CAPITULO 2
Marta narrando
Por um milésimo de segundo, surtei e decidi ligar para Manuela, disposta a contar tudo, ia arcar com toda responsabilidade. Conversei com Pedro meu marido, e com muita conversa consegui que ele concordasse em contar e jogar nossa única esperança fora.
[...]
-Se contar tudo agora, conhecendo nossa filha como é, está ciente que não terá volta? Perguntou Pedro.
-Se não contar ela nunca vai nos perdoar, independente do que está acontecendo em nossas vidas agora, minha mãe é o grande amor da vida de Manu. Eu disse.
-Eu sei meu amor, mais a Manu também é a nossa única esperança. Disse Pedro
-Está decidido. Respondo pegando o celular e discando.
Ela atende animada e sem saber o que te espera, quando com algumas palavras me deixou sem reação ''estagiária da S&F Concrete''. Me sentei ouvindo aquilo e senti o mundo cair sobre a minha cabeça, que latejava, balancei a cabeça negativamente a Pedro, já não havia mais aquela coragem, eu não posso a trazer de volta agora, ela precisa se formar, terá o melhor diploma dos tempos, aquilo era maravilhoso. Era um misto de emoção, Manuela havia realizado o sonho de toda a família Villela Safra, iam morrer de inveja, nós íamos ganhar muito dinheiro. E só sabia chorar, passava um filme na cabeça , quando ouço um ''Mamãe não vai dizer nada?'' Respondo o quanto tinha orgulho sem conseguir segurar as lágrimas. Desligando a ligação Pedro me chama atenção.
-O que aconteceu com o ''mamãe é o amor da vida de Manu?'' desistiu ?
-Eu não posso traze-lá de volta, ela vai se formar e ser a melhor engenheira que o Rio de Janeiro jamais viu, ela tera um histórico maravilhoso, nós vamos nadar no dinheiro. Respondo
-Amor, eu sei, mas isso vem do seu coração ? É a sua mãe, a vó de Manu. Fez uma pausa. - Ela esta morrendo amor, vamos esconder isso de Manu ? E se ela não aceitar que escondemos, ela vai nos perdoar ?
Começo a chorar desesperadamente, sem saber o que fazer me sento e só consigo responder um ''não sei'' cheio de dor. Ele me abraça forte aceitando minha indecisão e diz
-Você quem decide, vou te deixar descansar.
Sem saber o que fazer com um filme passando na cabeça me deito e pego no sono.
Hora depois me levanto olho o relógio, marcava sete horas e cinquenta e oito minutos, decido voltar ao hospital, chamo Pedro que assistia TV e converso.
-Vou tomar um banho e voltar para o hospital. Decidi não contar nada, mamãe é forte, vai se recuperar, Manu vai trazer o diploma e nunca vai saber desse incidente.
-Mas amor .. Ele diz quando eu continuo
-Não vamos mais tocar no assunto, minha mãe vai ficar bem e Manu vai se formar. Finalizo me levantando para o banho quando Pedro me puxa e me beija na testa dizendo
-Vamos superar isso juntos, eu amo você.
Sinto uma lágrima cair e me direciono ao banheiro. Choro bastante, quem eu enganava ? Mamãe estava péssima. Mas única forma de me sentir melhor é me convencer de que tudo isso vai passar e vamos fica todos bem. Finalizo o banho e partimos para o hospital.
Chegando ao hospital, avisto uma mulher de costas conversando com o médico de mamãe, fui em direção e reconheço Celi, minha irmã que não via a muitos anos. Sinto uma raiva subir e grito
-O que faz aqui sua imunda ? Suma! Você não faz parte dessa família . Vejo ela se virando e me encarando grita.
-Mamãe está doente Marta, você não ia me contar ?
-Mamãe não ia querer você aqui nojenta, espero que você saia por aquela porta e não volte. Respondo
-Você não pode me tirar daqui, sou filha daquela mulher, e independente de qualquer coisa amo ela. Responde com ar de quem não iria embora
-Chamarei os seguranças para tira-la. Grito chamando dois homens que ficavam na porta trajados de preto.
-Marta, pelo amor de Deus, um pouco de compaixão, ela é minha mãe ! A amo tanto quanto você, você não pode tirar de mim a última oportunidade de vê-la. Eu mereço o perdão dela, não posso conviver com isso. Ela grita chorando desesperadamente.
-Tire essa mulher daqui, e se a ver de novo, eu processo essa espelunca ! Digo aos seguranças que a pegam pelo braço. Encaro o médico que conversava com ela e digo para nunca mais passar informações sobre mamãe para aquela mulher.
-Tudo bem, não passarei mais informações, ela me disse que era filha, não vi problemas em conversar com ela a respeito. Diz o Dr
-Sim, existem problemas, não quero que isso se repita. Como está mamãe ? Ela está melhor ? Pergunto
- O quadro clínico continua estável, estamos fazendo o possível para que ela tenha uma melhora quanto antes. O que conversava com sua irmã era a respeito dos custos, está aqui a conta e preciso de 50% para dar continuidade aos tratamentos.
Peguei o papel de sua mão quando vi aquele valor sentir minha boca secar, a garganta fechou, sinto a cabeça rodar, eram tantos números que mal sabia pronunciar o valor, imaginava um valor alto, mas, nem tanto. Contando as semanas que mamãe estava internada, justo. Respondi um ''Ok'' ao médico e me pus a chorar, fui ao encontro de Pedro que havia saído com os seguranças acompanhando Celi a porta. Vejo ambos conversando e grito Pedro que vem ao meu encontro. Pergunto o que conversavam enquanto deixo a conta em sua mão.
-Ela só quer ter a oportunidade de viver sua mãe em seus últimos dias, e disse que não vai embora, está aguardando noticias no estacionamento. Diz quando olha pro papel e assustado me olha. Marta, isso é muito dinheiro !
-Eu sei amor, você não consegue arruma pelo menos a metade até amanhã ? Amor minha mãe precisa disso, nós não podemos perde-la. Disse chorando muito.
-Nem que eu achasse um comprador pro carro agora, isso é muito pro momento delicado que estamos vivendo. Ele diz e sinto meu peito apertar e as lágrimas só caiam
-Eu vejo o que posso fazer. Ele diz me dando um beijo e se direcionando ao carro.
Observo ele indo embora e quando o carro sai, avisto Celi, no final do estacionamento me encarando. Viro as costas e vou em direção a sala de espera. Nem vejo as horas passando quando vejo, ja é manhã, avisto Pedro adentrando a porta da sala de espera com a conta do tratamento na mão sorrindo, vou ao seu encontro.
-Eu andei a noite toda, tentei de todas as formas impossíveis conseguir toda esse dinheiro enquanto a solução estava na nossa frente. Ele diz
-Como assim? Que solução ? Pergunto aflita.
-Celi ! Amor a Ce... Nervosa eu o interrompo.
-Você está maluco ? Não ! De forma alguma ! Não vem com essa de Celi não, porque NÃO , e ponto. Vejo o sorriso de Pedro se desfazendo e ele começa a me encarar e me puxa pro canto da sala.
-Como não Marta? Estamos falidos, devendo ao banco, aos nossos amigos, estamos com a conta bancária zerada. Ele diz sussurrando.- Nós estamos devendo agiotas Marta !!! O único dinheiro que temos é o que está na conta da faculdade da nossa filha, a nossa última esperança de sair de todas essas dívidas, lembra ? O que quer fazer ? Contar ao mundo que estamos falidos ? Expor no jornal que não tivemos dinheiro pra pagar o tratamento de sua mãe e a levamos para ala publica ? Eu estava chegando no hospital sem esperança quando ouvi Celi me chamar ela ofereceu eu não pedi, só mostrei a conta e ela disse que pagaria !
-Você não contou a ela que estamos sem dinheiro né ? Eu juro que se tiver contado te mato Pedro! Gritei nervosa
-Eu não contei a ela, mas ela não é burra Marta ! Ela sabe q se nós tivéssemos todo esse dinheiro, já teria assinado o cheque. Ele diz
-Pedro eu não acredito que isso está acontecendo ! O que vamos fazer ? Isso não esta acontecendo comigo. Eu não vou pedir dinheiro a ela , isso é demais para mim !
-Você não vai pedir, ela só quer o direito de estar aqui, e saber sobre a mãe de vocês. Ele diz
-Preciso pensar, finalizo e pego uma água.
Passei um tempo pensando em tudo e decidi que não haviam alternativas, pedi Pedro para chamar Celi e trazer ate a sala de espera.
Quando Celi chega, a olho bem, peço para se sentar, e começo
-Mamãe pode não querer vê-la, ela sempre dizia ter somente uma filha. Ela afirma com a cabeça e responde
-Eu sei, mas quero correr o risco, apesar de tudo, eu a amo, ela me deu a vida, eu a perdoo.
-Agradeço o que está fazendo, mas isso não nós faz unidas, eu não te perdoo, não te aceito na minha família. Digo quando vejo Manuela atravessar a porta da sala cheia de malas. Desesperada me levanto, como ela estava aqui ? Como sabia onde estávamos ? O que ela sabia para estar ali ? Isso não tem como piorar.
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O preço da liberdade
RomanceO preço da Liberdade: Livro para inspirar o frio na barriga e o amor que existe dentro de vocês. Manuela, filha amada e responsavel , 19 anos cursando faculdade de Engenharia Cívil em uma das universidades mais cotadas dos EUA, descobre que sua avó...