Missão

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     Luisa sentiu falta daquela adrenalina. Todo o cuidado do mundo era pouco; cada ruido era muito; sua vida teria um fim repentino e horrível se fosse pega ... um sonho. Aquele era seu lugar. Com um dos fones, escutava a conversa de seu alvo:

— (...) Foi entregue.

— E Endeavor?

     O sangue da garota ferveu. Queria gritar de ódio, mas permaneceu quieta e focada na missão:

— Ocupado demais transformando o filho numa miniatura de si.

— Menos mal. Sem heróis metendo o bedelho no nosso plano.

     "Endeavor!? Herói!? Put@ que pariu ..." pensou com ódio:

— Certeza que não foi seguido na entrega?

— Absoluta. A única que poderia ter descoberto era "Vingativa", mas duvido que nos ache desta vez.

— Perfeito! — barulho de cadeiras se afastando — O seu carro lhe espera na esquina, Hiyasa.

— Foi ótimo fazer negócio com o senhor.

     Desligou seu aparelho e escapuliu-se pela ventilação sem fazer nenhum barulho. Saiu dos dutos e chegou na escada de incêndio pela janela – desligando as câmeras de segurança antes, é lógico. Subiu na laje e viu de esguelha um homem todo coberto sendo escoltado discretamente até uma lata velha na esquina.

     Sorriu, feliz pelo que viria agora. Escondeu seu rosto e cabelo em lenços e numa máscara preta, pegando sua "faixa" branca e suas facas.

     A lata velha deu partida e começou a andar, a menina seguindo-a discreta como um camundongo pelos prédios. Foram maravilhosos trinta minutos até chegarem num prédio chique.

     Ponderou por alguns segundos no que faria para infiltrar-se sem chamar a atenção. Tirou um tabletizinho de algum lugar (talvez Nárnia), dando um jeito de hakear as câmeras e portas de segurança. "Vinte e cinco minutos ..." leu, sorrindo por detrás da máscara preta.

Pulou pela cerca elétrica que havia desligado, nem fincando as facas para não levantar suspeitas. Deu mais uma olhada na tela do aparelho para ter certeza de que as câmeras foram devidamente hakeadas para o período de tempo certo. Os seguranças descobririam cedo ou tarde qualquer interferência. Espiou pela janela aberta do prédio. Barra limpa.

Correu para as escadas, e o porteiro nem percebeu. Apoiando-se no corrimão, abriu uma parte do teto e subiu — fechando devidamente depois disso, lógico.

     Conferiu o "endereço" novamente. "Sétimo andar, apartamento 205", leu. Foi subindo por entre os vãos de ventilação e energia. Saiu pelo elevador, caminhando silenciosamente pelo corredor. "205" dizia a plaquinha na porta branca.

     Viu que a tranca era eletrônica. "Merd@ ..." pensou, retirando o pequeno aparelho novamente. Depois de três preciosos minutos, conseguiu destrancar a porcaria da porta.

     Abriu com cuidado, vendo que o apartamento estava um pouco escuro. Entrou, cautelosa, todos os sentidos aguçados à qualquer sinal de vida.

     Barulho de água caindo e uma cantoria. "O desgraçado no banho" pensou, frustrada. Olhando à sua volta, elaborava um plano rápido para imobiliza-lo.

     Quando ele saiu do banheiro, sentiu algo quebrando em sua cabeça e uma grande dor. Logo, algo empurrou-o contra o chão e imobilizou-o:

— O que você transportou!? — ouviu alguém sussurrando em seu ouvido.

     Deu uma gargalhada, apesar da tontura:

— "Vingativa"? Não esperava visitantes a esta hora da noite. — falou com dificuldades.

— Que porr@ você transportou!? — repetiu, colocando uma de suas facas sob a garganta dele.

— Amostras de sangue. — respondeu, perdendo a pose — Amostras de sangue do próprio All Might e Endeavor.

Pra quem você deu!? — pressionou a faca com mais força.

— Uns aliados da liga. Eu não sei pra que queriam, mas o ponto de encontro foi num parque afastado da cidade. Eu juro que só sei isso!! — disse, ficando cada vez mais desesperado.

Encostou na cabeça dele com a mão esquerda e uma luzinha lilás fraca brilhou por entre seus dedos. Estava falando a verdade:

Nenhuma palavra do que aconteceu aqui. Se eu descobrir que você contou alguma coisa ... vou fazer você sofrer tanto que vai esquecer o próprio nome, Hiyasa! — sussurrou em seu ouvido, maligna.

     Nisso, algemou-o e saiu pela janela. Seguiu naquela direção até certa distância, parando num beco e quebrando o tabletizinho para que ninguém a rastreasse. Mudou o rumo, indo pelo caminho certo.

     Chegou na base em pouco tempo. Era uma casa normal com um jardim bem cuidado por fora ... mas a verdadeira base estava no subterrâneo. Bateu à porta três vezes e bateu o pé no chão uma vez. Segundos depois, Dabi abriu a porta. Entraram e foram descendo as escadas de mãos dadas:

— Tava com saudades.

— Eu também, boneco esfarrapado.

— Preciso falar com você depois ... mas o seu pai quer um relatório completo da missão.

— Posso saber o motivo de você e a Toga não terem aparecido!?

— Stain mudou de ideia na última hora ... sei lá o motivo. — deu de ombros — Não entendo o seu pai!

— Nem eu o seu. — fechou a cara junto com ele, o ódio brilhante nos olhos — E, sendo sincera, quero mais é que ele morra de um jeito horrível.

— Somos dois ... talvez três, ou quatro. — concordou o rapaz

     A garota explicou detalhadamente todos os procedimentos ao assassino de heróis e as informações sobre o UA. Ouviu com atenção ao depoimento da "filha", orgulhoso. Debateram sobre ideias de planos futuros para acabar com a "academia de heróis ".

     De heróis, para eles, não tinham nada.

     Dabi e Himiko passaram informações valiosas da liga dos violões. De algum jeito, All For One revelou o segredo do One For All para Tomura. Estava louco atrás duma maneira de conseguir aquele poder. Quando tudo terminou, o moreno puxou a garota para uma sala vazia:

— O que você quer, idiota? — falou, brincalhona

— Terminar. — a expressão dela foi de choque — Eu tenho muito carinho por você, mas não é mais amor. Na verdade, ' gostando da Himiko.

     Foi uma bomba. Doeu ouvir, mas também estava confusa em relação ao seu namoro e isso que não chegou no quesito da UA. Tinha cada gato naquele lugar ... e o Kirishima. Aquele, para si, era o que havia de mais lindo de garoto na escola:

— ... Ok. — disse, por fim — Se você quer terminar ... ótimo para mim.

— Sério? Não vai me degolar enquanto eu durmo?

— Você acha que eu seria capaz!?

— Eu SEI que você É capaz.

... — bufou, frustrada — Mas tudo bem. Eles podem ser indignos, mas ... tem cada Deus grego lá que vou te contar, boneco esfarrapado do céu ... — disse, mordendo o lábio, pensando especificamente no ruivo.

— Que bom. Estamos de bem, então, Luisa?

— Estamos.

     Ela realmente estava bem, mas qualquer fim de namoro era difícil. Passou o dia seguinte treinando manejo de facas  com Toga, que foi divertido.

A dor tornou-se mel (BNHA - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora