Almas Gêmeas

Lívia

A luz do sol já iluminava parcialmente meu quarto quando Maya abriu as cortinas brancas da janela. Ela cantarolava alguma música animada até demais para uma sexta de manhã.

- Hora de acordar, Bela Adormecida! – ela fala sem perder o ritmo da melodia.

Abro os olhos devagar e tento acostumá-los à claridade forte que chegou até mim. Como Maya achava viável me acordar meia hora antes do comum depois de uma noite tão estressante como a que tive ontem?

- Vamos, Liv! Temos muito que fazer!

- Tipo...? - pergunto em meio a um bocejo.

- Arrumar você para o dia de hoje. – ela sorri com seu modo malicioso único. – Sabe como é... Ver um penteado bonito, fazer uma maquiagem básica...

- Maquiagem? – levo minhas mãos ao rosto instintivamente. – Mas eu não uso maquiagem de manhã. Ele vai perceber.

- Mas é para ele perceber, boba! – Maya puxa meu cobertor. Encolho-me com o frio repentino.

Sem que eu tenha tempo de falar mais alguma coisa, Maya joga minha farda do colégio em cima da minha cama junto com um de seus casaquinhos estilosos que servem mais para deixar a roupa bonita do que realmente aquecer quem os veste.

- Vá tomar seu banho enquanto procuro minha maletinha de maquiagem. Não se preocupe. Vou te deixar bem natural.

Não digo mais qualquer palavra e saio do quarto em direção ao banheiro. Evito imaginar que os esforços da minha irmã estão sendo em vão, mas não deixo de pensar que, por mais que eu esteja apaixonada, nunca serei capaz de convidá-lo para a festa de amanhã. Obviamente ele já deve ter arrumado alguma outra companhia.

Por que deixei para convidá-lo para a festa de última hora? Simples. Sou incapaz de encará-lo por mais de cinco segundos sem começar a tremer ou sentir que vou desmaiar de tensão. A Maya acha a minha insegurança fofinha e romântica, mas não tenho certeza se ele pensa o mesmo.

Foco, Lívia! É agora ou nunca. Você só precisa tomar coragem para convidar o garoto mais lindo, educado, gentil e inteligente que você já conheceu em toda a sua vida para a festa do colégio amanhã à noite.

Viu? Fácil. Afinal, o máximo que ele pode dizer é não, certo?

- Certo? – murmuro para mim mesma. Acho que não tenho certeza de mais nada agora. Meu coração parece uma bomba prestes a explodir. – Certo!