Uma pequena esperança

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A companhia da rainha e seus homens terminavam de montar seu próximo acampamento, enquanto ela admirava Worcester de longe, montada em seu cavalo. Sua mãe era sua constante companhia, mas naquele momento, Harriet a tinha dispensado para apreciar o pequeno momento sozinha para refletir. Até agora, sua visita a todo reino estava correndo bem, sem muitas rejeições, pelo menos não eram tão perceptíveis. Estava pensando se faria um discurso, ou se apenas ouviria os problemas e os aconselharia. Também passou pela sua mente convocar os músicos da região, que, se desejassem, teriam a oportunidade de se apresentar para ela.

Harriet conseguia ouvir o burburinho das vozes não muito longe delas e as mais distantes e o sussurrar do vento sob a colina. No entanto, também percebeu um som diferente no meio de todos os outros. Um outro cavalo veio até ela, e ela reconheceu as roupas do rapaz que cavalgava como um mensageiro.

-Com licença Vossa Majestade-ele se inclinou-recebemos essa mensagem há pouco, endereçada à Rainha.

-Obrigada-Harriet tomou das mãos dele e com um aceno, o permitiu sair de sua presença.

Ela decidiu descer para ler, e sentiu-se um pouco mais animada, ao ler o nome do seu remetente: Príncipe Elijah de York

Harriet não pôde conter as batidas do coração conforme lia a carta. Elijah tinha sido simples e direto, sem muitos rodeios ou subjetividades, e estava claramente preocupado com a proposta de casamento, assim como ela. Ela respirou fundo, estava contente por o príncipe ter aceitado fazer parte da corte. No momento queria escrever sua resposta, porém outras responsabilidades a chamavam.

Sua caravana prosseguiu cidade adentro sendo modestamente aclamada, muito menos do que esperava uma rainha ser recebida. O pior foram os ocasionais vegetais podres arremessados contra ele. Seu tio Jasper e sua guarda queriam ir atrás dos autores para puni-los, mas Harriet os proibiu e ignorou as ofensas.

No grande salão de Worcester, se posicionou no trono posicionado a ela e pôs-se a ouvir os músicos que se apresentavam.

Tentou se distrair, não pensar nas ofensas, mas nem a música conseguiu fazê-la esquecer.

Muitos apoiavam a causa da família de Harriet, os Lancaster e os Tudor, afinal ela era neta da antiga rainha Catherine de Valois, mas seu avô tinha sido Owen Tudor, segundo marido da rainha. Ainda assim, ela era sobrinha do rei Henry VI, o último rei da família dela antes de assumir o trono. No entanto, muitos preferiam os York, Elijah era o filho mais velho do antigo rei Edward VI, seria rei se sua tia Rachel Plantagenet não tivesse tomado o trono do seu pai. E o exército de Harriet havia vencido o dela, a reafirmando como a rainha da Inglaterra. Toda essa situação dividia o povo.

Ela sorriu, aplaudiu, elogiou e ouviu todos os músicos que se apresentaram a ela e a sua corte. Apesar do cansaço, Harriet abriu a oportunidade para que o povo a procurasse em busca de aconselhamento e julgasse suas causas. Ao pôr do sol, a rainha se retirou para seu acampamento, seguida por seus companheiros de viagem.

Depois de ter sua refeição da noite servida, só ela e a mãe jantaram juntas, e Harriet aproveitou para contar sobre a carta, embora sua mãe notasse sua tristeza.

-Não deixe que ninguém faça com que esqueça de quem você é, minha querida - Margaret assegurou - eles não entendem que há um propósito no seu reinado.

-É no que tento acreditar todos os dias, mamãe - a rainha se sentia como uma criança inexperiente novamente em momentos assim --Mas deixemos as coisas tristes e difíceis por um tempo - Harriet tentou animar a ela mesma e à mãe - recebi uma carta do príncipe Elijah, e ele disse que ele e sua família aceitaram fazer parte da corte. E o príncipe também mencionou a proposta de casamento. Mamãe, devo ser sincera, eu ainda tenho dúvidas quanto a isso. Todos esperam que nos casemos, e eu prometi fazer isso, só não consigo fazer isso imediatamente.

-E você não precisa - Lady Margaret a assegurou - você é uma rainha e deu sua palavra, e o povo deve crer na palavra de uma rainha.

-Talvez devesse esclarecer ao príncipe o motivo da demora - suspirou Harriet pensativa -pra que ele saiba que...

-Não, Harriet - a mãe negou - sei como se sente mas dizer exatamente o que me contou pode fazer o príncipe pensar que você é fraca e vulnerável.

-Mas é exatamente assim que me sinto - a rainha confessou - talvez eu precise fazer um sacrifício maior, e contar o que sinto, mostrando que apesar de tudo, eu sou humana.

Margaret encarou a filha, querendo repreende-la e traze-la de volta à razão, mas não era disso que Harriet precisava agora. A jovem rainha, era acima de tudo responsável, e no fundo, sabia exatamente o que estava fazendo.

Harriet terminou sua refeição e saiu, pronta para escrever sua resposta a Elijah.

Conexão de AlmaWhere stories live. Discover now