5. Maiá

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Kabir deu um pulo para trás, pois acreditava que o desconhecido fosse mudo.

- O que pensa que me falta?

- A verdade.

- E o que eu faço com isso?

- Vive.

- E não é o que tenho feito esse tempo todo?

- Talvez deva se questionar nos intervalos de cada grito angustiante. Posso ouvir sua alma lá da minha choupana. O que tanto o perturba?

- Não é nada... grito porque às vezes a floresta se cala. E eu não suporto.

- Sei... algumas pessoas são assim: fingem que não gostam do silêncio para não ter que ouvir o próprio barulho. Já fui como você. Sabe, filho, é preciso ser muito valente para estar em companhia do silêncio.

E então o velho passou algum tempo falando de como a nossa consciência pode ser mais letal do que uma aranha peçonhenta da floresta. Aquilo chegou atenção de Kabir, que logo foi convencido a seguir o mestre até a choupana e descobrir a maiá.

- Espera! O que é maiá? – perguntou Alice, muito atenta a história que ouvia.

Aproveitando que estamos de volta ao quarto da nossa protagonista, devo dizer que ela já havia se acostumado com Kabir. Isso é tão verdade que a menina foi à cozinha e preparou duas xícaras de café para acompanhar a narrativa. Tamanha foi a decepção quando soube que ele não comia nem bebia porque "papel só se alimenta de letras", como disse Ketut antes de mandar o jovem arqueiro ao nosso mundo.

- Maiá é a chave do segredo. É a ilusão de todos nós. Mas no seu mundo, isso deve ter outro nome.

- Nunca ouvi falar nada disso por aqui... Nesta terra, vivemos as coisas como elas são.

Kabir sorriu como o próprio mestre e disse:

- Isso é a maiá. A ilusão de todos nós. 

Coração de papelOnde histórias criam vida. Descubra agora