Capítulo 02: Detetive Karina Estrela

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Eram quase oito horas da manhã quando a Detetive Karina Estrela chegara ao seu escritório na Delegacia Municipal de Pedra Dourada.

A loira Detetive tinha trinta e poucos anos, um corpo atlético e o pulso firme. Tinha sido contratada para  tomar conta do Departamento Policial da cidade há pouco tempo, mas, já havia conquistado o respeito e a admiração de boa parte da pacata cidade do interior. 

Ela viera de Salvador, capital do Estado, onde tinha cursado Direito pela Universidade Federal. 

Apesar de sempre ter vivido na cidade grande, Karina não gostava muito daquela vida conturbada. Seu sonho sempre fora viver numa pacata cidade do interior e,  à primeira vista, Pedra Dourada lhe parecia bastante convidativa.

Assim que colocara o copo de plástico com café sobre sua mesa, a loira vira Sargento Peixoto entrando.

- Bom dia, Detetive! - exclamara o senhor de meia-idade e barriga volumosa.

- Bom dia, Sargento! - sentara-se em seguida, enquanto ligava o computador - Algo novo?

- Uma moça desapareceu - ele coçara a cabeça careca, era uma mania - Milly Emily é o nome dela. Tem 17 anos, estuda no Rodrigo Antunes Vereza, estava naquela festa da Imperial Band noite passada. Não foi vista mais. 

- Não podemos considerar desaparecimento ainda, Sargento, o senhor sabe disso. Não tem 24 horas ainda.

Karina era justa e muito metódica, seguia à risca o protocolo.

- Mas, você sabe como Pedra Dourada é. Daqui a pouco a população vai estar dizendo por aí que a polícia não está fazendo o seu trabalho. Precisamos procurá-la.

- Eu não falei que não iríamos procurá-la! - Karina fitou o homem - Apenas disse que não pode ser considerado desaparecimento ainda.

- Desculpa...

O fato era que o Sargento Peixoto não era uma pessoa muito sociável. Antes de Karina chegar a Pedra Dourada, ele era o manda-chuva, o todo poderoso da Corporação. Com a vinda dela, o ego dele ficara ferido o que o fazia tentar dificultar a vida da Detetive.

- Ajeite-se, Peixoto! Nós vamos até  a boate.

Karina ajeitara uma mecha de cabelo atrás da orelha, enquanto fitava a tela do computador.

                                                                                  * * * 

A Lage Night Club a boate mais badalada de Pedra Dourada, que contava com mais duas, apenas. A festa da noite anterior, com a Imperial Band, tinha sido animada. Havia garrafa de cerveja, papel higiênico, preservativos e todo tipo de coisa jogadas pelos cantos. Karina sentia que a juventude da cidade estava a cada dias mais próxima da juventude dos grandes centros. Uma lástima, ela pensava.

- Bom dia, policiais! - exclamara Everaldo Tino, o dono da boate - Eu imaginei mesmo que vocês viriam por aqui.

- Bom dia - Karina estendera a mão em cumprimento ao homem - Então, espero que já tenha pensado sobre as respostas que tem que nos dar. As respostas verdadeiras, claro.

- Não tenho por que mentir, Detetive Karina! - Everaldo cumprimentava o Sargento Peixoto - Foi só mais uma festa, como tantas e tantas que acontecem aqui na Lage Night Club. Nada fora do comum.

- Uma garota desaparecida é algo comum para suas festas, Everaldo? - interrompera Karina, o olhar parecendo o de uma águia.

Everaldo engoliu em seco.

O Desaparecimento de Milly EmilyOnde histórias criam vida. Descubra agora