第一

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~' anormal, bizarro, diferente, esdrúxulo, esquisitório, estapafúrdico, estapafúrdio, estrambólico. '~

O abrir dos olhos assustados naquela manhã, era normalmente uma rotina para o adolescente. Enquanto sentava-se na cama de forma calma porém apressada, seu peito subia e descia conforme seus lábios puxavam o ar para seus pulmões. Sua testa soava e suas mãos permaneciam trêmulas, levava minutos até poder ver que o mundo real estava ali, perante seus olhos.

Olhos esses que mudavam de cor conforme seus sensos voltavam. Vermelho veludo, esse que misturava com o mel original de seus belos olhos. Vermelho a cor do amor, da paixão, do desejo. É a cor da brasa, do fogo consumado. Perigo, sangue.

Enquanto o ar frio entrava pela pequena janela aberta, o adolescente pensou em voltar novamente a dormir, talvez encontrá-lo novamente e poder dizer um adeus adequado ao encontro que tiveram. Mas sua mente é seu maior inimigo e não o deixou pregar os olhos, então foi ordenado a levantar-se.

Enquanto abria as cortinas e calçava suas tão adoráveis pantufas, o menino desceu as escadas de forma sossegada e despreocupada, seguindo até o objeto preferido do apartamento: a pequena máquina de café ao lado do microondas.

Seu avô costumava dizer que antes de começar o dia, tome uma xícara de café, sente-se na varanda e sinta o ar fresco de uma manhã prestes a começar, mesmo que o resto do seu dia seja péssimo. No final, apenas tome outra xícara e conte a si mesmo todas as suas frustrações.

E no final, ele tinha acabado assim.

Enquanto apanhava sua grande - diga-se de passagem - xícara de café e seguia para o pequeno jardim logo ali, ouviu o miado do gato peludo com a qual compartilhava seu apartamento. Ele não era de muitos amigos, mas ambos sabiam como dividir uma dose de amor em seu único jeito. O pegou nos braços enquanto ouvia seus murmúrios estrapolantes e o levou junto a si para o balanço que possuíam no jardim.

Sentou-se sereno ao lado de sua companhia e degustou de seu café meio amargo, assim era perfeito para si. Não muito doce, não muito amargo, mediano.

O movimento na rua começou cedo. O mercado da frente continuava fechado, enquanto na padaria da esquina podia ouvir o barulho das portas a se abrir. A dona vizinha do apartamento ao lado havia ligado cedo para o filho perguntando sobre boas novas, enquanto a vizinha do andar de baixo estava com a tevê ligada no volume máximo em suas aulas de yôga.

O céu parecia bem mais azul que o normal, com suas nuvens espalhadas e o sol tímido a se esconder. Não havia sinal de chuva naquela manhã, nem nos dias passados e talvez a semana continuasse assim. Frio e ensolarado.

Enquanto seus lábios tocavam a xícara por pelo menos a vigésima sétima vez, seu último gole havia sido dado. Era lento demais para beber, amava saborear cada gota. Não gostava da pressa.

Ousou então pela primeira vez ao dia olhar seu telefone, este ao qual havia esquecido por alguns dias, este o qual todos os seus amigos haviam ligado e sido ignorados. Não tinha culpa, só não fazia falta. Não gostava de se prender, não era seu hobbie.

45 mensagens. 12 ligações perdidas.

Não gostava dos números. Não gostava do desespero, nem dá saudade. Não gostava do sentimento de incompleto no coração, não fazia diferença os números, não era com ele que estavam envolvidos.

0 mensagens. 0 ligações.

Desligou-se da internet e voltou a realidade enquanto ouvia os resmungos de saudade do filho da Dona vizinha e sentia o cheirinho gostoso de pão fresco da padaria na esquina. Levantou-se sendo seguido pelo peludo resmungando sobre estar com fome aquela hora da manhã.

Apanhou sua comida no armário e entregou a ele metade, vendo-o satisfeito e cada dia mais fofinho. Seus olhos formavam meia lua enquanto sorria em satisfação e seu coração preenchia de felicidade.

Havia silêncio espalhado pelo pequeno apartamento, reconfortante, mas não assustador. Não estava sozinho, tinha peludo ao seu encalço. Acompanhado da brisa do dia que entrava por sua janela toda 5:45 da manhã, a máquina de café, tinha a dona vizinha e as aulas de yôga.

Era aconchegante.

Quando o horário em seu relógio lhe disse que estava na sua hora de ir, o menino subiu novamente ao quarto, arrumando-se para o dia monótono da escola. Não que ele não gostasse, mas rotina também não fazia o seu estilo, porém aquela era necessária.

Ele veria belos olhos castanhos passeando pelo corredor, enquanto dedilhava o smartphone em suas mãos e poderia apreciar a bela arte de longe. Não tocar. Não poderia o tocar, mas o adorar.

Saudade; sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas.

Estava coberto por um sentimento melancólico, enquanto poderia apenas observar ao longe o amor que viveu por longos anos. Que fazia parte de sua memórias e o acompanhava em seus sonhos.

Revivendo cada dia de suas vidas, em suas intermináveis horas de sono. Cultivando sentimentos, ardendo no peito, chorando ao travesseiro. Ele sabia de seus segredos, um objeto feito de penas fofas, sabia seu amor por Na jaemin.

Ele também conseguia voltar como eu? Quando o relógio batia o nosso horário, ele também podia viver tudo novamente assim como eu? Ele também podia amar novamente? Sentir novamente? Nós estávamos no mesmo sonho todos os dias? Estávamos juntos todos os dias?

Não saberia responder. Não há respostas. Odiava não ter respostas, era muito curioso.

E enquanto terminava de se arrumar e trancava uma última vez a porta de seu apartamento, Lee jeno não sabia se hoje seria diferente de amanhã ou de ontem, mas ele sempre poderia ver o belo par de olhos castanhos.

E sempre que deitava a cabeça ao travesseiro as 2 da manhã, ele o amaria novamente e sucessivamente, como sempre amou, como um louco.

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olá novamente.

a todos que estão aqui, tenham uma boa leitura com essa nova história. ela já está terminada e eu postarei os capítulos durante a semana.

interajam comigo que eu não mordo. votem e comentem o que estão achando.

até a próxima,
com amor, Ana.

𝚒 𝚠𝚊𝚗𝚝 𝚝𝚘 𝚕𝚘𝚟𝚎 𝚢𝚘𝚞, 𝚘𝚗𝚎 𝚖𝚘𝚛𝚎 𝚝𝚒𝚖𝚎 | 𝚗𝚘𝚖𝚒𝚗.Onde histórias criam vida. Descubra agora