Mon Sauveur || JORTINI || CONCLUÍDA

4. "À 6 anos que eu guardo este segredo"

Martina: Bom, não sei bem como te contar isto, não é uma coisa que goste de relembrar, mas necessito urgentemente de contar isto a alguém. Tu não sabes, mas eu tenho uma irmã chamada Violetta, ela é mais velha do que eu, sempre tivemos uma relação muito próxima. Há cerca de 15 anos atrás a minha irmã conheceu um garoto chamado Leon e eles namoraram durante 14 anos, eles eram mesmo muito felizes, todos conseguiam ler nos olhos de cada um deles o quanto apaixonados eles estavam um pelo outro. Mas 8 anos depois ele descobriu que tinha uma doença rara e muito grave e que tinha pouco tempo de vida, mas não contou nada à minha irmã, pois não queria que ela soubesse que ele não iria viver durante muito mais tempo, guardou aquele segredo durante 2 anos, até que essa doença começou a manifestar-se, ele desmaiava e vomitava constantemente, mas nunca disse realmente o que se passava, mentia sempre dizendo que aquilo era apenas indisposição, e quanto mais comia mais vomitava. A  minha irmã andava muito preocupada, até que um dia ela o confrontou, perguntando-lhe o que se passava. Ele desatou a chorar e só lhe pedia desculpas. Até que ele contou tudo à minha irmã, e disse-lhe que não lhe contou antes porque não a queria fazer sofrer. A minha irmã chorou durante dias, mas teve sempre ao lado dele. Até que uma semana depois, dia 12 de Agosto, ele faleceu, a minha irmã entrou em depressão, não comia, não falava com ninguém, ela estava muito mal. Até que eu decidi interná-la, e foi a única solução. Ela depois do tratamento que fez na clínica, ficou mais ou menos, mas ainda não suporta a ideia de ele a ter deixado, e então todos os anos no dia 12 de Agosto, ela corta-se, fazendo um L em cada braço, e isso é o que mais me custa, saber que ela faz isto e não poder estar ao pé dela. Mesmo que estivesse ao lado dela, ela me iria pedir para não falar, parecendo que não mas isto é importante para ela porque lhe faz lembrar do Leon, embora eu não gosto nada desta ideia, pois sei que ela está a acabar com a vida dela aos poucos, e custa-me não poder fazer nada mais por isso. Os meus pais não sabem que ela se corta, pois desde que ela saiu da clínica, ela veio viver comigo para Buenos Aires, só que ela agora foi viver para os EUA, porque arrumou lá trabalho, e eu também só sei porque um dia a apanhei, mas ela pediu-me para não contar a ninguém. E à 6 anos que eu guardo este segredo sem poder partilhar com ninguém, esta angústia que sinto dentro de mim - fiz uma pausa - Eu vi a Violetta a cortar-se durante 3 anos, só que agora já não posso estar ao pé dela e isso é o que mais me custa, saber que ela faz isto sem ninguém por perto, tenho medo que ela perca sangue demais e não consiga sobreviver...

Jorge abraçou-me com muita força e eu retribui.

Martina: Jorge, eu estou a confiar em ti, para guardares este segredo como se fosse teu, neste momento estás a tornar-te umas das pessoas mais importantes na minha vida e só te contei isto porque o meu coração me disse que tu eras a pessoa certa em quem eu podia confiar este segredo, espero não me desiludir

Jorge: Não te preocupes este segredo vai morrer comigo e sem dizer nada a ninguém

E sem dizer mais nada beijou-me e ficamos minutos naquele beijo, como é óbvio eu retribui acho que tanto eu como ele estávamos à espera daquele beijo já há muito tempo, aquilo era mesmo o que eu estava a precisar naquele momento, precisava de forças para continuar e não desistir.

Quando paramos o beijo, ele agarrou a minha mão e levou-me até ao carro dele, em pouco tempo depois chegamos a um edifício alto, supôs que fosse a casa do Jorge, já que na rua a seguir ficava a minha casa.

Fomos em direcção à porta de entrada, entramos e subimos até ao sexto piso de elevador. Entramos em casa, era uma casa linda, com uma vista maravilhosa, mas eu continuava a perguntar-me o que é que eu estava a fazer ali, fiquei a olhar para o Jorge surpresa.

Jorge: Não pensavas que te ia deixar sozinha hoje, pois não?

Martina: Não sei - disse um pouco confusa

Subimos e deitamo-nos os dois na cama do Jorge, ele abraçou-me e eu encostei a minha cara no peito dele, não sabem como eu estava bem o seu perfume invadia as minhas narinas. E assim adormeci, foi a melhor maneira de eu adormecer hoje, ao lado do Jorge.

(Ehehe então? Que me dizem da história da Martina? Complicada não é? Mas com a ajuda do Jorge vai ser tudo muito mais fácil...ou então não...)