Capítulo 14

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Ela tinha sentimentos por Cheryl.

Toni olhou para a menina mais nova ao seu lado e mordeu o lábio. Por que não poderia se apaixonar pela garota amigável que sempre sorri para ela no Starbucks? Ou até mesmo a menina de cabelos loiros em sua aula de História da Arte?

Não, ela tinha se apaixonado por Cheryl. O tornado confuso que tinha aparecido em sua porta.

Mas, Cheryl era tantas outras coisas para Toni. Adorável, carinhosa, simpática, genuína, pateta, encantadora e amarelo. Amarelo.

Toni agora entendia o porquê da menina mais nova gostar tanto dessa coloração. Cheryl era um representante humano para a cor. Brilhante, animadora e alegre. Amarelo também é a cor do sol, o que a menina de cabelo rosa considerava irônico.

Então, para responder sua própria pergunta, sim. Toni deixaria Cheryl beijá-la. Havia apenas um problema: a mais velha não  tinha ideia se Cheryl sabia o que significava beijar. E se ela quisesse beijar todo mundo que já conheceu?

Era óbvio que Cheryl era capaz de amar. Toni podia afirmar isso pelo jeito que a menina dava o mais gentil dos cuidados por algo tão trivial como uma flor. Cheryl amava. Cheryl amava todas as coisas.

Mas será que Cheryl sabia como amar?

O fato de que Toni pôde se ver amando Cheryl a surpreendeu. Ela nunca havia visto ela mesma se apaixonando. Na verdade, a menina de cabelo rosa basicamente jurava não querer nenhum relacionamento antes de conhecer Cheryl.

Toni não gostava de pessoas. A maioria delas. Ela gostava da sua família, suas companheiras de apartamento e agora Cheryl. 

Ela sempre teve medo de alguém tentar ser seu amigo pelas razões erradas, ou que estava sendo legal com ela de sacanagem. Toni odiava sigilo, mentiras e cada coisa que a maioria das pessoas consideravam ser apenas uma parte normal da vida.

Mas agora, tinha Cheryl e ela era pura. Cheryl era inocente. Não havia palavras para descrevê-la. Ela era apenas genuinamente Cheryl.

Não tinha como saber se a ruiva tinha sentimentos recíprocos por ela, na verdade. Toni suspirou pesadamente, percebendo que ela apenas teria que esperar e ver o que irá acontecer.

Cheryl levantou a cabeça e franziu o cenho quando sentiu a mais velha suspirar.

- Cha-cha? Você está triste?

Toni riu suavemente e negou com a cabeça.

- Não, boba! - Ela enrugou o nariz. - Eu só estou cansada. - Cheryl bocejou e a mais velha percebeu que a outra menina provavelmente continuava exausta pela noite anterior. Ambas não conseguiram dormir muito.

- Boa noite, Cha-cha. - Cheryl murmurou antes de enterrar a cabeça no ombro de Toni, que mordeu o lábio, tentando não sorrir. A menina mais velha ficou olhando para o teto por um tempo, continuando a pensar na menina que estava bem ali, deitada em seu ombro. 

A mão de Cheryl se contraiu involuntariamente e Toni riu, notando que ela já havia adormecido. A menina de cabelo rosa se remexeu mais um pouco para que pudessem caber no sofá e encostou a cabeça, suspirando baixinho, convidando o sono para alcançá-la. Eventualmente, suas pálpebras ficaram pesadas e ela adormeceu.

Enquanto isso, Veronica e Betty estavam dispensadas da única aula do dia. A menina de cabelos negros limpou o suor da testa e tomou um grande gole da garrafa de água.

- Estou acabada! - Veronica bufou assim que Betty pendurou sua mochila no ombro.

- Eu também. Estou morrendo de fome. - A loira acariciou seu estômago para dar ênfase e Veronica concordou com a cabeça.

𝐲𝐞𝐥𝐥𝐨𝐰 • 𝐜𝐡𝐨𝐧𝐢 Onde histórias criam vida. Descubra agora