Encontro

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Foi estranha a sensação que Elijah teve ao sair da sala de jantar. A companhia da rainha tinha sido mais agradável do que ele esperava, porque ela tinha sido gentil e amável não só por educação mas porque ela era amável e gentil de verdade.

Seguindo o plano que propôs a si mesmo, de observar melhor Harriet, percebeu que ela era esquiva, desconfiada, cuidadosa e cautelosa em tudo que fazia, mas ali no jantar, ela se permitiu se abrir um pouco, a ponto de fazer uma pergunta mais descontraída a Elijah.

O príncipe, por sua vez, ficou grato por ter o que conversar fira do casamento, de descobrir algo que ele e a futura esposa tinham em comum. Outra coisa que Elijah notou sobre ela era que era carente, não afoita por atenção bajuladora, mas por carinho genuíno, ao menos uma amizade verdadeira, alguém que a visse muito mais do que a rainha soberana da Inglaterra. Naquela noite, Elijah viu apenas uma moça chamada Harriet.

Era isso que o deu mais segurança e tranquilidade sobre o fato de se tornar o marido dela em breve. Na manhã seguinte, acordou mais cedo, ansioso pelo encontro com a rainha. Seria a primeira vez em que estariam a sós e, sem querer, isso o amedrontava. Não sabia como agir, só esperava que Harriet continuasse confortável perto dele.

Esperou que suas irmãs e mãe acordassem, para terem o desjejum juntos.

-Então logo verá a rainha, Elijah... - sua mãe relembrou seu compromisso - o que espera disso?

-Não precisava ser tão direta mamãe - Elijah reclamou por se sentir envergonhado - só vou continuar sendo gentil e cortez, como estou sendo até agora, mas se notou mamãe, ela tem agido da mesma forma comigo.

-Exatamente meu filho, claro que notei, tudo que desejo é que vocês entendam um ao outro, pelo bem da Inglaterra - Lady Elizabeth disse, um tanto esperançosa.

-Eu a senti solitária e carente, se puder ser um bom amigo a ela, eu serei - era o que Elijah tinha decidido.

Pedindo licença, Elijah se levantou, se preparando para encontrar com a rainha. Teve receio de andar vagando pelos jardins, mas a própria Harriet tinha instruído para que ele a encontrasse ali. Apesar de boas acomodações e acostumar-se com a atenção e cuidados que ele e sua família estava recebendo, se sentia um mero hóspede, alguém que não tinha direitos plenos de ir e vir, e tinha a sensação que isso se estenderia quando ele se tornasse o marido da rainha. Talvez, se sentisse ser seguro o suficiente, Elijah poderia tocar no assunto com Harriet.

Já que já estava no jardim, o príncipe de York decidiu apreciar as flores que cresciam ali. Bromélias, azaleias, e com certeza, rosas, o símbolo principal das casas dele e dela. Mas ali não tinha nenhuma rosa branca dos York, apenas vermelhas dos Lancaster. Notar isso só fez Elijah se sentir mais solitário.

Apenas continuou esperando, dessa vez admirou o céu, alguns pássaros que sobrevoavam ali, o céu azul quase sem nuvens. Sem perceber, Harriet se aproximava dele, e a rainha temia perturbar a serenidade que o príncipe ostentava naquele momento. Uma parte dela a lembrou que ela era a soberana dele e também o tinha convidado para estar ali, foi o que deu coragem para abordá-lo.

-Desculpe interrompê-lo meu príncipe - disse ela com toda cordialidade.

-Majestade - Elijah se assustou, mas não esqueceu seus bons modos - lhe desejo um bom dia.

-Bom dia - respondeu Harriet, sem conseguir lhe negar um sorriso - vejo que parece apreciar o meu jardim.

-É realmente belo e bem cuidado, uma beleza sem dúvida - elogiou o príncipe, e eles começaram a caminhar.

-Que tipo de flores aprecia, príncipe Elijah? - a rainha manteve a conversa.

-Hã... Para ser sincero, senhora, senti falta de rosas brancas, pra mim são muito belas e... Me lembram coisas boas - respondeu Elijah com cuidado.

-É claro, o símbolo da sua família - Harriet sentiu-se culpada - eu... Sinto muito por ter que...

-Ah não se culpe, majestade por favor - ele parou na frente dela, para enfatizar suas palavras - essa guerra não foi iniciada por nós mas foi parar em nossas mãos, fizemos o que tinha que ser feito, iremos fazer o que tem que ser feito.

-Claro - Harriet concordou, afinal era o que ela desejava também - bom eu... Deixei a lira nos seus aposentos, espero que não se importe que eu tenha entrado ali.

-A senhora mesmo foi quem fez isso? - Elijah se impressionou com o cuidado da rainha - isso é muito atencioso, obrigado Majestade.

-Foi um prazer, realmente - Harriet conseguiu sorrir já que tinha deixado o príncipe contente - se importa de... Não sei, se não for incômodo, poderia tocar algo agora?

-Com todo prazer Majestade, confesso que adoraria tocar - assentiu Elijah - permite-me escoltá-la até lá?

-Sim, oh sim - Harriet aceitou o braço que Elijah a ofereceu, caminhando com ele até dentro do palácio.

Havia algo que Harriet tinha percebido em si mesma, que apreciava muito a companhia do príncipe e como ele era gentil, já Elijah por sua vez, ficou contente em ver que a rainha não parecia tão tensa e séria como estava desde que ele tinha chegado ali. Imaginou que talvez aquela fosse a verdadeira Harriet, como uma simples moça.

Conexão de AlmaWhere stories live. Discover now