicavam como comigo na escola, me chamavam de sobrinho do louco entre outras coisas, eu tentava não ligar, mas doía, doía muito e eu chorei vezes sem conta sozinho no meu quarto e em silêncio para não atrapalhar meu primo ou meu tio. Eu cheguei até mesmo pensar que eles estavam certos, que eu não era eu, era apenas a criança órfã criada pelo primo mais velho sem paciência e pelo tio louco que todos temiam... eu não tinha amigos, não tinha ninguém e tinha medo de procurar ajuda, não acreditei em mim por muito tempo e achava que eu não merecia amor. Minhas cores deviam ser apagadas e sem graça mesmo, eu não era ninguém, e meu nome... Nem mesmo existia já que ninguém me chamava pelo nome. Quem era Byun Jeongmin no fim? Apenas uma criança deplorável... E então um dia, meu primo já tinha ido para a cidade grande, para Seul tentar a vida, eu me revoltei. Tentei juntar o máximo de dinheiro que conseguia nos trabalhos de meio período depois da escola para vir atrás dele. Eu queria outra vida, queria ter um nome que as pessoas conhecessem, queria ser uma pessoa, não um apelido maldoso. Eu queria ser Byun Jeongmin. Ainda doía a maldade dos outros, mas doía menos porque eu tinha um plano, eu tinha mesmo dessa vez um objetivo.
Baekhyun fechou os olhos e apertou uma das mãos na parede para não denunciar que estava ali, que chorava de forma angustiante e que tinha seu coração esmigalhado em mil pedacinhos. Jamais imaginou que seu primo tinha sofrido tanto... Ele lidava com aquilo com agressividade e cinismo na época, mas seu primo... Ele ficou com todo o fardo mais pesado.
Levou a mão para o peito e ofegou...
Culpa, pesar, dor... Jeongmin... Sussurrou sem som.
— E então, enquanto procurava a casa do meu primo, só com o dinheiro para passar aquela noite, tinha gastado tudo com a passagem de ônibus até aqui, daí... eu fui assaltado e acabei sendo salvo por uma pessoa não tão legal. Perdi o endereço do meu primo, celular, perdi tudo. Naquele momento achei que tinha terminado ali. Eu me vi outra vez no quarto escuro, chorando em silêncio e sem esperanças. Eu estava com medo, queria meu primo e estava rodeado de gente estranha... E então um anjo apareceu naquela noite. Um anjo disfarçado de cara mal — Seu primo sorriu e seus olhos brilharam. Baek quase saiu do esconderijo e foi abraçar o menor, mas não queria estragar a live deles. Ouvir tudo da própria voz dele depois de anos era tudo mais intenso... — O anjo me levou para sua casa, cuidou de mim, me chamou pelo meu nome, e então ele e seus irmãos foram atrás do meu primo para mim. Eles me mostraram que nem todos eram ruins naquele mundo e que eu tinha um nome, era uma pessoa e merecia amor. Toda a dor que passei ficou para trás, mas o ensinamento mais precioso de tudo isso foi que nada disso ia me curar se eu não amasse a mim mesmo primeiro. Eu era o herói da minha própria história, era eu, não eles, eles eram meus coadjuvantes, apenas.
Baek respirou fundo e ergueu os olhos para enxugar as lágrimas. Seu primo era feliz agora e isso era o que importava no fim. Min lutou pelos seus daddys, ele tinha uma espinha dorsal naquele corpo de garoto levado. Ele era sua família a amada.
— Eu era um nerd um pouco alienado anos atrás que só queria um emprego para pagar as contas. Mas eu ganhei mais do que isso, amores disfarçados em pessoas maravilhosas e que agora são todo o meu mundo, além da minha mãe, claro. E dos meus amigos e do... Gmin!
Ghan abraçou o seu primo e ambos fizeram sons fofos que tirou um sorriso imenso dele. Aqueles dois... Não existiam mesmo.
— Por isso — Min continuou — Nós queremos dividir com vocês nossa felicidade, hun? Se precisam desabafar, façam, se precisam de uma palavra amiga, nos mandem mensagem também, estaremos aqui até a meia noite, combinado? E agora o Fred, nosso poodle vai dar um oi, vem aqui Fredyyyyyyyyy...
O cão passou correndo até eles pulando no sofá entre os dois e então um dedo cutucou seu ombro.
Baek se virou e viu Coups sorrindo de orelha a orelha:
— Eles estão fazendo isso mesmo...
Disse baixinho todo orgulhoso. Baek assentiu:
— Sim, eles estão... O que você acha?
— Acho que depois da meia noite temos que presenteá-los também, o que me diz?
— Digo que você é inteligente, cunhado, muito inteligente...
Continua...

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Contrato Insano
FanfictionBaekhyun precisava urgentemente de dinheiro e também estava cansado de ser amante sem ganhar nada com isso, mas casar já era algo bem diferente. Jeongmin só queria ser livre e viver com seu primo Baek na capital longe do tio louco, porém depois de s...