Capítulo 4

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Pedro

Uma menina. Eu teria uma bela garotinha. Não tem como não a imaginar parecida com a mãe. Aqueles olhos que me chamaram atenção ainda na infância.

Me matava ter que esconder minha felicidade no momento em que eu passasse pela porta de casa.

Miau

Bartolomeu se joga aos meus pés rolando de um lado para o outro. Acaricio seus pelos, fazendo ele ronronar.

— A mamãe está aonde garoto?

Miau
É sua resposta.

— Sara? — Chamo seu nome andando pela casa.

— No quarto — Escuto sua voz. Entro no quarto dando de cara com ela pronta para ir para o aeroporto, sentada em cima da mala, tentando fechá-la.

— Precisando de ajuda? — Ela sorri afirmando.

— Acho que estou levando muita coisa, mas vai que eu preciso. Não quero gastar mais do que o necessário lá — Ela me encara — Queria muito que viesse comigo — Ela fala com aquele tom de quem está falando casualmente. Termino de fechar a mala e deixo ela em pé no canto do quarto.

— Já conversamos sobre isso, Sara. Ainda estou pagando o empréstimo que peguei com o banco para montar o meu consultório. Eu não posso deixar de trabalhar um dia sequer e você sabe disso — Ela assente triste.

— Eu entendo... era só uma vontade mesmo. Seria muito romântico, como uma lua de mel — Sorri.

— Lua de mel sem sexo, grande coisa — Só quando as palavras me abandonam que eu percebo a merda que falei.

Vejo a decepção e magoa nos seus olhos e isso anda se tornando frequente.

— Desculpa, eu falei sem pensar — Ela afirma e vai para o banheiro.

Grandessíssimo babaca, Pedro. É isto que você é!

— Amor? — Bato na porta.

Giro a maçaneta e encontro ela sentada no chão. Está chorando. Tenta secar as lágrimas com as mãos quando me vê.

Me sento ao seu lado.

— Me perdoa, Sara, não falei na intenção de te magoar. Juro que não foi. Só que é difícil para mim e você nunca irá entender o meu lado. A necessidade física de tocar a mulher que eu amo. Não te escondi que eu saia com muitas garotas e tinha muito sexo casual, mas abri mão disso por você. Porque quero construir algo bonito ao seu lado. Entendo sua promessa apesar de não concordar muito com ela. Mas enfim, é uma decisão sua. Adiantamos o casamento por causa disso e agora você vai embora e me deixa à deriva por mais três meses.

— Está dizendo que só me pediu em casamento pelo sexo? — Sua voz está afetada pela raiva e decepção.

— Sendo sincero? Sim e não. Eu te amo, e o pedido de casamento viria cedo ou tarde, faz parte de mim. Prezo o casamento. Aprendi isso com os meus pais, mas se já estivéssemos tendo uma vida sexual ativa, ele teria demorado um pouco mais. Daqui a um ou dois anos, quando eu terminasse de quitar minhas dividas, então poderíamos tentar dar entrada em uma casa maior, com jardim e poderíamos começar a pensar em filhos — Agora é um pouco tarde para isso, não é, Pedro? Já tem um a caminho.

— Sei que não deveria ficar magoada com isso, mas fico. Não posso abandonar o sonho dos meus Pais para mim, é uma apresentação internacional...

— Isso que me deixa chateado, Sara. São sempre os sonhos dos seus pais, e os seus sonhos, ou os meus? Eles eram ótimos, ok, mas eles morreram e isso não tem volta. Acredito que eles ficariam muito mais felizes se você fizesse as coisas que te farão feliz, e não as coisas que esperam de você.

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