𝚒 𝚠𝚊𝚗𝚝 𝚝𝚘 𝚕𝚘𝚟𝚎 𝚢𝚘𝚞, 𝚘𝚗𝚎 𝚖𝚘𝚛𝚎 𝚝𝚒𝚖𝚎 | 𝚗𝚘𝚖𝚒𝚗.

第五

~' admirado, assombrado, atônito, atordoado, banzado, boquiaberto, chocado, desconcertado '~

Seus olhos de nenhuma forma conseguiam encarar a face assustada a sua frente. Precisou de alguma forma buscar foco em algo que não fosse ele ali, parado a sua frente.

Deixou então seu olhar cair sobre os pés do outro, onde observou que ele ainda preferia os sapatos amarelos surrados, mesmo com tanta teimosia. Gostava da insistência, permanência.

Em um período de dez minutos, ninguém foi capaz de dizer nada. Talvez seus corações estivessem em uma séria conversa, mas ambos ali não soletravam palavra alguma. Não até o miado de peludo reaparecer pelo ambiente.

Ele ousou sentir o novo cheiro do visitante do cuidador e por incrível que pareça havia gostado. Esfregou-se pelas pernas curtas do de cabelos rosas e pediu a atenção que seu dono não lhe dava naquele momento.

Jaemin então sorriu, apanhando-o nos braços e lhe fazendo um gostoso carinho nos pelos acizentados. É claro que a cena não podia lhe passar despercebida, jeno já havia imaginado isso tantas vezes e estava ali, ele não perderia a chance de gravar em sua mente.

— Parece que ele gostou de você. É raro isso acontecer. — Quase impossível. Suas palavras eram ditas quase parando, travando. Mas havia saído e então, recebeu novamente o olhar tênue do outro. Seus olhos, assim como os próprios, haviam cessado. Voltado a cor original, mas o brilho permanecia e talvez isso fosse um caso desconhecido. Queria entender.

— Por favor, entre.

Pensou e pensou. Um pé a frente do outro, era apenas isso e ele estava dentro. Seus olhos buscavam por algo diferente no pequeno apartamento. Não havia nada. Tudo ainda dizia muito e era as características do Lee. Ele nem sequer mudou os móveis de lugar. Estava tudo impecavelmente no mesmo lugar desde que o viu pela última vez. Há 730 dias atrás.

Estava assustado, mas o sentimento de tranquilidade estava ali. Dentro daquele cômodo em todas as partes e olhava curioso para si.

Sentou-se no sofá e rapidamente bateu os olhos no livro ali presente. O pegou rapidamente e olhou em interrogativo para o outro, não entendendo o que aquilo estava ali fazendo.

— Você o deixou cair, eu o trouxe e guardei. Pensei em devolver hoje, mas perdi o horário.

Concordar. Ele apenas faria isso.

— De qualquer forma, aqui estou eu.

Sua língua era grande demais, seu coração falava mais alto, sua mente era manipuladora.

— O que veio fazer aqui? — Não gostava de soar grosso, mas suas palavras saíram ríspidas e raivosas. Não era a intenção, mas tinha que dar crédito ao coração, estava tão machucado, não queria sofrer. Não era como se masoquismo fosse um fetiche seu.

Calado, estava ali sentado. Jaemin olhou para as mãos, para os pés, esfregou as palmas no jeans claro e por fim suspirou. Ficou de pé e olhou para o outro, que se encontrava sentado a cadeira perto da bancada na cozinha.

Olhou o pijama de bolinhas vermelhas que vestia e parou nas pantufas que havia lhe dado de presente. Ele ainda as usava. Olhou os cabelos negros, tão bonitos, bagunçados e sua mente lhe deu vários momentos em que suas mãos passeavam por entre os fios e ele ouvia o resmungo satisfeito do outro.

Olhou sua pele bronzeada e suas clavículas a mostra. Lembrou-se de muitos momentos em que pôde passear por ali, aventurar-se. Parou aos lábios rosados e rachados, onde muitas vezes o repreendia por puxar a pelinha e machucar. Lembrou-se quando podia o beijar, amar. Quando ele pedia por atenção e lhe roubava um beijo. Gostava de o amar, sentir.

— Estamos conectados não é?

— Não sei do que está falando jaemin. — Rude.

— Você sabe. O relógio bate 2 da manhã. Nós dormimos e todos aqueles momentos bobos passam novamente, eu também vejo jeno.

— Você os considera bobos? E não, você está ficando maluco.

— Eu não quis dizer nesse sentido, eles também são especiais para mim. E não tente mentir, eu vi seus olhos quando cheguei aqui.

— Não há nada. — Prove para si mesmo então. Nem mesmo você acredita nisso.

Caminhando raivoso, ele queria entender por que aquilo lhe dava tanto medo.

— O que está fazen- — Cale a boca Lee.

E estava devidamente calado. Não gostava da pele na pele, mas com ele era tudo diferente. Seus lábios quentes tocando os seus que pareciam tão frios e mórbidos.

Saudade, o sentimento melancólico estava ali. Não gostava da saudade, mas não era uma boa ideia deixar de senti-la. Era impossível deixar. Ele o fazia sentir tudo o que mais odiava,mas não conseguia o odiar.

Seus olhos queimavam e ele não tinha como escapar. O avermelhado novamente tomando conta de sua íris cor mel e deixando tudo em si formigar. Ele também voltava quando o relógio batia. Estavam todos os dias juntos.

Quando o aperto em seus lábios cessou e jaemin olhou em seus olhos, não havia como inventar uma história de última hora.

O vermelho dos seus olhos, combinavam perfeitamente com o dourado dos olhos de jaemin.

— Estamos sim conectados.