Capítulo 13

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Gabe

— Vai demorar muito ainda? — Minha irmã pergunta da porta. Sua cara me mostra que está arrependida de não ter ido na frente com nossos pais.

— Só vou colocar a roupa — Faço um gesto para o meu corpo, mostrando que ainda estou de toalha.

— Estou te esperando na sala, vê se não demora — Diz com mau humor.

Essa era a vida da minha irmã. Mau humor e trabalho. Desde que perdeu a criança naquele acidente, não foi mais a mesma. Aquele acidente fodeu a cabeça dela e fez o Enzo se afastar. O vi apenas duas vezes nesses quase seis anos e minha irmã fez questão de não o ver nenhuma

(Blin) meu celular toca uma notificação.

Sara: Pedi para filmarem a apresentação de ontem como me pediu. Depois me diz se gostou

Em seguida chega o vídeo. Cliquei e sua voz começou a ecoar pelo meu quarto. Era uma linda voz. Ela tinha muito talento.

Ouvia enquanto me arrumava.

Sara. Esse era o nome do novo problema que me meti. A conheci no orfanato. Tão linda, tão boa. O único problema era que ela tinha um noivo. Ela mesmo nunca me contou, mas as crianças sempre comentavam. O que era uma pena. Porque pela primeira vez, eu tive vontade de investir em uma garota. Depois da Laura.

Eu: Está perfeita como sempre. É muito talentosa, Sara! Gostaria de ficar aqui te elogiando por mais tempo, mas é aniversário da minha mãe. Como te falei esses dias toda a família se reuniu para comemorar.

Sara: Divirta-se e aproveite a piscina. Aqui está muito frio. Estou com inveja de você.

Sorrio ao ler e travo o aparelho, guardando ele no bolso. Encontro Mariah deitada no sofá mexendo no celular.

— Vamos? — Pergunta se levantando e jogando o aparelho dentro da mochila.

— Agora mesmo. Que dia ruim para ficar sem carro, hein? — Ela afirma irritada.

— Ele sempre quebra nas piores horas — Isso era verdade. Aquela relíquia dela vivia quebrando e eu tinha que ir ao seu resgate.

No carro ligamos o ar no máximo. O calor do Rio estava castigando, mas em compensação o dia estava ótimo para uma piscina. Fazia um tempo que eu não participava das reuniões de família. Perdi a apresentação da noiva do Pedro, mas meio que não importava, já que agora estava com a minha prima Isabella e ela estava grávida dele. Que loucura. Até hoje não entendi muito bem como isso tudo aconteceu, mas aconteceu.

Estacionei e Mariah foi andando na frente, dizendo que tinha que falar com alguém que ela tinha visto.

Do outro lado do estacionamento eu a vi. Era ela, eu tinha certeza. Vinha sorrindo de mãos dadas com o babaca que eu vi a anos atrás na faculdade. O mesmo que enganou ela. Ela sorria para ele e cada um segurava a mão de uma menina.

Não tinha como evitar o encontro. Era inevitável. E também não tinha porque eu me esconder.

Mais alguns passos e estamos frente a frente.

— Gabe — Pronuncia o apelido que ela mesmo me deu ainda na infância.

— Laura — Olho para o cara — Inácio, não é mesmo? — Estendo a mão na sua direção e ele aperta. Vejo a surpresa nos olhos dela. O que, ela achou que eu fosse me enrolar com ele no chão?

— Ele que é o Tio Gabe, não é mamãe? — A pequena garotinha loira pergunta para a mãe.

Me abaixo ficando na sua altura.

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