Mon Sauveur || JORTINI || CONCLUÍDA

33. "Tens que ser forte Martina"

"Olá Martina....

Bem, já não falamos há muito tempo, não é? Por isso cá estou eu a escrever-te...

Como sabes já fez 6 anos que o Leon morreu, e como tu sabes todos os anos eu corto-me nesse dia, mas há uma coisa que tens que saber, e eu preciso urgentemente de partilhar com alguém.

Agora eu corto-me regularmente, tenho na minha cabeça um comando de voz, que me ordena a fazer isto, quando não faço fico até com dor de cabeça. é irresistível, pois quando me corto sinto um grande prazer.

No começo eu sentia muita dor, mas depois de um tempo acostumei-me e isto virou um vicio, e eu tenho noção de que pode me matar...Eu na verdade faço isto para que a dor física substituísse a dor psicológica, faço isto para fugir dos problemas, para fugir à dor causada pelo vazio que tenho cá dentro, mas depois isto virou apenas mais uma razão de eu me cortar.

Ultimamente a lâmina, é bem mais minha amiga do que muita gente que eu achava que era de verdade...sim é verdade, as minhas amigas quando souberam que eu me auto-mutilava, em vez de me ajudarem, afastaram-se de mim dizendo que não podiam ser amigas de pessoas que auto-mutilavam, dizendo que a morte do Leon não era razão para eu cortar o meu corpo que eu não tinha motivos nenhuns para me cortar....se me corto é porque tenho motivos porra...mas ninguém entende isso...

Outra coisa, agora não me corto só nos braços, como já tinha os braços com muitas cicatrizes tive que passar para as pernas. Tu podes achar que eu estou a ficar louca, mas não estou, simplesmente preciso de alguma maneira de tentar fugir a esta dor tremenda...

Desculpa por te estar a fazer sofrer com isto, mas és a única pessoa em quem eu posso confiar neste momento...

Amo-te muito maninha...gostava de saber novidades tuas, portanto faz me esse favor, e não te preocupes comigo eu heide acabar por terminar com isto de uma vez...mas dói muito...Beijinhos para todos.."

As lágrimas desciam pelo meu rosto, encarei o Jorge e ele olhava-me com um olhar preocupado. Entreguei-lhe a carta e pedi para ele ler. Ele focou-se na carta durante minutos

Jorge: Tens que ser forte Martina, por ti e pela tua irmã - ele disse abraçando-me

Martina: É muito dificil

Jorge: Eu sei que é, mas também sei que tu és capaz

Martina: Que faço agora Jorge?

Jorge: Em primeiro vais respirar fundo e manter a calma e em segundo vais responder à tua irmã

Martina: Achas que lhe deva responder à carta?

Jorge: Talvez seja o mais indicado

Levantei-me da cama e dirigi-me à secretária existente no meu quarto, peguei numa folha e numa caneta, sentei-me e comecei a escrever

Jorge: Vou deixar-te sozinha - aproximou-se de mim, beijou a minha testa e saiu