Cortejo

Capítulo V

Thorin saiu pouco depois de dar o presente a Bilbo. Bilbo tentou esconder sua confusão e consternação, mas temia que tivesse falhado.

Ele não sabia por que Thorin lhe daria outro presente, mas ele estava com medo de que fosse outra tentativa de se desculpar por aquilo que já havia sido perdoado. Honestamente, Bilbo ficaria um pouco aflito por seu perdão ser tão facilmente duvidado se ele não entendesse por que Thorin poderia ter dúvidas. Não fosse pelas tentativas fervorosas e frequentes de Thorin de se desculpar, ele poderia duvidar que Thorin poderia ter perdoado seus próprios pecados. Ele tomou um gole de chá e fez uma careta ao perceber que havia esfriado enquanto pensava.

Um leve rangido atrás dele foi a primeira indicação de que ele não estava mais sozinho. Virando-se, encontrou Ori tentando andar na ponta dos pés, lentamente, ao redor de uma estante de livros e fora de vista. Bilbo reprimiu um suspiro, era demais pedir que sua confusão fosse pelo menos confidencial?

"Ori", ele chamou. Melhor deixar o pobre rapaz saber que ele foi pego antes que ele fizesse algum mal andando assim. "Eu estava prestes a fazer um chá fresco. Por que você não se junta a mim?"

Ori não respondeu, nem se mexeu, tempo suficiente para que Bilbo se preocupasse. "Ah sim". Ele finalmente disse. "Isso seria ótimo."

Bilbo acenou com a cabeça e começou a fazer o chá, quando Ori se mudou para o lugar recentemente desocupado de Thorin. Bilbo ficou aliviado ao notar que ele estava andando normalmente agora. Enquanto esperava que a chaleira terminasse de ferver, ele refletiu que era uma coisa boa que eles o contrataram para fazer esse trabalho. Ele quase poderia ser confundido com um hobbit, se julgado pela capacidade de se esgueirar.

"Então, quanto disso você ouviu?", Perguntou Bilbo ao trazer o chá para a mesa.

   "O quê?" Ori guinchou. “Não-nada! Eu não estava escutando, juro!"

“Acalme-se”, Bilbo não pôde deixar de sorrir para o anão afobado. "Eu não sou louco. Eu entendo que essas coisas podem acontecer por acaso às vezes. Eu só preciso saber o quanto você ouviu, então eu sei o quanto eu tenho que te contar."

O rosto de Ori se encolheu em pensamentos. "Contar o que?"

Bilbo gostou da sua fala por um momento antes de suspirar. “Estou precisando de um pouco de conselho e já que você já ouviu parte do problema, posso muito bem perguntar a você.”

   "Oh, uh." Ori se mexeu desconfortavelmente. “Eu não tenho certeza de quanta ajuda eu posso ser, mas, uh. Eu vi você abrindo o presente. Nada mais!"

   "Ah", Bilbo levou um momento para reunir seus pensamentos. "Eu suponho que a primeira coisa que eu preciso saber é, por que ele me daria uma coisa dessas?"

   “Oh, bem, é realmente tradicional. Jóias, quero dizer. Para mostrar o que você sente". Bilbo desejou que Ori soasse mais confiante em sua resposta. "Você não faz isso no Condado?"

   "Sim. Bem, não jóias, geralmente, nós tendemos a dar comida principalmente. Mas o que eu não entendo é porque ele ainda está me dando coisas. Ele já me deu uma conta. Por que ele precisaria me dar mais alguma coisa?" Bilbo estava tão confuso.

   "Você não quer que ele lhe dê mais?" Agora Ori soava confuso. "Você não gosta deles?"

   "Eu amo minha conta e isso", ele acenou para a corrente, sem um nome próprio para chamá-lo, "é certamente adorável, mas o que eu devo fazer com isso? Ou qualquer outra coisa que ele me desse? Nós, hobbits, somos criaturas simples. Eu não preciso de coisas tão extravagantes. E eu certamente não preciso de presentes porque ele ainda está se sentindo culpado. Desnecessariamente, devo acrescentar."

   "Culpado?" Ori guinchou novamente, mas Bilbo estava muito cheio de indignação para lhe dar muita atenção.

  "Bem, se os anões precisam de presentes para se fazerem entender, eu apenas terei que fazer algo para Thorin, então ele realmente entenderá que eu o perdoei."

Bilbo assentiu e se levantou. "Obrigado por toda sua ajuda Ori." O jovem anão assentiu também, embora parecesse um pouco confuso. Bilbo não tinha certeza do porquê, mas não teve tempo de descobrir agora. Ele já tinha um anão confuso para lidar, qualquer outro teria que esperar até que ele terminasse com o primeiro.

Com esse pensamento firmemente em mente, ele ofereceu a Ori um bom dia e voltou para seus aposentos para começar a planejar.