Eu andei por ali, e nada de encontrar Seth. Franzi o cenho.
Escutei um assovio. Respirei fundo e vi que podia virar.
Lá estava ele, sentado em sua moto. Tão lindo e encantador. Eu só conseguia pensar em ir de encontro ao seu corpo e senti-lo contra mim, sentir seus lábios macios e quentes me beijando. Engoli em seco e andei até onde se encontrava.
– Aonde se meteu? Te procurei mas não te achei.
– Eu não sai daqui. – riu ele.
– Então acho que saí pela outra porta. – ri também.
Quando ficamos em silêncio, ambos não conseguiam olhar um nos olhos do outro. E foi no momento em que descobri que odeio ficar nesse clima com Clearwater. Um garoto tão doce e engraçado, não merece sentir-se seja lá como eu o deixo. Terminando várias vezes, sempre o deixando esperando por mim. Para que? Sempre acontecer algo e eu o deixar novamente?
– Seth, o que você tem? Eu te sinto estranho...
Meu amor, diz para mim...
Tive tanta vontade de dizer isso. Tanto que meu coração doeu por não poder. Por já ter beijado Jackson e aceitado a condição daquele vampiro que ainda me pagaria por isso.
– Você não precisa se incomodar com nada que acontece comigo.
– Está dizendo para eu te ver para baixo e fingir que não ligo? Não me peça algo impossível. Diz. O que você tem? Posso ver nos seus olhos.
Ele ficou relutante em me dizer. Olhando para qualquer lugar que não fosse minha pessoa, cuja não podia escapar da sua linha de visão.
– É sério, o que eu sinto não precisa te incomodar... Eu não posso me sentir assim mais quando você abraça um cara...
– Está com ciúme do Nahuel? Seth, isso é bobagem... – tentei lhe passar um sorriso confiante, segurando sua mão. – O conheci hoje. Não há motivos.
– Sei que não há motivos com o Nahuel. Preciso me lembrar disso. Não se incomode com isso. – sorriu, claramente forçado, e me entregou o capacete. Não havia motivo de eu o usar, porém nunca reclamei de ele gostar de cuidar da minha segurança.
– Como não me incomodar? – o parei. – Você ainda é importante para mim, Seth. Não é porque não namoramos mais, que o que você sente não significa nada.
Aperto no peito é um dos piores tipos de dor. Ainda mais se referindo a um coração estraçalhado, quando tem que mencionar que não namora a pessoa que ama.
– Só acho que deveria se concentrar em cuidar de Emma, não de mim. – falou, sorrindo sereno desta vez. Passou a mão em meu cabelo e se virou para subir na moto. Depois me deu a mão, como de costume.
– Você é um lobo teimoso, Clearwater. – grunhi, frustrada. Em resposta, apenas ria.
Pus logo meus braços ao redor de sua cintura, me sentindo culpada por fazê-lo sofrer.
Um vazio no peito tão chato se instalava dentro de mim. Não me sentia um pingo confortável tendo que ficar com Jack. Iludi-lo e depois o que? Isso não pode durar para sempre. E se aquele vampiro sempre estiver a espreita, vendo quando vou cometer um único e suficiente deslize para atacar, enquanto age normalmente com Jackson? Por que o bando de Sam ou de Jake não identificaram o cheiro e foram se certificar?
Os Cullen têm poderes, cada um seu próprio. E se aquele vampiro também tiver? E for poderoso demais para eu enfrentar? Mesmo sozinha ou com ajuda? Tenho certeza de que os lobos defenderiam Seth e eu com suas vidas, mas eu jamais pediria por isso. Preferia encarar isso sozinha a qualquer um se arriscando por mim. Nem mesmo Seth.
Pensar nisso me fez me lembrar da fúria que eu estava no encontro com o sanguessuga. Me fez recordar da loba branca correndo sobre as quatro patas na floresta, o vento batendo no focinho e secando as lágrimas que rapidamente se aglomeravam ali.
Engoli em seco e me encolhi ali nas costas dele, temendo derramar alguma lágrima, ou que ele visse pelo fato do meu capacete estar com o protetor dele levantado. Apenas fiquei escondida no meu assento.
Quando chegamos, me forcei a ignorar o clima que as emoções de Seth deixava. E o pior – ou melhor – é que só eu sentia o ambiente diferente. Tenso. Sim, essa é a palavra.
– Lavine, querida, uma jovem ligou aqui, dizendo que virá em algum tempo. Seu nome é Camila.
– Ela falou que não conseguiu vir antes. – sorri. – Sinto saudades dela.
Sinto falta dos meus pedacinhos de Los Angeles. Todas as minhas amigas e amigos, meus professores que adorava, principalmente meu lar. Eu não ligo muito de ter sido adotada. Não fico me doendo por minha mãe biológica ter pensado que eu morri. É tudo passado.
Agora: presente e futuro que devo me concentrar.
Mandei mensagem para Nessie perguntando se Emma estava bem. Pelas palavras da resposta, ela revirou os olhos lendo a minha. Ri com isso.
Jake nos mandou para patrulha, e realmente havia um cheiro novo. Embry falou que Sam o informara que sabia, e passou para o nosso bando.
Acho que conheço esse cheiro, falei, tentando com todas as minhas forças de concentração manter-me neutra a apenas isso. Talvez seja amigo do Jack...
Não venha com talvez, meu irmão rosnou, precisamos de confirmação.
Jake... Seth o alertou. Mesmo Seth gostando de Jacob como um irmão, o imprinting estava ali.
E como sabe?
Porque eu já o vi, revirei os olhos com seu tom rude. Odiava quando ele fazia isso.
Deixei que a raiva momentânea mascarasse qualquer outro pensamento que eu não deveria ter com tantos lobos na minha cabeça.
Ótimo, você fica perto de sanguessugas desconhecidos e...
Eu estou bem, rosnei, sei me cuidar tanto quanto você.
Mas não sabe identificar cheiros!
Eu sou nova nisso, se você não notou.
Seth rosnou e deu um passo na direção de Jake. Fiquei em sua frente.
Dá um desconto, Jake. Ela acabou de se juntar a nós. Andrew falou.
Está tudo ok, Seth. Estamos sob controle. Apenas tenho que me conformar com a grosseiria do meu irmãozinho.
Visualizei Jacob rolando os olhos.
Nada além da verdade.
Eu não me cansava de ver como Seth era um belo lobo. Meu lobo preferido, mais bonito. Mais bonito até do que eu, que era totalmente branca.
Envergonhada, joguei meus pensamentos para outro lugar.
Tenho certeza de que é o cheiro dele, resmunguei, ouvindo Embry rolar de rir com o que ouviu da minha mente. Soltei um profundo rosnado e pulei nele, nos fazendo rolar pelo chão antes de parar.
Eu juro que vou te morder!
Mas isso não o parou. Sabia que meus pensamentos me entregariam, mas não pude deixar de tentar morder seu rabo. Rapidamente se jogou para longe de mim. Comecei a correr atrás dele, ficando irritada porque ele ria sem medo.
Parem já os dois!, meu irmão disse, e eu finquei meus pés no chão. Não gostei do modo que essa ordem me penetrou.
Captei um ciúme da mente de Seth, e tratei me voltar para onde estava o resto do bando.
Quero patrulhas para conseguirmos rastrear esse sanguessuga. Não quero ele caçando em qualquer lugar em La Push.
Estremeci, me lembrando do vermelho vivo em seus olhos.
Jacob me encarou, não deixando isso passar despercebido.
Se eu souber que você está perto desse...
Não foi como se eu quisessse ter encontrado ele!, gritei, pare de pegar no meu pé...
Estreitou os olhos para mim. Isso não era o fim da conversa.
Logo chegaria o feriado de Ação de Graças, e minha amiga estaria aqui. Não via a hora de abraçar ela.
Jacob logo conseguiu encontrar o tal vampiro, graças a Collin. Fui rapidamente no lugar de Seth, não o querendo perto. Jake achou ok, entretanto meu ex não ficou satisfeito de modo algum. Meu irmão foi para sua forma humana - comigo e com outros três lobos transformados para protegê-lo - e lhe avisou que o queria fora de La Push, e era seu aviso final. Senti um calafrio quando me olhou, parecendo satisfeito com algo. Prometeu não caçar por ali, e eu senti certo alívio de não o ter por perto. Mas sabia que ia encontrar uma forma de se certificar...
– Fez seu dever de casa?
Quase me assustei com Seth. Meus reflexos de lobisomem não ganham da minha mente quando ela entra num abismo de pensamentos.
– Minha mãe pega no pé enquanto não terminar.
– Não estou com cabeça para isso.
Agora foi minha vez de sorrir forçado. Honestamente torci para que ele não puxasse mais assunto e desse meia volta em seus calcanhares. Mas estou falando de Clearwater.
– Pegaram o vampiro?
– Sim. Realmente eu o conhecia. Jake quis se assegurar de que ele não voltaria para as nossas terras. Aqueles olhos vermelhos me dão arrepio.
– Já o viu aonde? - franziu o cenho.
– Por aí. - me limitei a isso. - Devia ter contato antes para Jake assim como fiz sobre Jackson. Assim não teriam sido pegos de surpresa.
– Não gosto de você perto de um vampiro daquela forma. - cuspiu, e eu me surpreendi com sua proteção.
– Jake também não gostou. - apontei. - E nem eu. - admiti num suspiro. - Mas sei que vocês não vão deixar nada acontecer comigo.
Desviei o olhar, com medo de ele achar algo que não deveria.
– Você parece estar com os pensamentos a mil.
Sentou-se à cama, ao meu lado.
– Como assim pareço? – levantei o rosto para enxergar seu olhar.
– Você é uma loba. Tem reflexos perfeitos. Não me ouviu chegar. Sei que está pensando demais.
Sorri fraco.
– Talvez esteja. Talvez... Talvez eu esteja pensando demais quando deveria deixar as coisas acontecerem em seu devido tempo.
– Está se referindo a que?
Ao fato de o meu coração se apertar pra possibilidade de eu parar com essa palhaçada toda e voltar para você... Um dia.
– A tudo o que está acontecendo na minha vida.
– Te conheço. Sei que fez a decisão certa para a sua vida. E para você mesma.
O observei. Sua feição se encontrava neutra. E então eu sabia que ele lutava para esconder o que estava sentindo. E sendo cuidadoso nas palavras para não falar demais. Por que precisaria disso?
Meu cérebro revirou informações até chegar à única conclusão lógica que havia: ele viu. Me viu beijando Jackson.
Sei que não há motivos com o Nahuel. Preciso me lembrar disso. Ele disse isso porque sabia que Nahuel era o menor de seus problemas. Sabia que Jack quem estava no seu caminho.
Engoli em seco, sem saber o que dizer. Só queria que não tivesse visto, Seth... Te contar é algo totalmente diferente de você presenciar.
– Sabe que não me deve satisfação.
Por mais que tentasse esconder, em seu olhar estava a profunda mágoa que tanto tentei não lhe causar. E falhei. O olhar que tinha em seu rosto... Ele estava se machucando para me deixar ir. A consequência do imprinting.
Eu me despedi de Jackson com um abraço: Seth camuflou sua fala.
– Seth, eu nunca quis magoar você... – uma lágrima escapou dos meus olhos. Minha mão se levantou automática para afagar sua bochecha. Relaxou ao meu toque.
– Hey, não chore. – sussurrou para mim, como se fosse eu quem precisasse de palavras de consolo. Odiei isso. Esticou sua mão e limpou a lágrima escorrendo em meu rosto. - Você tem o direito de ficar com quem quiser. Se lembre, eu serei exatamente o que precisar. Ainda sou seu amigo, uh?
Meu coração naquela hora parecia quase tão pesado quanto na hora que levaram Emma de mim. Eu não queria apenas sua amizade. Argh!
Magoando sem querer pessoas tão importantes para mim.
Sem dizer nada, levantei e peguei minha toalha. Girei em meus calcanhares, e ele estava ali, me olhando. Andei até seu encontro, me estiquei de olhos fechados, deixando nossos rostos próximos um do outro. Se eu fosse controlada apenas por instintos, já teria o beijado.
Soube que precisava recuar ao sentir sua mão em meu pescoço.
Depositei um beijo em sua bochecha.
Me afastei. Ele me encarou, e pelo o que eu conhecia dele, isso mexeu com seu sentimental.
Seu olhar possuía a mágoa que só eu poderia tirar.
Ahhh, e como eu queria......
– E então você aperta aqui, está vendo?
– Sim. - murmurei, prestando atenção na ferramenta e no parafuso. - Eu teria apertado para o outro lado.
– E é por isso que eu estou te ensinando.
Sorri e o empurrei de brincadeira.
– Sua garagem é enorme, Jake. - falei, me jogando no chão. - Eu poderia dormir aqui.
– Você não é nenhum carro precisando de conserto. Fique longe da minha garagem. - brincou.
Tentei sorrir, mas acabei falhando. Suas palavras tiveram duplo sentido. Ele não fazia ideia de como eu precisava de um conserto. Talvez mais do que a moto que ele estava trabalhando. Ela parecia muito bem, muito melhor do que eu.
– Lav?
Virei minha cabeça em direção a voz.
– Eu falei algo errado?
– Está tudo bem, Jake. - sorri forçado.
– Sabe que eu me preocupo com você, independente de você ser minha irmã biológica, certo?
– Como assim? - perguntei, me virando de bruços, encarando suas mãos que voltaram a mexer nas peças.
– Você é do meu bando. Então é minha irmã duas vezes.
Ri, apreciando isso. Jake é o irmão mais velho que eu sempre quis. Apesar de ele encher o saco as vezes, se preocupa de verdade comigo.
– Sei que está escondendo algo de todos.
Meu corpo ficou tenso com essa declaração. Seus olhos não demonstravam hesitação na afirmação, e engoli a seco.
– Eu poderia te dar uma ordem de me contar tudo. - deu de ombros, voltando para o conserto. Abri a boca, incrédula. - Claro que eu jamais faria isso. Eu nunca faria vocês fazerem algo contra sua vontade.
Soltei o ar, aliviada.
– Mas eu poderia. - repetiu.
– Eu entendi o que você pode, alfa. - minha voz saiu cheia de ácido. - Ora, se vai fazer, pare de blefar e o faça! - me levantei num pulo, e me dirigi para fora dali.
– Hey. - segurou meu braço. Eu poderia me livrar do seu aperto facilmente. - Isso não foi um blefe. Não estou dizendo que vou. Só estou preocupado.
– Bela forma de demonstrar sua preocupação. - rolei os olhos para ele.
– Sente. - ofereceu.
– Vou sentar porque eu quero.
– Claro, claro. - sorriu.
Sentei em silêncio, e ele também não falou mais nada.
Eu tinha medo de que ele chegasse a conclusão certa rápido demais. Ou perto demais. Nunca foi novidade para ninguém o quanto Seth e eu nos amamos. Eu não tive imprinting por ele, só que essa força também me atrai em sua direção. Seu amor me fez amá-lo como nunca cheguei a gostar de alguém.
Eles sabiam, tinham provas dos nossos pensamentos do nosso amor. Mesmo agora, eu tinha dificuldade em esconder isso. Os outros achavam que eu estava divivida por "gostar" de Seth e ter sentimentos por Jackson - outra coisa que escapou da minha mente. O bando todo sabia agora, mas pelo menos não sabia da verdade.
– Você é fácil de ler, Lavine. - falou, desistindo de mexer na peça e vindo sentar ao meu lado. - E eu sei que tem algo que você está escondendo. E não é um segredo íntimo, - se apressou a dizer quando abri a boca para contradizer. - é um segredo apenas. E tenho que dizer, você é muito boa escondendo seus pensamentos.
– Jacob...
– O que quero dizer é, você ainda gosta do garoto. Só que, se isso for o suficiente para você ficar com ele, fique. Vocês dois são fortes juntos, podem superar qualquer coisa. E se for o caso, a matilha e os Cullen podem te proteger.
– Jake! - ri forçado, e ele não percebeu. - Fala sério. Acha o que? Que estou sob sentença de morte? Relaxe, cara. - ri de novo, desta vez nervosa pelas minhas palavras. Não era eu que estava sob tal sentença.
– Você entendeu o que eu quis dizer. - bagunçou meu cabelo, me fazendo xingá-lo. - Ora, ora, Billy vai gostar de saber que a menininha dele fala palavrões.
– Como se você nunca tivesse me ouvido falar. - rosnei, lhe dando um soco. Não queria que Billy ou Charlie, ou Sue soubessem. Eu os respeitava demais para falar perto deles.
– Queria que Seth recebesse um desses. - gemeu ele, esfregando o local afetado. - Sempre caçoa de mim por apanhar de você.
– Caçoa? - perguntei, curiosa de repente.
– Sim. - ele falou devagar, analisando minha reação. - Ele acha hilário que alguém possa me bater sem punição do bando.
Dei uma gargalhada. Só pelo fato de Seth falar sobre mim com alguém, de uma maneira boa, enchia meu coração de alegria.
– Pelo menos eu divirto alguém. - baguncei seu cabelo.
Me levantei do chão, ao ver a hora.
– Estou com fome. - o empurrei com o pé de leve, apressando-o. - Billy logo vai nos chamar.
– Vive com fome. - ele bufou, se colocando de pé e caminhando ao meu lado. - Se houvesse uma guerra e alguém ficasse abrigado com você, essa pessoa estaria perdida. Morta de fome.
– Como você é engraçado.
O soquei outra vez, mas desta vez ele desviou.
– Logo você vai ter que se mudar. - brincou. - Billy gosta mais de você do que de mim em casa.
– Dramático. - sorri. - Billy é um amor. Você também não é ruim. - provoquei.
– Ahh, é? - sorriu de lado. - Vem cá, baixinha!
Me pegou e me colocou sobre seu ombro enquanto eu gritava. Correu para a casa.
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Você é meu destino (Quileutes - pós Saga Crepúsculo)
FanfictionLavine é uma garota excluída que mora numa cidade grande. Perdeu os pais em tragédias ao longo da vida, e a irmã foi levada para um orfanato diferente do seu. Sofrendo bullying aonde quer que vá, ela não tem amigos. Mas de repente se vê em um desti...