Capítulo 12

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_Camila narrando_

Admito que me enganei completamente sobre o Cassey. Ele é totalmente o contrário do que a imagem que eu fiz dele.

Ele é um rapaz bastante simpático e extrovertido. Estou adorando conversar com ele.

- Um cruziverbalista? - digo.
- Sim. Sério que nunca me viu na TV? - ele pergunta sério.
- Por que veria? - arqueio uma sombrancelha ao dizer.
- Já fui várias vezes em premiações de cruziverbalistas. Eu e minha irmã Lauren né.

Ele fala muito da irmã, é aparentemente óbvio que eles são muito ligados.

- Você e Lauren se conhecem a quanto tempo? - pergunto curiosa.
- Eu não sei. Acho que desde o berçário. - ele ri. - Nossas mães eram muito próximas. Aí agora sou eu com Lauren. - ele abre um enorme sorriso ao dizer. E que sorriso...
- Por que eram?
- Minha mãe faleceu... - ele diz baixo.
- Oh. Eu sinto muito.
- Não sinta.
- E o seu pai? É falecido também?
- Não. Meu pai está preso.

Nossa! Deve ser bem triste ter a mãe morta e o pai na cadeia. Cassey com certeza é muito forte.

- Oh...  Ok. Vamos mudar de assunto. - rimos.
- Melhor. Mas e você senhorita Cabello? É solteira? - ele pergunta com um rosto malicioso.
- Desfaz essa cara e eu respondo. - digo bancando seriedade.
- Que cara? - ele se faz de sonso. Típico.
- Cara de safado. - digo na lata e ele ri. Acabo rindo também.
- Mas sério, me responda.
- Sim, senhor Hendrix, eu sou solteira.
- Olha... Por coincidência do destino eu também sou. - ela dá um largo sorriso ao dizer.
- Idiota.- rio junto com ele.
- Está dizendo que eu não tenho chances com você senhorita Cabello? 

Por um momento eu paro pra pensar na possibilidade. Eu acho que ficaria com um cara como o Cassey. Ele é legal, me faz rir, não me desrespeita, estou gostando de conversar com ele, ainda por cima é muito gato.

- Tenta a sorte. - digo o desafiando. E ele sorri.
- Perai, está dizendo que eu posso tentar lhe conquistar? Sério?

"Seríssimo". Penso.

- Não sei. Essa pergunta vou deixar para reflexão. - pisco para ele, que sorri. - Mas por que senhor Hendrix? Interessado na cubana? - pergunto me fazendo sonsa.
- Não sei. Essa pergunta vou deixar para reflexão. - ele pisca para mim. - O mundo da voltas senhorita Cabello. - ele ri.
- Por isso que existe tantas pessoas tontas.
- Perai, que?
- Sonso. - rio.

_Cassey narrando_

Confesso que achei esse meu encontro com a Camila melhor do que eu imaginei. Ela não é a antipática ignorante que aparentou ser.

Quando ficou tarde se aproximando de 00:00, Camila disse que iria embora, pois já estava tarde. Certamente que eu concordei, e como o cavalheiro que sou me ofereci para levá-la até sua casa. Ela pensou bem e por fim aceitou minha companhia para casa.

E agora aqui estamos, passando pelas ruas escuras e vazias de New York. Percebi que Camila é bastante observadora, mesmo morando aqui a muito tempo ela olha tudo a sua volta atentamente como se fosse a primeira vez.

- Você TEM que comer o churros desse lugar. - ela diz dando ênfase no "tem", enquanto aponta pra um lugar bem pequeno e simples.
- E isso é o que? Uma lanchonete? - pergunto.
- Sim. Nunca notou? - ela pergunta.
- Não. - respondo olhando o lugar.
- Como não? Isso está aqui desde... Sei lá, muito tempo. - ela diz confusa.
- Eu passo nessa rua apenas quando estou atrasado para o trabalho, passo a pé geralmente, então nem olho para os lados. - digo rindo.
- E por que não vai trabalhar de carro? Chegaria mais rápido ao trabalho. - ela pergunta me encarando.
- Eu não tenho carro Camila. - digo sorrindo.
- Não sabe dirigir?
- Não posso dirigir, é diferente. - digo com um sorriso torto.
- Como não? Me explica isso. - ela pergunta curiosa.
- Longa história... É um problema que eu tenho, nada demais. 
- Então fala.
- Eu tenho déficit de atenção. - digo.

Eu descobri essa doença quando eu tinha treze anos, assim que descobri eu fiz o tratamento, tomei estimulantes por mais de cinco anos, mas então eu vi que não estava funcionando, então deixei de lado. Eu sou bem tranquilo em relação à doença, só sou bastante desperço na maioria das vezes. Não queria ser assim, queria aprender a dirigir, ter um carrão, mas a vida não é justa, claro, em alguns sentidos.

- Nossa, sério? - ela pergunta com um ar de pena. - A quanto tempo?
- Ah, não sei, uns onze anos eu acho. - digo dando de ombros.
- Você faz tratamento? - ela pergunta séria.
- Camila, o tratamento é apenas um estimulante, que não ajuda em merda nenhuma.
- E você toma o estimulante? - ela pergunta me olhando.
- Não...
- Como não? Você precisa se tratar, se você demorar pra fazer isso, vai demorar pra se curar. - ela diz como se estivesse certa.
- Camila, não existe cura. É uma doença crônica, pode durar anos ou a vida inteira. - digo a olhando.
- Tá, mas...
- Não quero falar sobre isso. - digo a interrompendo.
- Ta bom né... Bom, é aqui. - ela diz parando em frente um prédio alto e bastante bonito. 
- Mora aí senhorita Cabello? - a pergunto.
- Sim senhor Hendrix. - ela me responde rindo e eu sorrio de volta para ela. - É... Tchau.
- Tchau Camila, tenha uma ótima noite. - sorrio me afastando.

Por mais que eu esteja morrendo de vontade de abraça-lá e beija-lá aqui, agora, eu vou me segurar, vou me aproximando aos poucos, não ser apressado.

- Digo o mesmo senhor Hendrix... - ela ri ao dizer, e se vira e entra no enorme prédio. Fico a olhando até que suma de minhas vistas...

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