Cap. 3 Como gostais

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-Boa noite.

-Queira entrar, por gentileza.-Faço gesto formal, tentando quebrar o gelo.

-Obrigado, mas aqui fora tá um clima gostoso... Aliás, vamos dar uma volta?

-Ok.

Pego meu casaco; o céu ainda está um pouco claro, mas o vento é frio e gélido, cortando-me a voz, congelando minhas palavras a medida que nos afastamos da casa e aproximamos de nós.

Viajo entre as nuvens escuras, entre as poucas estrelas que aparecem. Toco os raios do sol laranja que se põe, respiro a brisa noturna que já se aproxima. Moramos numa ilha, e no fim da minha rua tem o cais, andamos em direção a ele e sentamos num banco improvisado com um tronco.

Respiração Olhar, Mão, Braço, corpo. Pulmão, brisa, abraço, um corvo voa. Silêncio... Um Beijo.

-O que você tem a me dizer?- Jhony me observa com olhos atentos e curiosos.

-Mas foi você que me chamou, idiota!

-Hahaha. Boba.

-O que foi que fizemos?

-Erramos.

-Você percebeu tão rápido.

-Kkkk. Verdade.

-Estava com vergonha de falar isso primeiro.

-Relaxa, somos amigos de infância, não?

-Claro!

-Percebi que não daria certo quando olhei nossas fotos e lembrei da infância. Mas eu não posso negar que sou louco por você e que quando te vejo meu coração sai pela boca...- Ele cospe as palavras nervosamente, balança os pés, desvia o olhar.

Lago, banco, abraço. Cansaço, medo, beijo. Engano, amizade, desejo.

-Eu te amo, Jhony!

-Eu também, Sammy, vamos voltar antes que escureça muito.

O céu está azul Marinho e alguns gaivotas voam baixo próximo a água. O frio aumenta, mas estou quente, nervosa. Chegamos em casa e convido Jhony para jantar conosco.

Após o jantar Jhony vai embora. Vou fazer minha higiene e deitar-me. Uma mensagem:

"Sempre que te vejo meu coração sai pela boca..."(DM)

Madrugada do domingo, em meu quarto.

Estou dormindo tranquilamente quando ouço um barulho na minha janela... Tec... Tec...

-Oh não, é a tec-tec da lenda japonesa. -Sussurro ainda sonolenta. Mais barulho, levanto e vou até a janela, abro a cortina.

-Caraca, o que você ta fazendo aqui, Yuri?- Grito sussurando ao mesmo tempo.

-Vim te chamar!

-Pra quê?

-Preciso de ajuda, desce aqui.

Tranco a porta do quarto, troco a calça do pijama por uma jeans, calço o primeiro tênis que vejo e desço pela janela. Sim, pela janela, eu durmo no andar de cima, mas dá para descer pelo muro de pedras.

Chego ao chão e arrumo meu cabelo em um rabo de cavalo.

-Que horas são? O que houve?

-Tem alguém querendo sabotar a nossa escola. Acho que está planejando atear fogo.

-Hã? Como você sabe?

Sonhos de uma tarde de outonoWhere stories live. Discover now