Eram seis e meia da manhã, e eu sabia que nesse horário Arthur saía para correr, ou voltava.
Assim que ele chegou em casa, contei impacientemente dez minutos que julguei serem necessários para tomar banho e bati na sua porta. Ele demorou a atender, e eu soube naquele momento que ele demorava mais que dez minutos para tomar um banho.
Ele atendeu a porta, apressado. Os cabelos bagunçados e molhados, usava jeans escuros e uma camisa de mangas com metade dos botões abertos devido a pressa em vir abrir a porta.
–– Oi, a gente pode conversar?
–– Emma? Oi, eu tô um pouco atrasado agora. Não vai dar, desculpa. –– abri a boca para protestar, mas me contive.
O mundo não gira em torno de você.
–– Ah, claro. Desculpe, eu volto depois.
Ele assentiu e fechou a porta, não me deu sequer bom dia ou tchau, ele só fechou a porta na minha cara!
Voltei pra casa, absurdamente indignada.
–– Então, como foi? –– Katrina perguntou, terminando de tomar café.
–– Ele fechou a porta na minha cara. –– sua expressão incrédula me fez querer chorar de ódio.
Ele jamais faria isso sem bons motivos, e eu sei exatamente o que o deixou tão irritado.
–– Não fica assim, pensa que você não teve culpa e vai poder explicar isso pra ele depois. –– resmunguei e busquei minha bolsa, pronta para sair.
–– Te amo, beijo. –– me despedi
–– Emma, posso te dar um conselho? –– estava segurando meu braço, me impedindo de prosseguir.
–– Claro.
–– Antes de falar com ele e tomar qualquer decisão, se resolva com você mesma. Não pode ficar patinando em ambas as pistas, não é justo brincar com o coração deles nem com o seu.
Ela sorriu e me deu um beijo na testa, soltando meu braço e me encorajando a ir trabalhar.
Mecanicamente, abri a porta e saí.
No caminho para a editora, penso no quão certa minha amiga está. Eu estou uma bagunça, absurdamente indecisa e apenas tomando decisões no calor do momento.
Eu nunca fui assim.
Estava certa de que não iria me envolver com Arthur e cá estou eu, também estava certa de que se Noah aparecesse na minha frente eu o mataria com 120 tiros antes que ele abrisse a boca; mas nada disso aconteceu.
Eu precisava agir como adulta, certo?
Cheguei na editora minutos depois e tudo estava uma bagunça. Estavam todos agitados e correndo de um lado para o outro, tentei encontrar Becky para saber o que aconteceu mas não a vi.
–– Emma! –– Jake me chamou, estava vindo em minha direção apressado. –– Reunião de emergência agora.
–– O que aconteceu? –– questionei, mas ele apenas acenou e correu para chamar os outros que também estavam chegando.
Peguei minhas coisas e fui para a sala de reuniões, algumas pessoas já estavam acomodadas em seus respectivos assentos e outros como eu estavam chegando agora.
Depois de todos estarem na sala, e meu chefe se posicionar à frente, demos início a reunião.
–– Imagino que alguns aqui ainda não saibam, mas hoje cedo mais ou menos às 03h50 da manhã Anastácia Tate se suicidou. –– um grande grupo de pessoas começou a murmurar e fazer perguntas, eu apenas me recostei na cadeira chocada demais para emitir qualquer som. Busquei por Becky na mesa, mas seu olhar evidenciava que ela já sabia do acontecido. –– Preciso de uma cobertura completa sobre o caso, quero todos aqui empenhados em descobrir tudo sobre o assunto, ok?
–– Quer que eu despache alguns para a casa dela, chefe? –– Jake se manifestou, atraindo atenção de todos na mesa.
–– Sim, preciso de pelo menos quatro jornalistas na área. Tirem fotos e tentem entrevistar o máximo de pessoas, estão dispensados.
Aos poucos, quem não foi recrutado para cobrir o caso, foi saindo da sala e voltando para suas cadeiras.
Becky apareceu minutos depois, apressada.–– Me deseje boa sorte, odeio falar sobre gente morta.
–– Toda a sorte do mundo, você vai precisar. –– ela sorriu e me mandou um beijo no ar enquanto se afastava.
[...]
Agradeci a Deus assim que pus os pés em casa, não aguentava mais ficar sentada em frente a uma tela de computador lendo sobre Brian ou fazendo ligações para obter informações ou uma rápida entrevista com qualquer pessoa que pudesse me dar mais sobre o caso.
Katrina havia me avisado que sairia do trabalho direto para a casa de Oliver, ela está tão radiante.
É um relacionamento saudável, eles se dão super bem e eu estou feliz por ela. Oliver é um cara legal.
Tomei banho, preparando meu psicológico para ir até a Arthur.
Nós precisamos conversar e eu espero que ele não tenha nenhuma desculpa para mim agora, eu ficaria extremamente decepcionada.Me vesti, bebi dois copos e meio de água e pensei em comer alguma coisa antes de ir até lá; mas eu sabia que isso só serviria para me fazer perder a coragem.
Mordi o lábio inferior, e considerei voltar pra minha casa e me proteger na minha enorme bolha com a ilusão de que tudo está bem, mas a ideia foi recusada pelo meu coração.
Bati na porta, sentindo o coração agredir meu peito com batidas excessivamente rápidas e doloridas.
Queria acreditar que ele só havia dito aquilo pela manhã porque estava realmente atrasado e não porquê não queria me ver de forma alguma.Ele apareceu na porta segundos depois, sorrindo. Não exatamente por minha causa, mas era sempre um privilégio vê-lo sorrir por qualquer motivo.
–– Oi, de novo. Será que a gente pode conversar agora? –– seu sorriso vacilou e eu me preparei para ser mandada embora sutilmente outra vez.
–– Emma... –– sua voz foi abafada pelo som de algo quebrando dentro do apartamento, olhamos para dentro ao mesmo tempo e a figura de uma mulher se materializou atrás dele.
–– Não foi nada! Só um prato que escorregou da minha mão, desculpe. –– ela sorriu e acenou para nós dois, voltando para a cozinha.
–– Não é uma boa hora? –– questionei e ele apenas baixou os olhos. –– Sem problemas, quando cansar de me evitar avisa, ok?
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Gente, postei um conto em parceria com minha amiga que, modéstia a parte, tá mt bom!!
tá disponível no perfil m00ntulip, se vcs quiserem dar uma olhada. Se chama "A Lenda de Áurea", espero que gostem <3Instagram: @htulipsz
twitter: @htulipszz
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BROKEN
Romance[concluída] quando um amor preenche todas as lacunas da sua vida, avassala de tão forte, sufoca de tão maciço; um erro pode desestabilizar até a construção mais segura. e quando isso parte de alguém tão importante, pode causar um dano irreversível...