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Passei o resto do caminho encarando a janela, me preparando pra qualquer coisa.

-Chegamos_falou estacionando. Continuei olhando pra janela. Ele suspirou alto, eu consegui ouvir_Manu, não é tão ruim assim.

-Tudo bem, vamos ficar um pouco pelo menos.

Ele sorriu.

Descemos do carro. Olhei em volta, pareciamos estar em um bosque.
Da onde foi que ele tirou essa idéia de acampar? Que louco!

Ele pediu pra eu dessarrumar a mochila grande que ele tinha levado e foi armar as duas barracas, pra caso eu mudasse de idéia. Não sei como ele tinha tanta fé nisso.

A idéia de acampar não me pareceu ruim, eu nunca acampei, ele realmente conseguiu me surpreender. Mas o fato de eu ainda desconfiar dele me fazia ficar com um pé atrás pra tudo, eu tinha uma imaginação muito fertil também, isso não ajudava.

Depois de tudo "arrumado" ficamos sentados em um tronco de árvore comendo marshmallow, é o que se espera quando vai acampar.

-Então, me fala_falou quebrando o silêncio_Ainda está lendo aquele livro de poemas?

-Sim, estou. Esse livro me faz sentir que estou perto de encontrar o Eric.

-Que bom. Mal posso esperar que ele apareça.

-Você pretende voltar a ser amigo dele?

-An?_perguntou parecendo que por um segundo seus pensamentos tinham ido pra longe_Ah sim, quem sabe.

-O que vocês costumavam fazer juntos quando eram proximos?

-O que a gente mais fazia junto era jogar bola. Quando eu conheci ele lá no jogo dos meninos, na rua, a gente ficava direto no mesmo time, por isso logo viramos amigos.

-Espera, vocês não se conheceram na escola?

-Sim, eu quis dizer depois disso. A gente pegou intimidade mesmo depois do futebol.

-Hm. Porque foi mesmo que vocês se afastaram?

-Foi... Pra dizer a verdade eu nem lembro mais. Deve ter sido alguma coisa bem besta_falou sorrindo.

-Sei_falei meio desconfiada.

-E você? Me fala mais de como vocês viraram amigos.

-Na verdade nós nem viramos amigos de verdade. A gente não se falava muito, ele só me deu algumas caronas, e só conversamos de fato duas vezes acho.

-Duas vezes?

-Sim. Uma foi em um dos dias do trabalho do colégio, só que ele pareceu estar me interrogando. E a outra foi naquele dia do prédio que te falei.

Eu estava abraçando meu corpo porque o vento noturno estava friu.

-Sei. Você está com friu?

-Um pouco.

-Espera_falou se levantando. Pegou o que parecia ser uma manta e colocou sobre me ombros_aqui.

-Valeu_falei e ele sorriu. Depois ficou me encarando fixamente_O que foi?

-Nada. Posso te fazer uma pergunta?

-Fale.

-Vocês tiveram alguma coisa?

-Como assim?_perguntei e deu uma mordida no meu marshmallow torrado.

-Manu, você não é tão bobinha.

Supirei.

-Porque ta me perguntando isso?

-Só curiosidade_falou ainda me encarando.

Quando Você Não Está OlhandoOnde histórias criam vida. Descubra agora