3. Cavaleiro da floresta

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Kabir havia sido criado numa pequena terra fértil

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Kabir havia sido criado numa pequena terra fértil. Aprendeu a domar cavalos, ordenhar vacas e proteger a casa enquanto o pai enfrentava batalhas em nome do rei. A mãe lhe ensinou bons modos para que um dia o filho conseguisse um trabalho no palácio. Aconteceu que certa vez, os soldados da realeza apareceram à senhora Erin, informando que o marido desertou. A pena para um soldado que abandonava o posto era a morte, além do confisco da terra. A mulher não suportou tamanho sofrimento e passou os últimos dias de vida muito doente. Depois disso veio a falecer. Kabir se encheu de ódio e vergonha. Por onde ia, todos comentavam: "Este é o filho do desertor". Movido pelo impulso, deixou a casa dos parentes, onde havia passado a morar depois de tamanha desgraça, e fugiu para muito longe da civilização.

Tudo o que o jovem levou foi um cavalo, um saco com dois pães e uma botija de leite. Para uma pessoa comum, como eu e você, talvez se entregar à vida selvagem pareça um comportamento um tanto quanto desequilibrado. No entanto, nele rondava a ideia de que precisava viver perigosamente para honrar o nome da família. Tornou-se um cavaleiro da floresta.

Contando assim, até parece que foi fácil. Mas isso é porque preferi não falar de todas as picadas de insetos que o pobre rapaz sofreu dentro da mata fechada. Também resolvi não mencionar os cortes que levou dos afiados galhos de árvores frondosas. Isso tudo sem contar com a fome, sede e com cada gota de suor que gastou para construir sua própria cabana. Os animais selvagens também eram uma ameaça, mas todas as vezes que pensou em desistir, Kabir lembrou do ódio e da vergonha. Esta mistura foi o combustível para se manter longe de casa.

Os anos se passaram, e aquele menino que chegou na floresta tão frágil, tornou-se um excelente arqueiro, com uma força admirável e mãos cheias de calo. O jovem criava armadilhas para pegar os ladrões, caçadores e inimigos do reino. Na cidade, todo mundo comentava que dentro da floresta havia um certo filho de um desertor que fugiu de casa para virar um herói. Tanto os príncipes quanto as donzelas queriam conhecer Kabir, mas ele só aparecia para quem entrava em apuros – um mistério que alimentava o próprio ego.

Não pense que o ar puro e o canto dos pássaros foram capazes de renovar os pensamentos do rapaz. Muito pelo contrário! Quanto menos pessoas ele via, mais raiva sentia do pai pela solidão que ele mesmo havia se colocado. Algumas vezes, em dias de angustia, Kabir gritava como se fosse uma onça pintada – isso confundia até os corvos. Era assustador! No reino, havia quem dissesse que um monstro habitara a selva – e não estavam completamente errados. Muitos de nós, tomados pelo rancor, perdem a humanidade.

Esta história mudou de rumo quando o mestre Ketut deixou sua velha choupana, que ficava no coração da floresta, para confrontar a consciência de Kabir. Isso levou vários dias, pois o homem já era muito velho e andava lentamente, apoiando-se numa forte vara, muito parecida com bambu. 

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