Almas Gêmeas

Matheus

Estaria mentido se dissesse que fiquei feliz quando fui surpreendido assim que entrei na sala puxando o João pelo braço para afastá-lo da Lívia. Queria ter uma conversa em particular com ele sobre certa garota que ele não deveria convidar sob hipótese alguma para a festa, mas uma pequena multidão de alunos nos separou imediatamente. Teria que deixar nossa conversa para depois.

- Vocês brigaram novamente? – ele perguntou assim que alcancei minha carteira depois de muitos abraços e tapinhas nas costas.

- Lógico que não, João. Estávamos só competindo para ver quem gritava mais alto. – respondi sem muita paciência. – A Maya ganhou, como você deve ter percebido.

- Eu escutei o que ela falou sobre nós dois. Sobre você não me deixar namorar por ter ciúmes... – ele prosseguiu, ignorando minha grosseria.

- Não me lembro dela ter citado seu nome. – rebati frio.

- Não me lembro de você ter muitos amigos.

- Não? Quem foi que acabou de receber uma festa surpresa?

- Não foi uma festa. Eles apenas deram os parabéns como qualquer pessoa educada faria. Isso não quer dizer que todos eles sejam seus amigos.

- Tudo bem. Você venceu. Ela estava falando de você. Feliz? – ergui os braços em sinal de rendição.

- Math, se eu não estou namorando ou ficando com alguém a culpa não é sua. Eu estou apenas procurando a pessoa certa. – ele falou com cuidado, como se eu fosse uma criança de cinco anos que não entende porque os pais então se divorciando.

- E não encontrou? – perguntei, esperançoso de que o seu não me desse uma boa desculpa para convencer a Maya de que as chances de Lívia com o João eram nulas.

Para meu total desânimo, os olhos escuros dele desviaram rapidamente na direção do lugar onde a garota que eu mais detestava no mundo sentava e depois voltaram a me encarar como se estivessem com vergonha do que tinham acabado de fazer.

- Não sei. Talvez eu tenha. – ele mordeu o lábio inferior com força e voltou a sua atenção para o professor que havia acabado de entrar na sala.