Epílogo

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— Eu não acredito que você me traiu, filha!

— Não me chame assim. Você não é o meu pai.

— Eu sou, sim!

— O meu pai se chamava Eduardo Rodrigues, e morreu faz quase onze anos.

O homem grunhiu, mas ela não se intimidou. Havia tomado uma decisão. Aquela conversa seria seu primeiro passo para uma mudança de vida drástica.

— Eu cuidei de você, garota!

— Você praticamente me sequestrou e fez lavagem cerebral em mim para conseguir o que queria. Você foi como o Endeavor!

— Não me compare com esse indigno!

— Eu comparo você com o que eu bem entender. Não lhe devo nada. E você não vai mais ter uma trouxa p'ra te tirar do buraco de onde nunca devia ter saído!

— Se é assim, você deveria estar no mesmo buraco que eu, Luisa.

— Eu sei muito bem que eu merecia, mas as circunstâncias não permitem.

— Que desculpa mais esfarrapada.

     Apertou o "telefone" com força. Precisava manter a calma.

— Se me prenderem, vão ter que encobrir o sumiço de uma aluna da sala 2A. Isso por si só já seria um tremendo problema. E teriam de prender o Endeavor, o atual número um, por todos os abusos que fez comigo e com a própria família. Isso causaria o pânico geral.

— Sorte sua ...

— Sorte nada. Por mim, eu ia passar o resto dos meus dias atrás das grades! Se eu não posso, eu vou dar o meu máximo p'ra compensar o que fiz.

— Você não devia ter entrado no UA, Luisa.

     Os "campinhos verdes" marejaram. Sua expressão endureceu ainda mais. Desviou o olhar para o seu colo.

— Discordo. Lá eu fiz amigos de verdade. Lá eu conseguia ser mais verdadeira comigo mesma depois de tantos anos. Lá ... toda a dor e abuso que eu sofri nas suas mãos e nas dos outros ... ganharam um gosto doce.

— Que comparação mais idiota é essa!!?

— A comparação de alguém que vai ser a heroína que sempre quis ser e que vai fazer o que for preciso para concertar o que a sua lavagem cerebral a forçou a fazer. — sorriu para ele, sádica — Aproveite a sua estadia permanente no Tártaros, Stain.

     Assim, colocou o telefone no lugar e saiu, sem olhar novamente para o homem.

— Eu ' muito orgulhoso de você, Zaza. — falou, sorrindo.

— Eu ' morrendo de medo, Red ... — confessou.

— Tudo bem. É normal. — abraçou-a carinhosamente — Você sabe que, qualquer coisa, eu ' aqui p'ra você ... né?

Ãhn-hãn ... e muito obrigada por tudo.

     Ele queria perguntar sobre o selinho de anteontem, mas não era o momento. Esperaria o estágio acabar definitivamente e o coração dela acalmar.

     Saíram do local frio e depressivo. Um carro preto os esperava para voltarem para a Spy e darem continuidade ao estágio.

— ZAZA!! ESPERA AÍ!!

     Viraram bem a tempo de ver uma doida abrir a porta e pular dum carro em movimento. Ela tinha o cabelo castanho claro com umas mechas rosa e franjinha. Aproximadamente 160cm de altura. Pele branquela de tudo.

     Yoshiaki reconheceria aquele palmito ambulante em qualquer lugar ou circunstância. Correu ao encontro dela.

— MITSUHA!! — gritou de volta, feliz da vida.

     A menor pulou em cima da morena, chorando de emoção. A saudade sanava, ainda que estivesse latejando no peito. O abraço era sufocante de apertado. Ah, como ambas sonharam com aquilo ...

— Disseram que você morreu, mas eu sabia que era mentira! — falou, quase engasgando com o próprio choro — Eu sentia que não!!

— Eu não voltei porque não dava ... o Stain não deixava ...

— Eu senti a sua falta todos os dias! Você é a melhor amiga que existe, existiu e que ainda vai existir na história das melhores amigas mais incríveis e maravilhosas!!

     Quase engasgou ao rir. Hamada continuava dramática e exagerada.

— Desculpa por tudo ... — pediu, escondendo o rosto no ombro alheio.

— Luisa ... — riu-se, amargurada — ... Se passaram onze anos e você ainda não aprendeu a se perdoar direito?

     As duas ficaram conversando sobre absolutamente tudo a viagem de volta inteira. Eijiro somente observava e sorria discretamente. Sua crush merecia aquilo e muito mais.

     A única certeza de todos os envolvidos era de que as coisas ficariam cada vez mais difíceis. No entanto, heróis servem justamente para vencer as dificuldades que a população não consegue superar sozinha.

     Luisa não conseguiria achar sua felicidade sozinha, e Kirishima não largaria dela nem depois de certificar-se de que ela era a garota mais feliz e alegre do Japão.

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Notas finais:

     E, assim, chegamos ao fim do primeiro livro.

    Eu vou dar mais uma revisada no primeiro capítulo do segundo livro e posto ainda hoje. Uma nova jornada se inicia para eles.

Com beijos, roteiros e pesares ...
Eu declaro "A Dor Tornou-se Mel" oficialmente finalizada!

A dor tornou-se mel (BNHA - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora