Uma celebração se seguiu por toda Inglaterra, causando alegria em todo o povo por causa da união de Harriet e Elijah. Não era apenas um casamento, ou a comemoração de um casamento real, mas o mais importante para o povo, era a união das casas Lancaster e York.
Mesmo se preocupando com o casamento e seus preparativos, Harriet não deixou de enviar seus oficiais sobre todo o reino, a fim de investigar e trazer notícias a ela sobre possíveis rebeliões, e elas não cessaram até que ela se cassasse. Sabia que tinha conquistado o respeito geral não pelos seus feitos ou por ter vencido a rainha Rachel, que mesmo não sendo tão amada de forma unânime, ainda tinha seus seguidores fiéis. Elijah era a garantia de que os apoiares da casa York também estavam satisfeitos.
Harriet ficava muito com o trabalho pesado, as inspeções das tropas, liberar recursos, julgar criminosos e atender os necessitados, mas Elijah logo tornou-se seu braço direito. O príncipe, por amor e por querer ser útil, ofereceu sua ajuda de imediato, que não foi negada por sua esposa. No entanto, ele tinha cuidado de não tomar conta do que consideravam mais importante, fazer isso demonstrava uma vontade de ultrapassar o poder da rainha, e isso não estava no coração de Elijah. Como bom soldado disciplinado que era, ele entendia sua posição no governo do reino, e não ultrapassaria nada além disso, apenas faria o seu melhor, dentro do espaço que lhe foi confiado.
Harriet continuava firme em seu dever, mas seu gentil marido a lembrava de que ela também era uma pessoa, um ser humano, mesmo colocando o dever de rainha em primeiro lugar. Assim, era comum Elijah convidá-la para passeios, fosse cavalgar, caminhar, ou simplesmente sentarem-se no jardim, como um jovem casal comum, conversando um com o outro, mais sobre eles do que sobre o reino e seus problemas.
Um dos assuntos e problemas que surgiu entre eles foi o estado de saúde da rainha. A princípio os médicos conjecturaram que sua fadiga, cansaço e falta de apetite se devia a preocupações e trabalho de cuidar do reino, no entanto, os médicos a examinaram mais a fundo, concluindo que em breve o reino receberia seu primeiro herdeiro, Harriet esperava um filho.
A notícia agradou toda a corte e causou reações agressivas de facções apoiadoras dos York. Mesmo depois de estabelecer seu poder, e se unir ao herdeiro da casa York, ainda assim Harriet era vista como uma usurpadora para eles, e seu bebê, uma mistura bizarra de Tudor trapaceiro com justo York.
Ela se mantinha firme diante do povo, lidando em conciliar sua nova condição com seu governo. Elijah insistia que ela descansasse, mas ela mal o obedecia até se sentir fraca e cansada. Eventualmente, a rainha se sentiu indisposta, de forma que os médicos lhe recomendaram veementemente que repousasse por pelo menos um mês.
-Isso é extremamente injusto - reclamou Harriet com sinceridade, quando recebeu uma visita do marido, o que o fez rir, para a indignação dela - acha isso engraçado? Por que exatamente Elijah?
-Porque acho que essa mudança fará bem a você - respondeu ele sabiamente primeiro - desde que se tornou rainha tem cuidado apenas do reino, contendo as rebeliões, tendo todo cuidado para que tudo que construiu para manter a Inglaterra unida não venha abaixo, mas agora você vai ter outra ocupação, que ao menos agora, terá toda a sua atenção e foco, é isso que deverá fazer agora, estar atenta ao nosso filho.
-Não diz isso só para me dar o trabalho todo de cuidar de uma criança - Harriet respondeu, no seu típico jeito mais sério - espero que você divida essas responsabilidades comigo, Eli.
-É claro, mal posso esperar para conhecê-lo, para ensinar tudo que eu puder - Elijah sorriu com aquela possibilidade - eu me comprometo a você e ao nosso filho, de ser o pai mais dedicado que toda Inglaterra já viu.
-Eu sei que será - Harriet assentiu com a mesma convicção do marido.
A rainha se acostumou com alguns desconfortos que a gravidez trazia, mas nada disso a impediu de continuar seu trabalho. Ela continuava liderando as reuniões do conselho e ouvindo o povo. Muitas vezes, para agradar os simpatizantes dos York, ela deixava que Elijah tomasse conta dessa parte.
Assim, o tempo foi passando e chegou o dia do nascimento do herdeiro do trono da Inglaterra, aquele que uniria de vez os Tudor e os York. Harriet foi levada a um local especial em Westminster, onde se acreditava ficar há muito tempo atrás a mística Camelot, o reino do lendário Rei Arthur. Apesar das suas responsabilidades para com o trono na ausência da esposa, Elijah fez questão de estar presente no momento, mas nada aconteceu tão rápido como ele esperava que fosse.
O parto durou algumas horas, onde ele foi se preocupando cada vez mais, até ser avisado que o herdeiro havia nascido, um menino forte e saudável. Harriet ainda recuperava as forças enquanto suas amas cuidavam do menino. Por mais preocupado que estivesse em ver o filho Elijah foi diretamente até ao lado da esposa, verificando se ela realmente estava bem.
-Foi tudo tão difícil... - ela confessou ao marido - mas ao vê-lo, eu me senti recompensada, ele é lindo, nosso filho é lindo, ele será um bom rei.
-Não tenho dúvidas disso - concordou o príncipe consorte - dou graças aos céus por vocês dois estarem bem.
O príncipe herdeiro foi batizado de Arthur, sendo logo apresentado a todo o povo como o príncipe de Gales e, no tempo certo, o futuro rei da Inglaterra. Em seu nome, havia a promessa de unificação, de paz, de ser tanto York como Lancaster, de modo que a divisão das famílias não existia mais. Em Arthur, Harriet e Elijah depositaram suas expectativas de uma Inglaterra melhor e mais justa, mais unida, e muito além disso, ele era seu filho amado, fruto de um amor improvável, que garantiu a união de todo o povo inglês.
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Conexão de Alma
Fiction HistoriqueA angústia e o peso das decisões de alguém que chegou onde não imaginava ser possível. Universo alternativo da história de Henrique VII.