Damaging Bullet Hearts - Versão Monik Stivens

Fervendo

Acordo aos poucos e me mexo levemente na cama, procurando pelo corpo e os braços quentes de Jack, mas desperto decepcionada por saber que ele não está aqui. Olho em volta do seu quarto, mas está tudo silencioso. Me questiono o porquê de ele ter me deixado sozinha depois de uma noite tão maravilhosa. Me dou conta que o quarto está inundado por um cheiro forte e doce de café fresco. Jack está na cozinha, claro. Isso me faz sorrir aliviada. Ele apenas se levantou para fazer café da manhã para mim. Acho que vou até a cozinha e abraçar aquele corpo forte e quente por trás, a fim de demonstrar a minha gratidão.

Levanto e ando até o seu guarda roupa e o abro. Fecho meus olhos por alguns instantes, sentindo o cheiro maravilhoso dele. O cheiro que está na minha pele. Oh, Deus, que eu não me apaixone por esse homem. Pego uma camisa cinza que me chama atenção e a visto, cobrindo meu corpo nu. Seu cheiro misturado ao perfume de amaciante da sua roupa é uma mistura que me deixa deliciosamente tonta. Ah, Jack, o que você está fazendo COMIGO?

Sinto o meu celular vibrar com força no criado mudo onde o deixei na noite passada para fazer amor com Jack. Ando sem pressa até onde ele se encontra e suspiro desanimada ao ver que é Bill que está me ligando. É sempre assim, ele me espanca, me humilha e me me joga no fundo do poço. Depois de conseguir à muito custo escalar as paredes lisas, ele vem como um cachorrinho me pedir perdão como se nada constasse, como se isso não me desgastasse. Atendo quando o telefone toca de novo, uma segunda chamada.

—  O que é?

— Amor, amor, onde você está?

— Não importa. O que você quer me ligando?

— Nós precisamos conversar. Sobre a última vez em que nos vimos...

- Ah, pelo amor de Deus, Bill! - o corto imediatamente. - O que diabos você quer de mim? Acha mesmo que depois do que houve no nosso último encontro, eu vou perdoá-lo? Quer saber, EU CANSEI! Eu sou uma mulher, não um saco de pancadas, ou alguma propriedade sua! Há mais de cinco anos que venho suportando esse inferno.

— Você está agindo assim comigo porque tem outro homem, não é?

Bufo de raiva e decido ser corajosa agora que estou na segurança da casa e dos braços de Jack:

- NÃO TEM HOMEM NENHUM! - altero o tom de voz e me arrependo logo em seguida. - Eu sempre amei você, mas sua ingratidão não o fez ver isso.Você era meu noivo, não é mais desde ontem, me deixe viver em paz! Meu corpo ainda está todo rígido da surra que você me deu, Bill, eu não vou suportar isso de novo. Antes que acabe matando um ao outro, faça o humilde favor de sair da minha vida. Agora, eu só preciso me concentrar no meu trabalho. Não aguento mais passar por isso...

Num ato de fraqueza, começo a chorar e ele permanece calado. Mas mesmo assim, reúno forças para concluir:

- Não me procure nunca mais.

Encerro a chamada e jogo o celular no criado mudo após desliga-lo. Enxugo as lágrimas e me levanto. Não vou mais permitir que ele me faça sofrer. E agora sei o que quero. E quando falo do que quero, falo de Jack. Sim, eu o quero, eu preciso dele, pois ele que me deu carinho esta noite eu me senti segura como nunca na vida. Mesmo ele sabendo quem eu sou. Mesmo eu sabendo quem ele é. Por isso, eu quero, com todo meu ser, estar com quem me faça bem. Mas o que vou fazer com o amor que eu sei que sinto por Bill? Ah eu só posso ser maluca, ser capaz de amar um homem doente como ele. Mas fazer o que? Uma hora, eu consigo esquecer tudo isso. Espero que Jack possa me ajudar nisso.

Saio do quarto e ando na direção do banheiro. Faço minhas necessidades e lavo as mãos e o rosto. Vou direto para a cozinha, onde sei que ele se encontra. Lá está ele, com as mãos apoiadas à pia, olhando distraidamente pela janela. Parece estar pensando em algo. Continuo andando em sua direção e ele não me nota. Por traz dele, coloco as mãos em seu peito e mordisco sua orelha. Ele se vira para mim e me encara com carinho bem no fundo dos meus olhos. Repara em como estou vestida e nos meus cabelos. Ele sorri pra mim de um jeito tão bonito que me faz sorrir de volta. Ao me ver sorrindo, ele aumenta seu sorriso, como como se fosse um menino vendo uma roda gigante. Ele fica tão lindo sorrindo assim.