Capítulo 24

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Isabella

O Luto era algo inexplicável. Perder alguém que se ama de forma tão brutal era dilacerante.

Saber que nunca mais irá ver aquela pessoa amada, partia o coração em mil pedacinhos.

Eu ainda não entendia o motivo de estar passando por aquilo de novo. A primeira vez foi com a minha mãe e eu era pequena demais para entender tudo aquilo e bom, eu tinha meu Pai que se esforçava todos os dias para ser o melhor, mas agora, quem seguraria minha mão?

— Está pronta? — Enzo, que vestia uma roupa escura colocou a mão no meu ombro.

— Por que? — Perguntei com os olhos marejados de novo e ele me abraça.

— A vida tem dessas, Isa. Nem sempre iremos saber o motivo — Assinto me afastando, secando as lágrimas.

— A Cristina não merecia isso — Choro ainda mais — Aquele desgraçado mereceu morrer — Ele assente.

Cristina havia sido atropelada por um motorista embriagado, enquanto ia trabalhar. O cara morreu na hora, mas junto com ele levou minha amiga querida e mais duas crianças, deixando a mãe deles em estado grave.

Será que as pessoas não entendiam a gravidade de dirigir alcoolizado?

— Infelizmente as pessoas são inconsequentes, Isa. Eu mesmo já cansei de fazer isso e graças a Deus não aconteceu nada. Acho que a maioria acha que nunca vai acontecer consigo, até que acontece.

— Acredito que sim... vamos? — Ele assente e juntos vamos para me despedir da minha amiga querida.

O cemitério está repleto que pessoas que amavam Cristina. Sua família, pessoas da igreja que ela congregava e as costureiras da confecção. Todos ali prestando a última homenagem a ela.

Amiga, companheira fiel e filha amorosa.

Assim que desceram o caixão, Enzo me levou para o Hospital, onde Pedro comia uma sopa.

Sim, ele havia acordado depois de uma semana. Passei todos os dias velando seu sono, assim como sua família, menos Tia Lara, é claro. Ela precisava de repouso total e isso estava acabando com ela.

Minha mãe estava ajudando ele com a sopa e quando eu cheguei ela sorriu fraco e se afastou, me dando espaço.

Colocou a mão no meu ombro com um sorriso triste e perguntou:

— Como foi?

— Triste, muito triste — Ela me abraça, alisando meu cabelo.

— Tenho certeza que o céu está em festa por recebe-la, filha — Eu também tinha. Jamais conheci pessoa mais bondosa e honesta como ela.

— Isso é o que mais conforta, saber que ela está em um lugar melhor — Me afasto do seu abraço e encaro meu ferido favorito.

— Ele deu trabalho? — Pedro revira os olhos.

— Eu nunca dou trabalho — Diz.

— Que nada, esse aí é muito obediente — Pedro sorri para minha mãe que se aproxima dele e beija sua testa.

— Bom, eu vou indo, sua irmã não está muito bem também — Assinto. Minha irmã era um poço de tristeza, desde que descobriu que engravidou do nosso primo.

Acho que guardar aquela informação estava acabando com ela.

— Obrigada por vir, mãe — Recebo um beijo no rosto.

— Vamos almoçar com vocês no final de semana, mas pode deixar que levamos tudo, tudo bem? — Assinto e ela sorri, acena e vai embora.

Deixo minha bolsa no chão aos meus pés e me sento em uma poltrona próxima a ele.

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