O jovem Kabir estava na copa de uma árvore quando viu o visitante se aproximar com um turbante branco na cabeça. Ketut bateu três vezes à porta, mas obviamente não havia ninguém para recebê-lo. Kabir o observava espantado, pois nunca viu alguém caminhar tão sozinho e tranquilo na floresta, além dele mesmo. Como não queria receber visitas, pensou:
"Vou esperar o velho ir embora para poder voltar para a cabana".
Ketut, por sua vez, também tinha um pensamento:
"Vou me sentar em frente desta cabana e esperar que o dono apareça".
Quem você acha que desistiu primeiro? Muito bem! Foi o jovem Kabir.
- O senhor pode me dizer o que está fazendo aqui? Não sabe que o cavaleiro da floresta não gosta de receber visita? – perguntou irritado sem qualquer constrangimento, escondendo o rosto com um capuz que costumava usar para impressionar os inimigos.
Ketut sorriu docemente, o que deixou o arqueiro ainda mais indignado.
- O que o senhor quer? Como encontrou minha casa? Estou há alguns anos aqui e ninguém nunca penetrou tão profundamente na floresta a ponto de achar esta cabana. Devo parabenizar por tamanha coragem. Aqui é muito perigoso! E agradeça pela idade que tem, pois se fosse mais novo, mais forte, maior, certamente eu não o receberia com tamanha polidez.
Ketut não dizia nada, continuava a sorrir de tal forma que Kabir chegou a pensar que o velho tivesse algum retardo.
- Era só o que me faltava – resmungou o rapaz – Vamos! Entre! Tenho comida lá dentro. Mais tarde mostrarei o caminho de volta.
O mestre entrou e permaneceu em silêncio. Só depois que comeu, bebeu e descansou das murmurações do anfitrião é que resolveu falar:
- Eu me chamo Ketut. Vim oferecer o que lhe falta.
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Coração de papel
Short StoryImagine você acordando no meio de um tempestade com um corvo lhe espiando pela janela. Ele é a única testemunha. Há uma criatura de mão nevada e olhos verdes no seu quarto. Não é uma história de terror, mas bem que poderia ser. Um portal mágico foi...