Os raios solares invadiram o quarto de Bruno Albuquerque, anunciando a chegada de mais um dia. Entretanto, a luz não foi a responsável por fazer o adolescente acordar, levando em conta que ele havia passado a noite inteira em claro, estudando. Nos dias que precisou faltar da escola perdeu uma prova de história importante, e agora precisaria fazer a recuperação, na qual era estritamente conhecida por ser extremamente mais difícil que a primeira. No fundo não se importava muito. Sua recuperação estava progredindo cada dia mais e isso que importava, mesmo com as cicatrizes que teria para o resto da vida, além da psicóloga que precisaria passar a frequentar duas vezes por semana.
"Que se foda!", pensou jogando os três livros no outro lado da cama. Deitou-se, pensando em tirar um cochilo, mas repudiou a ideia logo em seguida, com medo de acabar se atrasando. Pegou seu celular, rapidamente olhando as mensagens que havia mandado para suas três amigas inseparáveis, na esperança de alguma delas fazer companhia, já que o ano letivo havia praticamente acabado e quase ninguém estava indo na escola. Mesmo sendo bastante popular, o garoto queria apenas suas fieis companheiras por perto. Seria uma boa oportunidade de conversar sobre sua tentativa de suicídio, que a cada dia que passava se tornava um de seus maiores arrependimentos. Estranhou a ausência de Alice e Karina, mas ficou feliz ao ver o ícone da Meghan respondendo a mensagem praticamente na hora que ele pegou o telefone.
"Bom dia Bruninho. Te vejo na escola, quero saber das novis sumido. Bjão".
Não conteve o sorriso. Uma das melhores características de Meghan era seu carinho por todos à sua volta. Era tão meiga e atenciosa que qualquer um que tentasse importunar a garota compraria uma briga com muita gente. Suspirou, pensando em como contaria para ela o que havia feito consigo mesmo. Apenas Karina e Fabrícia sabiam, e no fundo Bruno necessitava mais do que tudo da companhia de sua melhor amiga para explicar o ocorrido para Alice e Meghan.
Estava digitando o número de Karina quando uma ligação invadiu a tela de seu telefone. O adolescente estranhou por ser um número privado. Atendeu, apenas por educação, imaginando ser alguma operadora oferecendo um plano de internet móvel.
— Alô?
— Bom dia, Bruno. Caiu da cama?
— Quem é? E que voz estranha é essa? — perguntou, despretensiosamente.
— Nossa, quantas perguntas. Por que está tão irritado, Bruno? Deveria estar se preparando...
— Preparando o que? Olha, se não se importa eu tenho mais o que fazer.
— Preparando seu funeral, bobo. Já que não conseguiu morrer por si só, permita que eu lhe ajude.
O rosto do adolescente se contorceu. Ficou olhando para a parede alguns segundos, antes de responder:
— Vai se foder cara! Cê é doente?!
— Se obsessão for uma doença, sim, estou em estado terminal.
— Mostra a cara, otário! Acha que eu tenho medo de um engraçadinho que nem você?!
— Deveria ter, Bruno Albuquerque. Mas fique em paz, sinto que hoje será um dia propício pra eu te ajudar nisso.
— Vai te catar, seu animal! — desligou o telefone. Ficou tão eufórico que precisou abrir a janela e respirar um pouco de ar puro.
Pela janela conseguiu ver sua mãe no quintal dos fundos. Um raio de culpa preencheu o adolescente. Odiava fazê-la se ausentar do trabalho, e mesmo a médica tendo horas em haver, deveria usá-las para descanso, e não ficar cuidando dele.
Ainda com a ligação martelando em sua mente, o garoto desceu as escadas espiral para o primeiro andar. Além da sala, que ficava próxima das escadas, duas portas integravam o local, sendo uma para a cozinha e a área de serviço, e a outra para uma sala de estar, provavelmente sendo o maior cômodo da casa.
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RASTROS DE SANGUE (ANTIGO DOCE OBSESSÃO - EM BREVE FÍSICO) - DEGUSTAÇÃO
Terror🏆 VENCEDOR WATTYS 2020🏆 Campos de Cordeiros nunca foi conhecida por ser uma cidade violenta e marginalizada. Isso até um assassino mascarado passar a aterrorizar seus moradores, dando início a uma caçada sanguinária, onde o passado parece se mistu...