Capítulo 02

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Sai de casa e andei rapidamente para o carro que Helena irmã de Cláudia, tinha acabado de ganhar de aniversário.

— Olá meninas — falei entrando.

— Oie — disse as duas quase em coro.

— Fico feliz que você vai para uma festa — comentou Helena e eu gargalhei.

— Para tudo se tem uma primeira vez — comentei quase que reclamando. Cláudia me olhou.

— Que roupa é essa? — questionou.

— Eu quero ser invisível, passar despercebida e não ser lembrada por ninguém — expliquei meu plano.

— Desse jeito você vai chamar atenção — comentou Cláudia rindo.

— Você está elegante demais para o ambiente — explicou Helena.

— Será? — perguntei começando a me preocupar com o lugar que eu estava me metendo.

A casa dos Gomes era perto e longe ao mesmo tempo, no caso, só vamos de carro, porque de qualquer modo Cláudia iria vir de carro, já que apesar dela ser amiga do pessoal do condomínio, não mora aqui, a única coisa que tem em comum com os adolescentes daqui é o Colégio que estudamos.

Cláudia sem nem se despedir saiu correndo do carro, ela está muito animada com essa festa e com toda certeza eu só espero que não tenha sido a minha pior escolha ter vindo.

— Tchau Helena — me despedi antes de sair do carro.

— Passo para pegar vocês às duas — avisou como se eu fosse a mais responsável da dupla e na verdade eu era mesmo.

— Meu pai disse... — Tentei dizer, mas Cláudia me interrompeu.

— Vamos entrar logo! — Eu suspirei.

— Vamos — falei desistindo de dizer qualquer coisa. E entramos.

Aquele ambiente não me pertencia, eu não pertencia a aquele ambiente. Era a pior escolha da minha vida, mas ao mesmo tempo cheguei à conclusão de que era a melhor. De qualquer forma, eu podia me virar e ir embora a qualquer momento, mas eu escolhi entrar e não importa se foi a melhor ou pior escolha, o que importa é que eu escolhi e toda escolha tem uma consequência.

Eu estava perto o suficiente de Cláudia para senti-la gelar e provavelmente seu coração disparou. Eu encarava Caio, ele não me dava medo e nem me fazia sentir qualquer tipo de atração, mas ele na maioria das vezes era meu amigo e por isso seu sorriso para mim foi mais amigável.

—Oi Cristal — ele disse quando estávamos perto o suficiente.

— Oi — falei.

— Qual shampoo você usou hoje? — perguntou. Eu ri.

— O mesmo de ontem — respondi.

— Da Silver?

— Exatamente — concordei sorrindo.

Sempre conversávamos sobre shampoo e sobre qualquer outra coisa, eu não tinha problema em ficar com ele sozinha na escada do colégio, encontrar com ele no corredor ou até mesmo receber mensagens em qualquer rede social. Porque ele era Caio e eu era Cristal e ele sabia que nunca me faria sentir qualquer sentimento além da amizade, ele sabia que seu jeito galanteador não fazia meu coração acelerar e que seus músculos não me impressionavam.

O olhar dele e expressão mudou no mesmo instante que olhou para Cláudia.

— Oi gata — ele disse com um sorriso galanteador e deu um beijo no canto da boca de Cláudia.

— Oi — ela disse nervosa.

— Venha vamos dar uma volta. — Ele a puxou pela cintura.

Seu jeito imponente sempre faz as meninas caírem nos seus encantos, mas ele me lembrava muito a maioria dos amigos polícias de meu pai, eu estava tão acostumada com homens mandões e com músculos que talvez por isso eu o enxergasse apenas como mais um em meio a multidão.

Caio é bem o estilo que pega as líderes de torcida, só que talvez ele seja um pouco mais inteligente, pois conquista garotas que nunca ficaram com outros. Não deve dar para contar nos dedos o tanto de garotas que perderam a virgindade com Caio. Cláudia talvez seja mais uma delas. Suspirei enquanto eles se afastavam. Ótimo, eu em uma festa e sozinha. Decidi procurar um canto para ler meu romance clichê em paz.

Na cozinha, por incrível que pareça tinha uma caixa com vários salgados. Peguei um copo e coloquei várias coxinhas. Os convidados só estavam interessados em beber então provavelmente eu seria a única que comeria aqueles salgados. Continuei minha busca pelo lugar calmo, pois se tinha uma coisa que eu queria fazer era ler o meu livro e claro, comer as coxinhas.

Fui para o andar de cima e torci para ter algum quarto vazio. Tentei abrir duas portas e elas estavam trancadas.

— Droga — falei, acho que os donos da casa são mais inteligentes que eu pensava, ou talvez já tivessem adolescentes cheios de hormônios usando o lugar.

Quando fui abrir a terceira porta vi que havia um garoto no final do corredor abrindo uma porta. Era Victor Gomes, o dono da festa, ele entrou no quarto sem me ver. Tentei abrir mais algumas portas e as opções acabaram. A minha última tentativa: A porta onde Victor entrou. Será que ele estava bêbado? Será que ele estava com alguém lá dentro? Decidi arriscar.

Eu não era acostumada a arriscar, não fazia nada que não tivesse certeza que fosse a decisão correta e que não me colocaria em perigo, mas nesse momento eu me arrisquei.

Abri a porta bem devagar e sem fazer barulho algum. Entrei e percorri o quarto com o olhar. O quarto totalmente planejado, tinha uma cama de casal enorme no centro e uma sacada linda.

Achei o garoto. Ele estava sentado na grade da sacada. Meu coração disparou, o que ele estava fazendo lá? Onde eu tinha me metido? Que fim essa história teria? A atitude mais sensata para não se meter em confusão era simplesmente ir embora, mas isso não era gentil, porque eu sabia que ele poderia viver muito mais tempo se não fizesse nenhuma besteira. E ele era Victor Gomes e importava para mim, mesmo que não devesse importar e mesmo que não tivesse motivos, ele importava. Eu não podia deixar ele lá, sua casa era no alto de um morro e seu fundo era para um abismo, a queda seria fatal. Eu sabia que por ela ser alta, teria mais perigo ainda. Fui me aproximando.

— Acho que se o dono da festa se matar, não vai ser uma coisa muito legal — falei com leveza.

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Meu Crush é um Zé DroguinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora