sixteen

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"Você me ensinou a coragem das estrelas antes de partir
Como a luz continua eternamente, mesmo após a morte

Com falta de ar, você explicou o infinito
Quão raro e belo é apenas o fato de existirmos"

Estacionei o carro em frente ao café que Katrina havia indicado e desci rapidamente, sua ligação havia me deixado preocupada

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Estacionei o carro em frente ao café que Katrina havia indicado e desci rapidamente, sua ligação havia me deixado preocupada.

Katrina nunca me faria sair do trabalho antes do horário, e ainda me deixar nervosa sem um bom motivo, certo?

Espero que sim.

–– Oi eu tô aqui. Cadê você? –– perguntei, quando ela me atendeu.

–– Olhe para a esquerda, a última mesa. –– assim que a vi, passei por entre as pessoas que buscavam uma mesa para sentar e garçons apressados com os pedidos dos clientes e fui me juntar a ela.

–– O que aconteceu? –– questionei, sua expressão estava perturbada e seus olhos denunciavam uma tristeza preocupante.

–– Você lembra do Anthony, não lembra? –– Katrina fazia trabalho voluntário em um abrigo aqui em Londres até o início desse ano, mas precisou se afastar devido ao seu trabalho que ocupava boa parte do seu dia, não dando espaço para outras atividades tão longas.

Eu sabia exatamente quem era Anthony, e vendo seu estado atual, eu sabia muito bem o que tinha acontecido; puxei minha cadeira e sentei ao seu lado a abraçando forte enquanto ela chorava baixinho em meu ombro.

–– Ele era apenas uma criança, Emma. Não deveria ser assim. –– Anthony e Katrina tinham uma amizade incrível, criaram laços fortes e resistentes, que só a sua doença poderia partir.

E foi exatamente isso que aconteceu.

–– Nós não nascemos apenas para morrer quando chega nossa hora, nascemos com um propósito. Nós só vamos embora desse mundo quando cumprimos nosso dever, e as vezes isso acontece rápido. Ele era um anjo, não era? –– ela sorriu e assentiu –– A morada dos anjos é no céu, você não deveria ficar triste por ele ter voltado pra casa.

–– Eu iria adotá-lo. –– abri a boca para responder, mas não saiu nada. – Eu queria tanto tê-lo comigo, Emmy.

–– Ele está com você, está no seu coração pra sempre. Ninguém pode tirar isso de você. –– sussurrei depois de minutos em silêncio, desejando ter algo mais a dizer. Mesmo sabendo que palavra alguma jamais poderá fechar o buraco em seu peito.

–– Preciso que fique comigo o resto do dia e faça seu papel de melhor amiga me mimando até que eu fique menos mal. –– sorri com suas palavras, depositando beijos por toda a extensão do seu rosto enquanto ela ria.

–– Je t'aime. –– ela sorriu, e com os olhos brilhando devido as lágrimas, levantou-se para irmos embora.

Je t'aime aussi. – disse, antes de seguir em direção a saída comigo ao seu lado.

Essas eram uma das únicas palavras que tínhamos aprendido no curso de Francês, o qual frequentamos por apenas alguns dias e abandonamos logo após; o professor era um saco.

* * *

–– Emma? –– eram quase oito horas da noite, chovia lá fora e aqui dentro também. Depois de assistir diversos filmes, a maioria deles comédia, Katrina se rendeu ao choro mais uma vez e encontrava dificuldade em conter as lágrimas.

–– Estou ouvindo.

–– Você não me contou mais nada sobre o Noah. –– sussurrou, fazendo círculos sobre a parte descoberta da minha perna.

–– O que você quer saber? –– questionei, igualmente em um sussurro, como se estivéssemos partilhando de um segredo.

–– Tudo que estiver disposta a contar.

Bom, minhas saídas a noite para a casa de Arthur eram para falar exatamente sobre isso, antes que me questione. –– comecei, mas ela não me deu espaço para prosseguir assim que levantou-se rapidamente, me assustando.

–– Achei que eu fosse sua melhor amiga, Emma! –– ela parecia levemente ofendida, mas talvez não estivesse.

–– Eu precisava de uma terceira opinião, precisava de alguém que tivesse outro ponto de vista sobre esta história. Entende? –– sua expressão denunciava seu total entendimento sobre os meus motivos, mas talvez ela fosse teimosa demais para admitir.

–– Você vai escapar hoje, mas depois terá que me dar explicações melhores que esta. Pode continuar, Emmy. –– disse e voltou a deitar-se sobre a almofada posicionada entre as minhas pernas.

–– Enfim, depois de conseguir controlar o turbilhão de sentimentos opostos dentro de mim, eu fui até a casa dele esses dias. Eu acho que estava com saudades, então fui vê-lo. Conversamos por pouco tempo, depois você me mandou mensagem e eu fui embora. E, que dia é hoje mesmo? –– indaguei e ela pegou o celular para checar.

–– Sexta, por quê?

–– Ele me chamou pra sair no fim de semana! –– sabe aqueles momentos da vida em que você só deseja ser um pouquinho surda? Por pouco tempo, só pra poupar seus tímpanos de surtos como o de Katrina. Esse era o meu momento.

–– Meu Deus, Emma! Você vai, não vai? –– mesmo que a minha resposta fosse não, eu sentia que ela e sua animação me convenceriam do contrário.

–– Não sei, não decidi ainda.

–– Acha que consegue? –– questionou, ficando séria.

–– Tô otimista, sabe? Acho que a gente vai conseguir ser amigo outra vez, pelo menos eu vou tentar.

–– Era isso que eu precisava ouvir! Vem, vamos escolher um vestido lindo pra você. –– ela voltou a sorrir, tentando me animar.

Mas era o tipo de sorriso que não chegava aos olhos, e isso doeu em mim também.


* * *

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